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por José Esmeraldo Gonçalves
Nos anos 1960, especialmente, Manchete fez muitas reportagens ilustradas com imagens de grandes encontros. As turmas da Bossa Nova e MPB, do Cinema Novo, Jovem Guarda e Tropicalismo, cada uma na sua vez, se reuniram no estúdio da Manchete, primeiro na Rua Frei Caneca e, depois na sede da Rua do Russell, às vezes em São Paulo, como na foto acima, para cenas de jornalismo grupal que se eternizaram. Aí se destacam Nara Leão, Sidney Muller, Rita Lee, Arnaldo Baptosta e Sérgio Dias, do Mutantes, Marília Medalha, Edu Lobo (o vencedor daquela edição do Festival da TV Record, com Ponteio), Chico Buarque, Elis Regina, Roberto Carlos, Geraldo Vandré, Sérgio Ricardo, Beat Boys, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Toyo, do Beat Boys , Miltinho, Magro, Aquiles e Ruy Faria, do MBB4. Um importante detalhe ajudou o fotógrafo da Manchete, José Castro, a juntar tantos astros e estrelas para essa foto histórica: as revistas Manchete e Fatos e Fotos eram co-patricinadoras do festval de 1967.
O negativo original dessa foto, como não cansamos de repetir, está desaparecido, assim como milhões de cromos, ampliações e imagens em P&B que pertenceram ao arquivo da Bloch Editores leiloado em 2009, arrematado por um advogado, após três chamadas para leilões, o primeiro em 16 de abril de 2009. .Não se sabe o que foi feito de cerca de 12 milhões de imagens guardadas em 11.563 caixas de papelão e 103 armários de aço. O material avaliado em cerca de R$2 milhões acabou sendo vendido por R$ 300 mil. O custo para digitalizar as fotos - calculado na época em R$ 8 milhões - foi apontado como um dos fatores que afastaram possívei interessados. Ex-funcionários da Bloch tentaram em vão sensibilizar instituições culturais privadas e do governo federal para adquirirem e preservarem a valiosa memória fotográfica. Felizmente, a Biblioteca Nacional digitalizou e disponibiliza no seu site toda a coleção das revistas Manchete, Manchete Esportiva e Manchete Rural. Esse projeto infelizment foi interrompido no governo passado antes que a Fatos & Fotos, publicação que ganhou três Premios Esso de Fotografia, também fosse digitalizada.
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Filmando a própria entrada ao vivo. Este é o equipamento Kit Mojo que repórteres usarão na Globo em substituição ao cameraman. Foto Divulgação/Kit Mojo. |
Embora a prática já aconteça eventualmente, agora foi oficializada. Segundo o jornalista Paulo Capelli, do Metrópoles, repórteres da Globo em Brasília passarão a fazer suas entradas ao vivo com imagens geradas por eles mesmos via celular. É o jornalismo-selfie que dispensa o câmera. Os rapazes e moças da Globo carregarão um troço chamado Kit-Mojo (smartphone, luz, tripé e microfone wireless) para filmar suas entrevistas e matérias. Advogados já analisam se o acúmulo de funções sem a correspondente remuneração é legal. Existe a possibilidade de outras praças, como Rio e São Paulo, adotarem gradualmente a fórmula. repórter/câmera. No futuro, um executivo criativo vai instituir o repórter/câmera/motorista/motociclista/ciclista/pedestre etc. Pior: o repórter/aplicativo tipo iFood. O editor entra no site e pede um repórter/câmera, na prática um entregador de entrevistas. Pensando bem, repórteres também correm algum risco aos poucos: em alguns programas jornalísticos eles já estão perdendo espaço para comentaristas e analistas que, geralmente em tom solene, explicam obviedades para a plebe ignara.
P.S - No momento, o Grupo Globo está sob uma revoada de ferozes passaralhos. Uma onda de demissões varre todos os setores atingindo especialmente profissionais mais antigos e com a terceira idade em primeiro lugar. A própria Globo admite que o objetivo é renovar suas equipes. Tem gente até aprendendo gíria nova e pintando o cabelo para fugir do RH.
Não é razoável acreditar que a irresponsabilidade da conduta do apresentador e da emissora não produziriam resultados negativos à sua reputação e aos seus acordos comerciais.
Desde 2021, as denúncias públicas realizadas pelo Sleeping Giants levaram mais de 200 empresas a se dissociarem do apresentador e/ou da Rede TV! Anunciantes não desejam ter suas marcas associadas a uma figura conhecida por atacar a dignidade humana de diversos grupos.
Da mesma maneira, o Ministério Público e a Justiça brasileira têm cumprido o seu papel constitucional buscando a reparação dos danos que Sikera e Rede TV causaram aos direitos de milhões de brasileiros que foram vítimas dos discursos de ódio veiculados em rede nacional, em horário nobre, através de uma concessão pública. São ao menos três as Ações Civis Públicas enfrentadas pelo apresentador e pela emissora.
Agora, a Rede TV e Sikera Jr decidem encerrar as relações movidos, segundo a imprensa, pelo diagnóstico de que os anunciantes deixaram a emissora não apenas no horário de transmissão do Alerta Nacional, mas em toda a grade da Rede TV.
O papel da sociedade em exigir de empresas anunciantes uma conduta empresarial responsável foi um elemento central para os desdobramentos de hoje.
À Rede TV e aos veículos de mídia em geral fica a lição: o mundo mudou e com as novas tecnologias da informação a sociedade passou a gozar da capacidade de se mobilizar para denunciar comportamentos antiéticos da mídia.
Mudou também, por consequência, o comportamento de anunciantes que tem sido cobrados a exigirem, cada vez mais, um elevado padrão de responsabilidade com os Direitos Humanos dos espaços publicitários que ocupam. Essa tendência apenas começou e se intensificará nos próximos anos. Esse é o compromisso do Sleeping Giants Brasil.
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A matéria completa narra o caso e dá voz às verdadeiras vítimas, os entregadores agredidos e xingados pela nutricionista "professora" de escolinha de vôlei de praia. Para quem lê apenas o título - e não são poucos - ficou a impressão de que O Globo, ao usar a palavra "atacada", vitimizou a agressora racista. E foi com base nisso que as redes sociais ironizaram o título. Coitada, a mulher, que tem ficha policial alentada, ofendeu e chicoteou o entregador e a massa ignara a "ataca" na internet? Os entregadores que apanharam fizeram o certo, não reagiram e registraram o B. O. Se tivessem revidado a agressão a essa hora estariam puxando cadeia. Infelizmente a impunidade é a regra para casos de racismo. Caso seja indiciada, a nutricionista chicoteira será, no máximo, condenada, se o for, a penas divertidas do tipo distribuir umas bolas de vôlei na praia, entregar algumas cestas básicas em uma instituição. Aliás, a madame do chicote, apesar de mostrar muita saúde ao agredir os entregadores, descolou um atestado de doença para evitar depor na delegacia. Em breve poderá até voltar à sua escolinha de vôlei que é patrocinada pela Gatorade e apoiada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que suspendeu temporariamente a licença de funcionamento da quadra na Praia do Leblon. A Gatorade não rompeu o contrato oficialmente mas, por enquanto, divulgou a nota abaixo.
O governo Lula exonerou Gustavo Henrique Dutra de Menezes do Comando Militar do Planalto nesta terça. O general será o 5º Subchefe do Estado-Maior do Exército. Consequências da omissão na tentativa de golpe no 8/11.
Com o Flu campeão carioca depois de golear o Flamengo por 4x1 em breve haverá vaga para treinador na Gávea. Por enquanto fala-se em Jesus, Sampaoli e... Tite. Este último é o favorito das torcidas unidas contra o Flamengo. Ganha disparado.
Reprodução Facebook Uma dica para esse fim de semana: assistir ao documentário "Canções do Exílio", de Geneton Moraes Neto. São três capítulos. O post acima é de Flávio Lamas, compartilhado do grupo Semióticas Clique no link http://bit.ly/3ZHGeeC |
Recuperando-se de uma fratura no fêmur, Roberto Muggiati - a quem Alberto, na Manchete, apelidava de Muggi das Crises - volta ao blog através de uma matéria publicada no Estadão no dia 18 de março de 2023.
A mobilidade ainda comprometida não o impediu de levar a flanar em Paris Marcel Proust, James Joyce e Franz Kafka. "Gosto de elaborar encontros hipotéticos entre os três", diz Muggiati. Leia a seguir.
por Roberto Muggiati (para o jornal Estado de São Paulo)
O francês Marcel Proust (1871-1922), o irlandês James
Joyce (1882-1941) e o checo Franz Kafka (1883-1924) foram
indiscutivelmente os maiores romancistas do século 20.
Morreram jovens, respectivamente aos 51, 58 e 40 anos.
Proust - filho de um médico francês, cuja mãe, Jeanne Weill,
tinha origem judaica - notabilizou-se com a saga Em Busca do
Tempo Perdido, uma das mais brilhantes investigações sobre
os mecanismos da memória afetiva. Joyce evoluiu das
primeiras obras em estilo realista para dois impressionantes
monumentos da técnica narrativa: Ulysses, com seu complexo
arcabouço estrutural, e Finnegans Wake, magistral
desconstrução da linguagem ficcional. E Kafka, judeu-checo
que escrevia em alemão (era súdito do Império Austro-
Húngaro), com suas fábulas e parábolas sombrias, cortou
fundo a fachada social para expor o absurdo do mundo.
Gosto de elaborar encontros hipotéticos entre os três.
Tecnicamente - pelo menos dois a dois -, Proust, Joyce e Kafka
poderiam ter cruzado caminhos. As hipóteses viajam da Trieste
austro-húngara de 1908 à Paris da belle époque em 1910 e à
Paris dos années folles de 1922. Em outubro de 1910,
aos 27 anos, Kafka passou poucos dias em Paris, com os irmãos Max
e Otto Brod. Fez o que todo visitante faz: caminhou pela
cidade. Mas suas flâneries foram bruscamente interrompidas
por uma violenta crise de furunculose. Além do mais, Proust
preferia se deslocar de coche, sem se acotovelar com a
patuleia. Kafka, funcionário burocrata do ramo de seguros,
ainda não se revelara escritor, enquanto Proust juntava
dinheiro para publicar, do próprio bolso, o primeiro volume de À
la Recherche du Temps Perdu, em 1913.
Entre novembro de 1907 e julho de 1908, Kafka foi empregado
da companhia de seguros Assicurazione Generali, de Trieste.
Teria visitado pelo menos uma vez a cidade, onde James
Joyce morou de 1905 até o começo da Primeira Guerra, em
1914. Mas um encontro entre Kafka e Joyce ali não passaria de
uma fortuita proximidade anônima na rua ou num café -
existem menções de que Kafka adorava o Caffé degli Specchi -
o Café dos Espelhos, frequentado por Joyce. Depois de morar
em Zurique durante a Primeira Guerra, Joyce mudou-se com a
família para Paris, a partir de julho de 1920. Não só um
encontro com Proust era tecnicamente viável, como ocorreu e
fez história. Proust e Joyce no Hotel Majestic: um encontro
desastroso. Apoiei-me em informações selecionadas dos
livros Uma Noite no Majestic e Um por Um - 101 Encontros
Extraordinários, respectivamente dos ingleses Richard
Davenport-Hines e Craig Brown, lançados no Brasil em 2006 e
2014.
Anotou o poeta americano William Carlos Williams, que
também era médico:
- "Joyce: 'Tive dor de cabeça o dia inteiro. Meus olhos estão terríveis';
- "Proust: 'Ai, como dói meu estômago. Está me matando. Preciso partir imediatamente';
- "Joyce: 'Estou na mesma situação. Alguém pode me dar o
braço?'".
A partir de então, durante horas, os dois discutem suas
várias doenças. A noite termina com Proust convidando os
Schiff para o seu apartamento e Joyce se esgueirando no táxi
também. O irlandês começa a fumar e abre a janela, causando
um chilique em Proust, um asmático que detesta o ar fresco.
Na breve corrida, Proust fala sem parar, mas não se dirige a
Joyce. Quando os quatro descem a Rua Hamelin, Joyce tenta
juntar-se ao grupo, mas Proust faz de tudo para se livrar dele:
- Deixe meu táxi levá-lo para casa!", insiste, e desaparece com
Violet Schiff, delegando a Sydney a missão de enfiar Joyce no
táxi. Finalmente livres da companhia de Joyce, Proust e os
Schiff bebem champanhe e conversam alegremente até o dia
raiar"
Estas e outras especulações sobre a vida pessoal dos três
escritores vêm rolando por algum tempo, do centenário do
lançamento de Ulysses (fevereiro de 2022), ao centenário da
morte de Proust (novembro do ano passado), passando pelos
140 anos de nascimento de Kafka em julho de 2023, e pelo
centenário da sua morte em 2024; pelos 110 anos de Em
Busca do Tempo Perdido, e ainda - haja comemoração! - pelos
120 anos do Bloomsday, em 16 de junho de 2024.
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Reprodução O Globo, 25-3-2023 |
Para O Globo, o segundo lote de jóias e armas que não foram declaradas à Receita Federal apenas "escaparam" da fiscalização. Na verdade, foram contrabandeadas e com agravante por pertenceram ao patrimônio público. O Globo faz gentileza a Bolsonaro em vez de jornalismo. O termo "escaparam" dá impressão de que as jóias e armas saíram correndo do aeroporto de Guarulhos, pegaram um uber e foram se homiziar no Alvorada, onde Bolsonaro ainda residia.
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Foto: Natasha Muggiati |
Muggiati está ausente há algumas semanas. No dia 15 de fevereiro ele fraturou o fêmur em consequência de uma queda, em casa. Conduzido ao Miguel Couto - onde foi bem atendido, segundo conta - submeteu-se a uma cirurgia. Foram 20 dias de internação.
De volta ao Baixo Glicério, como chama o trecho do bairro onde mora, Muggiati está em recuperação, com muitas sessões de fisioterapia pela frente.
A seu pedido, fica o aviso aos amigos e frequentadores deste blog. Em breve estará de volta.
Com humor típico, ele manda um recado.
- "Não será dessa vez que escreverão meu obtuário".
Aniversário de Anitta tem normas divulgadas pela própria cantora. |
por Clara S. Britto
Festa de aniversário de celebridade não tem a ver com comemoração de amigos normais. É um "evento". O, ou a, aniversariante busca repercussão. Aparecer na mídia e nas redes sociais. Os convidados, idem. Quase sempre a festa é patrocinada - assim como quem não quer nada, alguns produtos poder aparecer - e a maioria dos convidados está ali "a trabalho" e, se possível, como admite um notório frequentador de baladas de parabéns, para "fazer contatos".
Se conversar com a pessoa certa, um conviva pode descolar figuração em clipe ou, a depender da qualificação dos convidados, uma fala em um podcast, um teste para programa da TV por assinatura, uma chance em novela ou série streaming ou até mostrar um funk novo.
Anitta anuncia que vai comemorar seus 30 anos no dia 30 de março. O local ainda é secreto. A lista de convidados também não foi revelada. O que a própria aniversariante divulgou foi a "etiqueta" da festa.
O ato institucional da noitada é do tipo dá-ou-desce: se o conviva pensa em não obedecer, melhor não ir. O amigo que desejar festejar a aniversariante antes passa por uma situação análoga à humilhação: já leva junto com o convite uma listinha prévia do que pode e não pode fazer. Possivelmente, durante a festa, podem surgir outros enquadramentos, se você foi convidado, fique ligado. Anitta já adiantou que se flagrar alguém usando o celular para fazer fotos ou vídeos vai apreender o aparelho e jogá-lo na parede.
por Nico Bolontrin
Algo está fora de ordem no vestiário da seleção francesa de futebol. Durante a Copa do Catar, Benzema recuperado de lesão e perfeitamente inscrito pela FIFA, foi esnobado e não chamado para a final contra a Argentina. Custou a vitória? Quem sabe. Agora, Mbappé, que não é popular no time, foi confirmado como capitão nos próximos amistosos. Foi a vez do veterano Griezman protestar e ameaçar deixar a seleção. E Griezman não está sozinho. Parte do time não gosta da arrogância de Mbappé, que reclama de erros dos companheiros e não reconhece suas falhas.
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Reprodução Twitter |
por Pedro Juan Bettencourt
Eu me recuso a acreditar que o Big Brother Brasil é um espelho fiel do país. Principalmente porque entre milhares ou milhões de inscritos é feita pela produção uma seleção com base em critérios próprios. Pessoas capazes de criar polêmicas e confusões predominam. Mesmo estes, se estão tímidos, são turbinados com bebidas durante as seguidas festas. Daí brotam situações de racismo, agressões verbais e até físicas, intolerâncias variadas e repetidos casos de assédio sexual. Nessa edição, dois participantes se sentiram no direito de mexer na bagagem da mexicana convidada a passar uns dias entre os brasileiros. A pessoa deve ter lamentado a escolha para vir à casa do BBB23. Também foi vítima de assédio sexual duplo e teve seus pertences "fiscalizados" por invasores do alheio.
A conclusão é a seguinte: se a seleção privilegiar pessoas educadas, éticas, que respeitam os outros a audiência cai. Para obter repercussão, a regra é plantar vilões na casa. Se os vilões cumprem a função, enchem a cara na festa e assediam uma jovem, não tem problema: a produção pede desculpas e expulsa os vilões que ela própria escalou. Jogo que segue. Outros virão.
Proposta de emenda constitucional pretende dar ainda mais isenções tributárias às igrejas. A ideia é além de iptu e outros, dispensar impostos indiretos sobre bens e serviços Cartões e jatinhos, por exemplo, sairão mais baratos. A conta do motel e da padaria, também. Comprar armas, bebidas sextoys, tudo livre do "leão". Duas consequências: finalmente os irmãos alcançarão o paraíso; e, segundo tributaristas, com os gastos sem qualquer rastro fiscal poderão formar a maior máquina de lavar dinheiro do mundo. O Brasil vai entrar no Guiness Book nesse quesito. Parabéns para os envolvidos.
A Globoplay adquiriu novelas turcas. Há grandes diferenças culturais e de legislação entre o Brasil e a Turquia. Entre outras realidades, o politicamente correto não é exatamente popular no país muçulmano. Machismo é, por exemplo, um dos costumes arraigados nas antigas paragens otomanas. A primeira novela do pacote importado a ir só ar já mostra, na chamada, uma mãe espancando uma criança. Lamentável exemplo.
A palavra mais ouvida e lida na midia nas últimas semanas é... arcabouço. Não se sabe quem usou primeiro o vocábulo para definir um esperado pacote do governo. É um tal de arcabouço fiscal pra lá e pra cá, tanto por parte de jornalistas quanto no linguajar dos tecnocratas. Pois o popular dicionário oferece uma definição restrita para a palavra acabouço. Trata-se de um substantivo masculino para "estrutura óssea que sustenta um corpo humano ou de animal, esqueleto". Quem foi buscar esse termo? Espera-se que depois do "esqueleto" não venha aí a "noiva cadáver", Jack Skellington, Caveira Vermelha...
A propósito, não é a primeira vez que economistas recorrem ao terror para definir conjunturas. Quem não ouviu falar em "esqueleto" para nomear grandes dívidas ocultas deixadas por gestores antecessores?
O liberalismo sonha com o fim do Estado. O neoliberalismo trabalha para isso. Mas nenhuma dessas ideologias abre mão do dinheiro público. Ao contrário, com a ajuda de políticos, administradores e juízes corruptos vai buscá-lo onde estiver. Nos Estados Unidos, a quebra de dois grandes bancos pode novamente, como em 2008, resultar em bilionária ajuda do governo federal. No fim, os golpistas - e esse o nome correto - se dão bem. No Brasil, no fim dos anos 1990, o governo do PSDB distribuiu "Bolsa Banqueiro". Mesmo agora, a fraude das Lojas Americanas provoca nos jornalões uma comoção em defesa dos grandes investidores trambiqueiros. A equação neoliberal em setores sensíveis é simples: roubam, provocam a crise financeira e depois usam clientes, empregados, fornecedores como pretexto e se lembram do impacto social para pedir ajuda pública.
Depois do sumiço da ossada de Dana de Teffé, a milionária assassinada no começo dos anos 1960, no Rio de Janeiro, o novo grande mistério brasileiro envolve as jóias afanadas por Jair Bolsonaro, o chamado "presente masculino” que foi contrabandeado das Arábias para o aeroporto de Guarulhos. O valioso "presente feminino", como se sabe, foi apreendido pela Receita Federal com duas “mulas” - um sargento e um almirante - que desembarcaram em São Paulo.
Bolsonaro foi deputado e, nas internas teria o hábito de confundir a seu favor o público e o privado. Por exemplo, manteve um apartamento funcional para “comer gente”, como declarou. E, pelo que se sabe, não se referia a canibalismo. O elemento nunca foi bom em matemática e por isso teria cometido enganos monumentais ao registrar a compra de combustível pago pela Câmara. Provavelmente o tanque do seu carro era furado pois a conta era sempre maior do que cabia no recipiente. A seu favor registre-se que inconsistências contábeis são comuns entre legisladores menos republicanos. Há quem diga que os postos de combustíveis de Brasília vendem mais gasolina per capita do que Arábia Saudita e Estados Unidos, juntos.
Ao entregar o governo recentemente Bolsonaro deixou o Alvorada praticamente no osso. Uma frota de caminhões-baú foi empregada para transportar móveis, objetos e até o conteúdo do frigorífico e da dispensa. A ordem, como disse um funcionário da Presidência, era não deixar nada para Lula e Janja. A propósito, as autoridades já localizaram e checaram o inventário do que foi levado pelo comboio madrugador?
Deve ser exagero dos adversários, mas lendas no Salão Verde da Câmara entre deputados de antigas legislaturas e ex-parlamentares atribuem o sumiço de mimos décadas atrás a uma curiosa patologia que tornaria o suspeito incapaz de distinguir o “personalíssimo” do público. Era um tal de canetas, xícaras, laptops, tablets, papel higiênico dos banheiros e remédios da farmácia abduzidos ou levados para outra dimensão...
Essa era, digamos a atividade local. Bom mesmo era participar de “missões” no exterior ou integrar comitivas presidenciais em viagens à Europa ou Estados Unidos. Na volta em tão ilustre companhia, as figuras felizardas escapavam do controle da alfândega. Um dia, um parlamentar nostálgico dos antigos clássicos do cinema teria esquecido no desembarque uma caixa de finas meias de nylon. Sua excelência em questão era um convicto solteiro, mas isso não vem ao caso.
Pois é.
O distinto leitor precisa saber que até 1991, a regra era clara. Todos, isso mesmo, todos os presentes recebidos pelos presidentes da República eram, por definição, pertencentes ao Estado.
Quem mudou a lei. Elle mesmo, Collor de Mello.
por O V.Pochê
Em movimento desinibido para a direita, a Folha de São Paulo pretende manter laços com o bolsonarismo. Nas páginas do jornal têm desfilado entrevistados do grupo que apoiou a tentativa de golpe de 8 de janeiro. Diz-se que é preciso ouvir os novos e radicais congressistas do PL. O "outro lado", mesmo antidemocrático, sempre terá espaço no jornalão. É regra.
Nessa linha, a Folha foi ao Google para desencavar o caso de uma nobre injustiçada, ô coitada. A rainha (Mijóias?) teria sofrido horrores ao ser envolvida em um escândalo disparado por um valioso colar.
A Folha informa no título da matéria que a tal rainha (Mijóias?) foi terrivelmente injustiçada. A sutileza da matéria tem o tamanho de um elefante. Parece mais um alerta: "cuidado", seria a mensagem? "Não massacrem a 'rainha', ela é inocente". Menos, Folha.
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Reprodução Folha de São Paulo em 5/3/2023 |
A Folha não apurou coisíssima alguma sobre o caso dos diamantes que Bolsonaro tentou sequestrar da Receita Federal. A matéria foi um exclusiva do Estadão. Mas o jornalão dos Frias se esforçou para reunir vários depoimentos em defesa de Bolsonaro e suas "mulas" de jóias.