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| A medalha JK65 entrou para a história que não aconteceu. Reprodução de uma peça da memorabilia do Panis |
por José Esmeraldo Gonçalves
Zé das Medalhas era um personagem da Copacabana dos anos 1960. Uma celebridade popular ao lado de tantos escritores, cineastas, cantores e jogadores de futebol que moravam no bairro. Zé das Medalhas trabalhava em uma farmácia no Leme. Usava sempre um colete espetado com dezenas de medalhas. É possível que Adolpho Bloch, que morava em Copacabana, e costumava andar na Avenida Atlântica com o amigo Juscelino Kubitschek, tenha cruzado com o Zé em algum momento. Ou talvez não, e jamais os dois souberam que tinham algo em comum. Um carregava suas medalhas no peito, o outro costumava estampar medalhas e moedas comemorativas anexadas às edições da antiga Manchete.
Uma dessas medalhas em homenagem a João Paulo II, que visitava o Brasil em 1980, foi colada nas capas de números especiais que venderam milhões de exemplares. Além disso, Adolpho recrutou voluntários para vender a medalha do papa em esquinas movimentadas do centro do Rio de Janeiro. O carisma de João Paulo II incendiou as ruas e fez tilintar moedas no cofrinho do Bloch.
Outra insígnia lembrada, esta oferecida ao leitores da Manchete Esportiva, festejou os Jogos Olímpicos.
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| A marca Bloch estampou várias medalhas e moedas. |
A moeda JK 65 virou história que não aconteceu e foi atropelada pela ditadura militar de 1964. Depois de deixar a Presidência, Juscelino foi eleito senador. A ideia era permanecer na cena política enquanto trabalhava a volta ao Planalto nas eleições de 1965. A moeda era inicialmente uma peça de campanha. Mediante uma quantia, de preferência alentada, o doador ganhava o suvenir.
JK havia sido vítima de uma tentativa de golpe militar após ser eleito em 1955, foi salvo pelo marechal Lott que desarmou a conspiração dos quartéis e garantiu sua posse. Conhecia o veneno e mesmo assim cometeu um erro fatal: aproximou-se dos militares no período anterior à queda de João Goulart e apoiou o golpe de 1964. Acreditava que os milicos fariam um pit stop no poder e manteriam as eleições presidenciais de 1965. JK nem desconfiou da ditadura pré-instalada quando votou para presidente, no Congresso, na palhaçada eleitoral que "elegeu" Castelo Branco. Com o enterro da liberdade, o militar tomou posse com a caneta carregada para formular listas de cassações, prisões, sequestros, perseguições e os Atos Institucionais autoritários.
JK deve ter tomado um susto: seu nome logo figurou entre os cassados e banidos.
O resto a história conta. Foram 21 anos de trevas, torturas, assassinatos, milhares de brasileiros no exílio, censura, corrupção e concentração brutal de renda. Restou gravada na moeda JK85 a mensagem da "Pelo Brasil recomeçarias mil vezes". No verso, em torno da imagem de um trator, o registro "Contribuí para a campanha JK65", seguido da promessa "Quinquênio da agricultura"simbolizada pela imagem de um trator. Trator ou tanque ou foi o que passou por cima da democracia





Quem fez muito sucesso e defendeu um "troco forte", com essa história da revista especial do Papa, lá na basílica de Aparecida, foi o " charuto" , sim, aquele arte finalista da revista Desfile, cara de pau que só, que toda 2° feira contava uma tragédia que lhe acontecia para arrancar um "vale" do velho Adolpho ou do Dr. Murilo. Pois bem, lá chegando, e aqui me incluo como testemunha ocular, saímos pelas ruas vendendo a revista , o que fizemos em poucas horas. E, para nossa surpresa , lá estava o trepidante charuto, após esgotar sua cota, gritando a plenos pulmões a venda das medalhas do Papa que ele arrancara dos exemplares e as vendeu separadas, embolsando o dinheiro que dizia, como bom malandro, ter "caído do céu".
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