Há poucos dias, o empresário Emílio Odebrecht revelou que o esquema investigado pela Lava Jato existe há mais de 30 anos e criticou a falsa surpresa da mídia, o espanto e os olhos revirados, os uis e ais da rapaziada diante das delações premiadas.
Claro que a corrupção existir - e na maioria das vezes permanecer impune - não é jurisprudência para o conluio entre empresários, políticos e funcionários públicos ou de estatais continuar existindo na maré mansa de sempre.
Nem deve servir de álibi para a hipocrisia.
A grande mídia, a torcida do Corinthians, a Av. Paulista, a cracolândia, a Esplanada dos Ministérios, os palácios, as mansões e as favelas já veem esse filme - e a mídia o viu bem de perto - há muitas temporadas. O que mudou foi o filtro político que desobstruiu visores, clareou interesses e deu a receita para a troca de poder.
Muitos exaltam, além do fator político, a instituição da delação premiada como a arma que alvejou os esquemas. Delatores, para uma parcela da opinião pública, se transformaram em uma espécie de heróis.
São os caras que fazem diferença, podem até ser lembrados para um desses prêmios corporativos de "Homem do Ano", ou de "Gente como a Gente".
Os citados nas delações vazadas costumam se defender alegando que aguardam as provas que, supõem-se, virão em seguida. Em todo caso, os caguetas são, no momento e, talvez, por anos, os protagonistas do Brasil. Mas não pense que todos os delatores são iguais. Nada disso. Mesmo entre eles há categorias e graduações: dependendo do alvo, são valorizados ou desqualificados. E alguns dos delatados nem são citados pela mídia ou conduzidos à presença das autoridades como se um algoritmo apagasse os fulanos dos textos, títulos e ordens de apreensão.
Como define a figura jurídica, delatores premiados recebem prêmios. Confessam crimes, mas ao darem ums de X-9s voltam em pouco tempo para suas mansões, casas de campo ou apartamentos de luxo, cumprem pena domiciliar e, em alguns casos, até recebem um percentual dos caraminguás localizados e recolhidos a partir das suas informações.
Compensa. Quem não quer? E, como celebridades, ainda podem faturar algum escrevendo livros, inspirando o novo cinema brasileiro, fazendo presença vip em eventos, dando palestras sobre compliance nas empresas.
Não é à toa que a fila de delatores pode, no final das contas, ficar maior do que a dos efetivamente presos.
Guardadas as distâncias, o argumento do colunista aí no recorte é semelhante aos dos militares nos tempos da ditadura. Naquela época, os linha-dura também afirmavam que sem tortura não teriam desmantelado as organizações que lutavam contra o regime.
Queiram ou não, a delação premiada giratória é uma instituição que ganha solidez. Não demora muito eles terão uma representação nacional para defender seus direitos, reivindicar mais prêmios, pedir pensão vitalícia, regulamentação da profissão, algo assim como uma FIESD (Federação dos Informantes Eméritos e dos Sacro Delatores).
Se, no balanço final, a caguetagem elevada a uma espécie de Quinto Poder da sociedade vai ajudar a fazer mais justiça do que vítimas, só as provas e o futuro dirão.
6 comentários:
Não se pode combater a corrupção fragilizando direitos como a presunção da inocência. Isso pode se voltar contra todos os cidadãos. Chico Buarque sempre lúcido acaba de criticar o endeusamento de delatores. É pena que Zuenir entregue sua biografia aos golpistas e só veja um lado da questão.
Concordo com o colunista que falou isso dos delatores. Secarreprnderam são salvadores do Brasil. Quem crítica apóia a corrupção. O colunista está certo, sem eles não haveria lava jato, pau nos comunistas. E salve Jesus!
Desde Cristo, a traição de Judas Escariostes – o delator está de uma certa maneira relacionado com o traidor – e assassinos desde a criação do homem. Caim não matou Abel? – existe a presença do delator. Concordo com Zuenir Ventura, sem a presença do delator não sobreviveria a "LavaJato". Ora, a natureza do delator não é a mesma do deliquente comum. Geralmente os delatores são pessoas de alto nível social que ocupam espaços de prestígio na sociedade em que vivem. Acostumados ao conforto e as mordomias que se lhe oferecem no seu ambiente de trabalho e as vantagens peculiares e financeiras que lhe são dadas contrastam violentamente com prisão que são condenados pelos atos ilícitos cometidos contra a lei a e a sociedade e logo diante de vantagens e redução das penas contra ele que lhe são oferecidas em troca da entrega e confissão dos crimes cometidos logo o delator abre a boca entregando tudo e todos. E esse processo de delação não tem fim porque uma delação vai puxando uma outra e uma outra e em cascata os crimes contra o patrimônio vão se revelando e de repente um cenário de corrupção e destruição moral se abre levando ao espanto toda uma nação, como o que está ocorrendo neste país. Vamos aguardar porque este teatro ainda não acabou, apesar das tentativas dos políticos em geral de acabar com este processo investigativo do comportamento moral e lícito do homem político no Brasil,
Qual é a novidade da imprensa ter seus interesses economicos e políticos, o que dá no mesmo, publicar uma notícias e esconder outras. Tem que ser otário pra acreditar em jornalismo imparcial. Se liga.
Esses "caras"de colarinho branco, que se "locupletaram" com as propinas e se enriqueceram, sentiram na pele a dor de ser enquadrado e enjaulado. Aí, gente o bicho pegou. Acostumados com champanhe e caviar e vinhos "Conte Romani" se engagaçaram e abriram o bico, porque pimenta no c... dos outros é refresco. Se bem, como estamos no Brasil, o boato que corre é que o "digníssimo " Sérgio Cabral, mesmo preso em Bangu, em uma sela de 4x6, goza de privilégios de almoçar e jantar com pratos de restaurantes de 5 estrelas, de pagar a presos para limpar a sua sela e além dessas mordomias – isto é Brasil mesmo – passear de Toyota pelas praias do Rio de janeiro em dias que está de saco cheio. Gente, estamos no Brasil e sabemos que amanhã
– pode vir a a acontecer – todos esses presos de colarinho branco sejam soltos e indenizados pelo tempo em que estiveram em cana, além de outras recompensas. Tudo e todos se compra neste país que Cabral – dizem alguns historiadores – descobriu por acaso, um acaso que deu isto porque estamos passando. "Não confiem em nenhum político brasileiro "e muito menos votem mais em Collors da vida. Mas, nós brasileiros, não temos muita vergonha na cara e amanhã vamos votar nos Renans Calheiros, nos Romeros Jucás, nos Temer, nos Aécios, nos FHC, nos Padilhas, nos Maias e assim vamos perpetuando essa casta de políticos brasileiros que tanto mal vem causando este infeliz Brasil. Pelé tinha razão.
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