Júris em programas de TV eram coisa dos anos 1960. Depois caíram em desgaste mas não em desuso. Atualmente, Luciano Huck, Marcos Mion, SBT etc ainda usam a velha fórmula. Silvio Santos foi um notório condutor de jurados, Flávio Cavalcante e Chacrinha também consagraram bancadas de julgadores.
Não se esperava que o jornalismo fosse buscar no passado um corpo de jurados para liofilizar e deturpar as notícias. A diferença é que em emissoras como a GloboNews, CNN Brasil e Jovem Pan a nova bancada de jurados não se apresenta em programas fixos de auditório. Os juízes perpassam a grade dia e noite julgando as notícias, que geralmente interpretam aos seus modos, nem sempre comprometidos com os fatos. Especulam, parecem se orgulhar da capacidade de prever os fatos. Gostam de pregar o caos também. Não importa se acertam o futuro ou não. Quando as interpretacões não se confirmarem eles já estarão fazendo outras adivinhações para um público esquecido.
Os novos jurados acham que o povo é imbecil. Eles não, são seres multipropósito que "contextualizam", adoram usar essa palavra, desde o caso Ana Hickmann à guerra no Oriente Médio, a mulher que quebrou janela de ônibus para salvar seu bebê. O que vier eles tracam. São capazes de falar durante horas sobre qualquer coisa que viralize nas redes sociais. São meio messiânicos. Estão convictos que prestam serviço de auto-ajuda jornalística a quem não está entendendo porra nenhuma de nada. Não há jornalismo investigativo nesses canais. Eles sabem disso, aparentemente. Uma prova é que diante da repercussão de um furo da concorrência pegam carona no trabalho de campo de um repórter a bordo de um artifício. A âncora, qualquer uma delas, diz, malandramente, algo assim "a Folha publicou e eu confirmei o seguinte...".
Imaginem um repórter do New York Times dizendo uma babaquice dessas a propósito do furo da dupla Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post, que cobriu o famoso Caso Watergate. "O Washington Post revelou e o New York Times confirmou que Nixon... Seria um vexame, concordam?
Outra intervenção dos novos jurados é a corrida para mostrar à direção que eles também apuram. O que mais se ouve é "fiz uma apuração agora com a Polícia Federal e soube que... Nisso, admita-se, eles são bons. Geralmente a apuração que fazem é um exemplo do jornalismo mais barato, o jornalismo declaratório. Uma espécie de prostituição da notícia sempre apurada nas assessorias de imprensa que não praticam jornalismo mas apenas divulgam o que lhes interessa. E o júri acredita. Alguns abusam tanto do jornalismo declaratório que até parecem porta-vozes das instituições onde fazem "apuração".
Para usar outra expressão que eles usam com frequência: não é possível confirmar com fontes independentes o que dizem as bancadas de jurados dos canais de notícias.
Um comentário:
Parece aula da
Quinta série reforço
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