domingo, 21 de abril de 2024
Mídia: vai uma miçanga aí?
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| Reproduzido de O Globo |
por Flávio Sépia
Economista neoliberal é o seguinte. Se dependesse dele, o Brasil exportaria apenas coco e banana e mesmo assim trocaria esses produtos por miçangas e espelhos. Esse aí sugere no Globo que o país importe carros usados. A indústria automobilística e de autopeças gera empregos. Mas esse é um detalhe que não interessa aos neoliberais de mercado.
Agora, sério, nada é gratuito. Existe de fato um lobby para que o Brasil importe carros usados (atualmente só é permitida a importação de automóveis colecionáveis). E o economista ainda quer que o país subsidie a compra com isenção de impostos. Se o carro em questão não segue normas de segurança, regras ambientais e direitos do consumidor, dane-se.
Há países que aceitam até receber lixo industrial e doméstico e rejeitos hospitalares de nações desenvolvidas. O Brasil, por enquanto, não. Embora cargas clandestinas já tenho sido flagradas por aqui. Vai ver neoliberais já estão discutindo em fóruns acadêmicos como legalizar a importação de fraldas usadas, remédios vencidos e supositórios reciclados. Duvida?
sábado, 20 de abril de 2024
Mídia: conflito na bancada do Conexão Globo News. Gabeira e Leilane investem contra Daniela Lima. Motivo: uma referência ao juiz Thompson Flores, da Lava Jato. Sabe-se que a operação, mesmo contaminada por suspeitas de corrupção e ilegalidades processuais, ainda é um dogma para O Globo, TV Globo e Globo News
| Barraco político na telinha. Os protagonistas foram Gabeira e Leilane, que investiram contra Daniele Lima. Valdo Cruz e Camila Bonfim só assistiram ao conflito. Imagem reproduzida da Globo News |
por José Esmeraldo Gonçalves
Durante o Conexão Gabeira e Leilane ficaram nervosos com uma fala de Daniela Lima que apenas citou o juiz Thompson Flores como o magistrado que reverteu uma liminar de soltura de Lula, o que permitiu o encarceramento, em 2018, do atual presidente, e que efetivou mais uma interferência da Lava-Jato nas eleições presidenciais em favorecimento a Jair Bolsonaro. Daniela citou tão somente um fato verdadeiro. Thompson, aliás, integra a lista de magistrados afastados pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) devido a irregularidades na Lava-Jato. Acometido de uma espécie de "apoplexia", mas ao seus estilo zen", reconheça-se, com a calma de um sacerdote da Inquisição:
"Eu só queria dizer para a Daniela o seguinte, cada vez que você menciona Thompson Flores, você diz que é o juiz que negou a libertação do Lula, e dá a impressão de que ele está sendo julgado por isso. Eu não acredito que esse seja o ponto central, entende? Se você enfatiza sempre isso, você está querendo julgá-lo por isso, e não é por aí".
Daniela, que parece ter atingido um personagem cultuado por Gabeira, rebateu:
"Não é isso. Deixa eu só me justificar senão fica parecendo que de fato é. Não, Gabeirinha, é só para poder colocar o personagem na monta que ele teve na história".
Leilane Neubarth se empolgou e pegou carona em um banquinho da charrete inquisitorial do Gabeira:
"O que ele quer dizer, Dani, é que este aposto não tem a ver com o que está acontecendo. Você tem toda a razão, esse juiz é responsável por esse momento, mas esse aposto não se traduz e não cabe nessa questão agora".
Daniela Lima não ficou calada:
"Não, como a gente explicou ontem, tem a ver com o fato dele ter atropelado a decisão do Supremo Tribunal Federal, é outra coisa. É só para a gente ter a monta do personagem para quem está em casa entender o tamanho do cidadão".
Leilane, incomodada e nada zen, prosseguiu, ampliando a crítica à parceira de bancada:
"Vamos entender um pouco do tamanho do que está acontecendo porque o Gabeira me traz duas questões que parecem fundamentais, que são prudência e isenção. Prudência e a coisa de não se envolver, de ter uma isenção, que é a palavra que ele usou. Então acho que tudo o que a gente está vendo, e tudo o que a gente precisa ver daqui para frente, sejam nas notícias, sejam nas decisões, sejam nas análises, é justamente prudência e isenção, sem paixões políticas".
O caso repercute nas redes sociais impulsionado pelo fato de Daniela Lima ter se ausentado do programa na quinta (18) e sexta (19) seguintes, o que motivou especulações sobre seu afastamento do Conexão e até demissão da Globo News.
Leilane, em tom autoritário e superior pontuou "a coisa de não se envolver, de ter uma isenção". As redes sociais, por sua vez, logo ilustraram a hipocrisia da jornalista com a simples reprodução de um dos seus posts em 2018. Veja a mensagem que mostra o que Leilane entende por isenção:
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| Reproduzido do X |
quinta-feira, 18 de abril de 2024
Ziraldo: por Sérgio Augusto.
quarta-feira, 17 de abril de 2024
O novo mecanismo dos "cardeais" da congregação Lava Jato
O Mecanismo, da Netflix, série dirigida por José Padilha, exaltou a Lava Jato e virou um doc que deixou a direita excitada. Para os porões neoliberais e bolsonaristas foi algo como uma atração porno-neoliberal para ser vista nas madrugadas. Teria sido bancada pela empresa estadunidense Netflix. O Mecanismo foi um alvoroço no momento em que parte da mídia do oligarcas brasileiros era pautada por Sérgio Moro e seus parças procuradores.
Como O Mecanismo ficalizava a "corrupção endêmica" é muito justo que a Netflix financie agora mais um vibrante episódio sobre um novo mecanismo: o da "fundação" malandra que Moro e seu arrastão jurídico montaram para drenar recursos amealhados pela Lava Jato em processos, a maioria, hoje anulados por uma engrenagem de supeitas e ilegalidades flagrantes.
O doc de Padilha misturava ficção com opiniões e recriava fatos de acordo com a visão difundida pela Lava Jato, organização muito poderosa junto à Folha, ao Estadão, O Globo, TV Globo, Veja, sites da direita etc. O Mecanismo bebeu nessa fonte. É de se esperar que a Netflix e os produtores da série estejam ansiosos para fazer um último episódio que aprofunde as cavernas da Lava Jato, as investigações sobre os juízes e procuradores e, especialmente, siga o dinheiro. As pistas estão aí para o Brasil maratonar. O Conselho Nacional de Justiça está escrevendo o roteiro. É para viralizar, Padilha.
Veja a matéria completa no link (GGN) abaixo.
segunda-feira, 15 de abril de 2024
Dino dá recado a quem quer passar pano no 8 de janeiro
domingo, 14 de abril de 2024
sábado, 13 de abril de 2024
Na capa da IstoÉ - Musk e a conspiração da extrema direita: conexão realizada com sucesso
Comentário do blog - No momento em que Musk é notícia por atacar o STF como parte da ofensiva da extrema direita contra a democracia, a Polícia Federal apreendeu nos últimos dias em garimpos ilegais na área dos Yanonami 24 antenas Starkink pertencentes à empresa de Elon Musk.
No ano passado, reportagem publicada no Globo usou a expressão narcogarimpo ao apurar ligações entre garimpeiros e traficantes de cocaína. Embora ainda receba muitas críticas de usuários e especialistas por instabilidade da conexão, a rede Starlink é muito procurada por quem necessita de acesso à internet em regiões remotas e é, logicamente, instrumento de muita utilidade na logística ilegal.
sexta-feira, 12 de abril de 2024
De Ruy Castro para a Folha: a Internacional da extrema direita
Musk quer ser o führer da Internet
| Capa da edição dessa semana da Carta Capital |
Comentário do blog. Elon Musk é investigado na Europa como o maior propagador de notícias falsas nos meios digitais. É uma espécie de Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Adolf Hitler, redivivo. No Brasil, contudo, seu lobby poderoso funciona, é até homenageado pela oposição no Congresso Nacional. Com repetidas ameaças ao STF, ele foi capaz de adiar a regulação das big techs no Brasil. Impressionante a rapidez com que políticos bolsonaristas cederam às pressões neofascistas e golpistras de Elon Musk.Ou talves não seja surpresa: Musk está coordenando ataques às democracias e se articula com governos da extrema direita em vários continentes.
Justiça do DF censura a Agência Pública
| Matéria reproduzida do Jorlaistas & Cia. Edição 1455 |
A Agência Pública "reitera a lisura da reportagem e repudia a censura e a violação da liberdade de imprensa, um preceito constitucional tão caro para as democracias".
quarta-feira, 3 de abril de 2024
Fotomemória: Em 2 de abril de 1964, a última imagem de Jango antes da longa e trágica noite que subjugou o Brasil
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| Foto Revista Manchete |
A coletânea "Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou", organizada pelo jornalista José Esmeraldo Gonçalves com o saudoso designer J.A.Barros, lançada em 2008, recuperou essa foto que a Manchete publicou com exclusividade mas, infelizmeente, sem crédito. Foi feita no dia 2 de abril de 1964. Adolpho Bloch teria sido avisado que João Goulart deixara o Palácio Laranjeiras e se dirigia ao Santos Dumont, protegido por uns poucos aliados, rumo a Brasília, e enviou uma fotógrafo ao aeroporto carioca. Em Brasília, o golpe já se consolidava. Havia no Planalto quem defendesse uma resistência com apoio de militares legalistas. Jango observou que a situação era irreversível, quis evitar derramamento de sangue, e partiu para Porto Alegre, sua última escala no Brasil, antes do longo exílio no Uruguai.

O Diário de Notícias noticiou que um grupo de oficiais da Marinha
queria empreender uma caçada ao presidente João Goulart.
Jango permaneceu em Brasília durante menos de quatro horas. Naquele momento, circulou uma informação de que comandos da Marinha estariam organizando uma caça feroz ao ainda presidente.
Os capítulos seguintes, a história registra. Jango não voltaria mais ao seu país. Faleceu na Argentina no dia 6 de dezembro de 1976. Causa oficial da morte: infarto. Trinta e sete anos depois foi iniciada uma investigação para apurar a suspeita de que ele poderia ter sido assassinado pela Operação Condor, um esquadrão de execuções de líderes democratas da América Latina montado pelas ditaduras do Chile, Brasil, Argentina e Uruguai. Para a família, dado o longo tempo desde o falecimento do ex-presidente, a exumação não foi cientificamente conclusiva. Um perito contratado pelos Goulart continuou defendendo a continuação da investigação, mas o processo foi encerrado.
Pouco mais de doze anos após a foto histórica no Santos Dumont, Jango foi enterrado em São Borja, como era seu desejo, mas até isso exigiu uma negociação com o governo. O carro que trazia o caixão do ex-presidente foi barrado em Uruguaiana por tropas do 3º Exército. Temendo a repercussão internacional do episódio, o ditador Ernesto Geisel mandou liberar a entrada e o serviço fúnebre, desde que não houvesse público, manifestações de familiares, de políticos, do povo em geral e cerimônia religiosa. Cerca de 10 mil soldados ocuparam São Borja. Apesar disso, calcula-se que mais de 30 mil pessoas ocuparam as ruas da pequena cidade gaúcha. Desafiando as ordens dos militares, o povo exigiu que o caixão fosse levado antes à igreja. No cemitério, Pedro Simon e Tancredo Neves fizeram discursos de despedidas. Sobre o caixão havia uma bandeira com a palavra Anistia, mas esse processo político, decretado em agosto de 1979, não mais alcançou João Goulart.
terça-feira, 2 de abril de 2024
domingo, 31 de março de 2024
O papel sujo dos principais veículos da mídia brasileira antes, durante e depois do golpe de 1964 e o alto preço que o jornal Última Hora pagou por não seguir a manada
| Estadão e Folha: a vibração na mídia golpista |
| O conspirador sorridente na capa |
| Jornalisdmo-exaltação dos "influencers'' que ajudaram a destruir a democracia brasileira |
| Correio da Manhã: a julgar pela capa, o golpe excitou a redação |
| Diário de Noticias exaltava o "fim da crise". Engano: a crise apenas começava e duraria 21 anos. |
| O Dia acreditou na fake news da "ameaça comunista", |
| O Globo festejou as cassações |
| "Pornografia" conservadora e explícita na capa de O Cruzeiro. |
| Última Hora pagou caro por contestar o golpe. |
por José Esmeraldo Gonçalves
A extrema direita mundial faz amplo uso político e ideológico do recurso da mentira para disseminar informações e imagens falsas. No Brasil, utilizar fake news nas redes sociais é um dos pilares da estratégia de comunicação de Bolsonaro, dos jornalistas que o apoiam, dos políticos aliados e dos seus asseclas com intensa atuação na internet.
Se em 1964 a expressão ainda estava para ser criada, a falsificação dos fatos e das suas intepretações foi a tática da direita brasileira que, a partir de 1963, intensificou uma milionária campanha de opinião pública contra o governo do presidente João Goulart. Livros, jornais, revistas, emissoras de rádio, telejornais e cine jornais descreviam as reformas de base propostas por Jango como algo que iria transformar a vida dos cidadãos em um inferno comunista. Segundo a imprensa, com as reformas agrária, fiscal, educacional, bancária e urbana os brasileiros poderiam perder terras, casas e apartamentos, emprego, renda e até igrejas.
A ofensiva da direita tinha tanto alcance que não esquecia nem mesmo as "amplificadoras", um serviço de alto-falantes muito presente nos postes e praças de pequenas cidades do interior que não possuiam emissoras de rádio. Políticos e líderes empresariais locais alinhados com a conspiração recebiam panfletos institucionais produzidos no Rio de Janeiro pelo IPES (Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais) e IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), organizações financiadas por Washington, por multinacionais com atuação no Brasil, por empresários, fazendeiros, construtoras, pelo menos uma companhia aérea, bancos e dinheiro público desviado por governadores e prefeitos de estados e prefeituras engajados na preparação do golpe. Todos esses setores foram presenteados com privilégios e tiveram seus pleitos atendidos durante a ditadura. A propósito, os grandes conglomerados do segmento financeiro começaram a se formar na segunda metade dos anos 1960 quando o governo militar forçou pequenos bancos que prestavam serviço regional a venderem suas patentes a instituições de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A imprensa que apoiou os militares não ficou de fora da "retribuição" pela participação na campanha que "justificou" o golpe. E, com a instalação da ditadura, permaneceu aliada da "revolução", como era intitulado o ataque fatal à democracia. A Folha de São Paulo foi o exemplo extremo desse apoio mesmo quando ficaram evidentes e denunciados pela imprensa internacional a prática da tortura e o assassinato de opositores. O jornal dos Frias contribuiu com o financiamento da famigerada OBAN (Operação Bandeirantes) que institucionalizou a tortura e o assassinato de opositores da ditadura. Ao longo dos anos, vários grupos de comunicação receberam grandes verbas publicitárias e até facilitação para importar equipamentos sem pagamento de impostos ou com financiamentos confortáveis. A história comprovou que a Folha cedeu viaturas para apoiar operações de caça mortal aos militantes que lutavam contra o regime e chegou, anos depois, no começo do governo Geisel, a receber a visita de Golbery do Couto e Silva que tinha a missão de indagar dos proprietários sobre o que precisavam para superar a concorrência, leia-se, o Estadão, que, na ocasião, embora tivesse apoiado o golpe, era menos subserviente. A TV Globo, não por acaso, foi inaugurada em 1965 e o grupo se tornou uma espécie de porta-voz não oficial dos militares. Uma trágica e exemplar lembrança foram os dramáticos depoimentos compulsórios de militantes "arrependidos" e, não raro, torturados, produzidos pela AERP (Assessoria de Relações Públicas), orgão que cuidava da comunicação da ditadura, e veiculados no horário nobre da Globo.
A Manchete, que fez intensa cobertura das obras que formavam a face ufanista do "milagre econômico", foi beneficiada com centenas de páginas publicitárias e enxurrada de matérias pagas pelo governo. Mesmo antes do 'milagre", uma das edições especiais da revista publicadas com a cobertura do golpe foi gentilmente fortalecida por uma matéria paga de dezenas de páginas sobre a "pujança" do Estado da Guanabara então governado por um dos líderes do golpe, o governador Carlos Lacerda. É justo registrar que Adolpho Bloch, em certo momento, foi considerado persona non grata pelo núcleo duro dos militares. O motivo: seu apoio incondicional ao amigo Juscelino Kubitschek, cassado e exilado pela ditadura. Ao voltar ao Brasil, JK foi convidado por Adolpho a ocupar um gabinete especial na sede da Manchete, na Rua do Russell, onde permaneceu até 1976, quando faleceu em um suspeito acidente na Via Dutra. JK foi velado no hall do edifício da Bloch. Mas a Manchete soube restabelecer habilmente o contato com o governo federal. Oscar Bloch, com trânsito na área econômica do Planalto, tornou-se o "embaixador" do setor de publicidade da editora junto aos generais e tecnocratas da ditadura, ao mesmo tempo em que a vida voltou a seguir sem sobressaltos na boca do caixa do Banco do Brasil.
Em outras evidências de que o longo braço da ditadura alcançou o setor corporativo, concorrentes incômodos e que tinham ligações com o governo anterior, como Panair e TV Excelsior, foram sumariamente eliminados. Aliás, muito se apurou na Comissão da Verdade e muito veio à tona sobre os métodos crueis da ditatura. Faltou, contudo, um levantamento rigoroso sobre a corrupção durante os anos de chumbo. Perseguições a empresas, como as citadas acima, concorrências dirigidas por militares, escândalos financeiros abafados, favorecimentos, desvios de verbas, superfaturamento e outros ítens faziam parte do vasto repertório de trambiques da ditadura. Para muitos, os "anos de chumbo" foram "anos de ouro".
Há até um caso curioso. Nos anos 1970, quando os generais proibiram a importação de automóveis e outros produtos, sob o pretexto de incentivar a industria nacional, o decreto tinha uma exceção que fez a festa dos ricaços. Importados, principalmente Mercedes, além de carrões Chevrolet, Ford e modelos esportivos eram, embora em número limitado, vistos nas ruas do Rio, São Paulo e outras capitais. Como, apesar do decreto, rodavam alegremente? Simples: consulados e embaixadas podiam importar carros para uso próprio. Só que os 'ixpertos' logo descobrirm a brecha. Nunca foram instaladas aqui tantas representações de países pequenos, especialmente da África. Embaixadas e consulados sem muita visibilidade importavam os automóveis e os repassavam a empresários mediante generosas propinas. Com direito a um benefício extra: os veículos continuavam rodando com documentos diplomáticos e, assim, escapavam de eventuais multas e fiscalizações. Depois de um certo prazo estipulado pelo decreto, o automóvel de luxo podia ser normalmente vendido no mercado. O setor imobiliário também viveu seus dias ilegais de glória. Posturas municipais eram facilmente contornadas desde que os empreendedores fossem amigos da "revolução". Da mesma forma, a política ambiental não existia e o grande símbolo da destruição foi a Transamazônica e a ocupação desordenada da floresta por colonos financiados com verba pública. A curva de desmatamento e queimadas na Amazônia teve seu marco inicial patrocinado e acelerado pela ditadura. Já os inúmeros escândalos eram abafados na mídia pela censura ou até pela conivência de jornais e revistas. Ficou faltando expor e detalhar a roubalheirada da "redentora".
Apesar de tudo o que sofreu, a democracia continua sob riscos. A ascensão da extrema direita potencializada pelo bolsonarismo fez com que parte da população e dos meios de comunicação perdessem o pudor e passassem a defender abertamente a volta da ditadura (que a Folha, aliás, chama de "ditabranda") e a implantação de um novo regime militar. O que a direita expressou em faixas durante manifestações foi levado à prática a partir do momento em que Lula ganhou as eleições. Documentos, testemunhos e gravações de áudio e vídeo revelam a agressiva preparação do golpe e o que seria seu gatilho: os ataques de 8 de janeiro. Seis décadas depois de 1964, as bancadas golpistas eleitas em 2022 no rastro do neofascismo redivivo são fortes e conseguem, quase que semanalmente, aprovar no Congresso leis e dispositivos que fragilizam a democracia, apesar da resistência e vigilância da minoria de deputados e senadores progressistas. Nesse momento, clubes militares celebram a ditadura em almoços tão festivos quanto significativos. Alguns grupos de mídia parecem normalizar o risco sem temer o ctrl + c e ctrl + v de um dos mais longos e trágicos períodos da história do Brasil.
Lula, contra a posição de muitos brasileiros que o apoiaram e de tantos que ficaram pelo caminho, decidiu ignorar a história.Optou por "conciliar".
sexta-feira, 29 de março de 2024
Na capa da IstoÉ: licença para parlamentar cometer crime
No momento em que investigações apontam envolvimento de pessoas com foro privilegiado em assassinatos, o STF tende a conceder a parlamentares foro privilegiado perpétuo. Suas excelências poderão cometer crimes mesmo após o fim do mandato que terão esse benefício que é uma afronta aos demais cidadãos. O STF corre o risco de virar um puxadinho do pior Congresso que o Brasil já elegeu.
















