quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Dirley Fernandes: uma triste notícia

Dirley Fernandes (1968-2023). Foto:Reprodução Twitter

por José Esmeraldo Gonçalves 

16 de fevereiro, Dia Nacional do Repórter. Mas, hoje, é o dia de um repórter especial: Dirley Fernandes, que nos deixou sem aviso prévio, aos 54 anos. 

Com mais de 30 anos de profissão, Dirley passou por vários veículos, como é comum na nossa profissão. Trabalhou em O Dia, Extra, Jornal do Brasil, Jornal do Commércio, Revista História Viva, Seleções do Readers Digest e nas revistas Conhecer, Manchete e Caras. Foi editor em algumas dessas publicações.

Em cada uma experiência qualificou-se como um profissional de reconhecida competência. 

Quando o jornalismo impresso tradicional entrou em crise, Dirley se reinventou - a palavra hoje gasta nem era tão usual - e se tornou produtor de conteúdo, editou livros, revistas corporativas, administrou sites, redes sociais de empresas e dirigiu um documentário - "Devotos da Cachaça" - como parte de um projeto voltado para o setor, que incluiu revistas, livros e palestras. Com o filme, ele  mostrou a "profunda relação da cachaça com a alma brasileira, a bebida nacional na música, na literatura e nas artes plásticas". Falava com paixão sobre o assunto do qual era um expert.  Com certeza, em contato com muitos produtores, contribuiu para a evolução e aprimoramento desse mercado.  

2020: Dirley, José Esmeraldo, Mauro Trindade, Jussara Razzé, Alex Ferro e David Junior: chope no Estação Largo do Machado para comemorar lançamento de uma revista. Foto de Gabriel Nascimento 

Trabalhei com Dirley na Caras em 1996. Ele colaborou com a revista durante quase um ano antes de ser chamado pela Manchete, mas a foto acima está relacionada a um projeto que surgiu em plena pandemia. O amigo David Ghivelder apresentou à Tupi a ideia de lançar uma revista com a cobertura do carnaval de 2020, com escolas de samba e blocos do Rio de Janeiro. A publicação também comemoraria os 85 anos da rádio. Creio que David procurou uma equipe com o DNA carnavalesco da Manchete e foi isso que nos reuniu. Eu, Dirley, Mauro Trindade, David Júnior, Alex Ferro, Jussara Razzé e o Sidney Ferreira, o editor de Arte que não está no registro feito no Estação Largo do Machado pelo fotógrafo Gabriel Naacimento e que trabalhou com o Dirley em muitas revistas e livros nos últimos anos.  

Na ocasião da foto, no Estação, comemorávamos o lançamento da edição Carnaval Total. A revista acabou se desdobrando em mais duas edições ao longo do ano. Uma sobre os comunicadores da Tupi e outra, um número especial de Natal e Ano Novo. Para essas edições extras, Roberto Muggiati, Tania Athayde e Daniele Maia se incorporaram à equipe. Foi um trabalho bem realizado, não sem dificuldades, mas com o mérito de nos reunir. Em 2021, o grupo se reencontrou para um chope no Baródromo, na Tijuca. Foi a última vez que eu e Jussara vimos o Dirley, que depois se transferiu para São Paulo, com a sua querida Anna. 

No fim do ano passado nos falamos rapidamente por telefone. Ele estava animado com as perspectivas que São Paulo oferecia. Ontem, Tania Athayde nos deu a notícia. Dirley fora vítima de um acidente e estava hospitalizado em estado grave. Não havia esperanças e o triste desfecho se confirmou. Inacreditável. Tinha muito a viver. Ficamos com a tristeza e as lembranças do seu humor, inteligência, a facilidade de fazer amigos, o bom papo e deixamos aqui nosso abraço à família.      


4 comentários:

J.A.Barros disse...

Dirley Fernandes, eu concheci-o. Era jovem, brilhante e incançável trabalhador. Quase poeta, mas nas palavras de seus textos, a sua cultura, o seu conhecimento se fazia presente. Trabalhei com Dirley Fernandes, na Redação da Manchete, e depois em frilas,e em outras Redações trabalhamos. Algumas Revistas lançamos no mercado. A Manchete deixou de existir, mas outras revistas precisavam existir e nelas trabalhamos e elas criamos e sem Dirley Fernandes as Editando, duvido até hoje que iriam para as Bancas de Jornais. Me aposentei , mas Dirley Fernandes, jovem. continuou a sua saga de Redator e Editor. A sua história marcou no mundo jornalístico e ficou reconhecida para sempre. Mas, de repente esse redator foi chamado para uma loginqua Redação. e para ela partiu, aceitando mais um desafio, para nessa deconhecida Redação, onde o seu talento será reconhecido e o Grande Chefe dessa longingua Redação,logo o promoverá a Editor Chefe, por demais merecido. Dirley Fernandes, o eterno redator, o eterno questionador o eterno amigo.

Rodrigues disse...

Eu o conheci no Dia. Grande companheiro. Que pena!

Nogueira disse...

O reconhecimento da cachaça como elemento cultural brasileiro e isso se reflete na ouhanct econômica do setor que deve muito ao jornalista Dirley Fernandes.

Eduardo Lamas Neiva disse...

Estou chocado. Estamos, eu e minha mulher. Um grande cara, um grande jornalista, um amigo antes mesmo de me conhecer direito, e 2006, no Jornal do Brasil. Moramos no Grajaú e nos encontramos no bairro carioca algumas vezes, a última em 2019, pouco antrs de me mudar pra Florianópolis. A convite dele escrevi sobre a Copa de 82 pra Revista História Viva especial publicada às vésperas da Copa de 2014.Só soube hoje pelo jornalista Webber Lopes. Estamos muito tristes.