sexta-feira, 10 de março de 2023

O amigo do alheio

Depois do sumiço da ossada de Dana de Teffé, a milionária assassinada no começo dos anos 1960, no Rio de Janeiro, o novo grande mistério brasileiro envolve as jóias afanadas por Jair Bolsonaro, o chamado "presente masculino” que foi contrabandeado das Arábias para o aeroporto de Guarulhos. O valioso "presente feminino", como se sabe, foi apreendido pela Receita Federal com duas “mulas” - um sargento e um almirante - que desembarcaram em São Paulo.

Bolsonaro foi deputado e, nas internas teria o hábito de confundir a seu favor o público e o privado. Por exemplo, manteve um apartamento funcional para “comer gente”, como declarou. E, pelo que se sabe, não se referia a canibalismo. O elemento nunca foi bom em matemática e por isso teria cometido enganos monumentais ao registrar a compra de combustível pago pela Câmara. Provavelmente o tanque do seu carro era furado pois a conta era sempre maior do que cabia no recipiente. A seu favor registre-se que inconsistências contábeis são comuns entre legisladores menos republicanos. Há quem diga que os postos de combustíveis de Brasília vendem mais gasolina per capita do que Arábia Saudita e Estados Unidos, juntos.

Ao entregar o governo recentemente Bolsonaro deixou o Alvorada praticamente no osso. Uma frota de caminhões-baú foi empregada para transportar móveis, objetos e até o conteúdo do frigorífico e da dispensa. A ordem, como disse um funcionário da Presidência, era não deixar nada para Lula e Janja. A propósito, as autoridades já localizaram e checaram o inventário do que foi levado pelo comboio madrugador?

Deve ser exagero dos adversários, mas lendas no Salão Verde da Câmara entre deputados de antigas legislaturas e ex-parlamentares atribuem o sumiço de mimos décadas atrás a uma curiosa patologia que tornaria o suspeito incapaz de distinguir o “personalíssimo” do público. Era um tal de canetas, xícaras, laptops, tablets, papel higiênico dos banheiros e remédios da farmácia abduzidos ou levados para outra dimensão...

Essa era, digamos a atividade local. Bom mesmo era participar de “missões” no exterior ou integrar comitivas presidenciais em viagens à Europa ou Estados Unidos. Na volta em tão ilustre companhia, as figuras felizardas escapavam do controle da alfândega. Um dia, um parlamentar nostálgico dos antigos clássicos do cinema teria esquecido no desembarque uma caixa de finas meias de nylon. Sua excelência em questão era um convicto solteiro, mas isso não vem ao caso.

Pois é.

O distinto leitor precisa saber que até 1991, a regra era clara. Todos, isso mesmo, todos os presentes recebidos pelos presidentes da República eram, por definição, pertencentes ao Estado.

Quem mudou a lei. Elle mesmo, Collor de Mello.

4 comentários:

Norões disse...

Nunca vi tanto cinismo como na defesa de Bolsonaro nesse caso de contrabando, talvez suborno ,e apropriação de bem público.

J.A.Barros disse...

Mas todos são cínicos, não vamos nos iludir achando que eles são sérios e honestos. Deixar o poder, para eles, é uma dor imensa. Imagina, perder aquele garçon, que o dia inteiro fica sua disposição, com bandeja e cafezinho, uísque e cerveja , o que quiser, servido à hora. Um motorista, à sua disposição 24 horas. Gente, perder tudo isso muito mais, é de fazer o coração doer, não é verdade.

J.A.Barros disse...

Esse poder em demasia corrompe o homem. O regime presidencialista dá ao político no seu topo, poder demais. O regime presidencialista está esgotado. Na minha opinião o melhor regime, testado e aprovado em vários países, é o Parlamentarismo. Esse regime, o Parlamentarismo do tira do presidente esse poder que corrompe e cria situações que levam a crises irreparáveis. Um Primeiro Ministro em crises insustentáveis é removido do poder pelo Parlamento e outro é votado e aprovado pelos Partidos Políticos que procura manter o equilíbrio de governo, sem excessos e sem crises causadas pela corrupção desse ancião regime político. O regime parlamentar, para mim é a solução.

Dairton disse...

Eu acho que Infelizmente com a falta de falta de qualidade do Congresso com deputados e senadores que só pensam em se dar bem ou representaram empresas e lobby série muito pior. Não tenho solução para a desgraça do Brasil só acho que o Congresso com mais poder seita o caos.