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| Reprodução: matéria destaca a rejeição da Suécia às Olimpiadas de Inverno e diz, sem números, que Londres teria dado prejuízo. Reportagem virou "corrente" política entre opositores das Olimpiadas de 2016, no Rio. |
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| Reprodução: matéria do mesmo veículo publicada anteriormente exalta resultados financeiros dos Jogos de Londres. |
por Gonça
Nas chamadas "correntes" de emails que circulam na internet há espaço para tudo. Há "provas" de que o homem não foi à Lua, há notícia de que Fidel Castro morreu há 10 anos e só "aparece" na imprensa à custa de fotos montadas e de imagens holográficas como essa do Cazuza que ilustraram um show em Ipanema. Já vi email com fotos da "mansão" do Lula, com 105 quartos e três piscinas, heliponto, cais para iates, uma capela decorada com objetos retirados de museus e uma banheira de hidromassagem de 30 metros de diâmetro que seria a maior do mundo. Na campanha contra o "Mais Médicos" rodou por aí um email sobre um médico estrangeiro que operou os testiculos de uma crianças por confundir na papeleta amígdalas com glândulas. Um jornal publicou falsos documentos tentando provar que Dilma foi uma espécie de serial killer da guerrilha e as matérias foram engordando com "detalhes" cada vez mais inacreditáveis difundidos por uma "corrente" às vésperas das eleições passadas. Depois viu-se que aquilo não era notícia mas apenas peça de marketing de campanha política travestida de "jornalismo". O velho Almirante tinha um programa na Rádio Nacional chamado "Incrível, Fantástico, Extraordinário". Fazia sucesso narrando fatos sobrenaturais. Hoje, Almirante perderia de longe das fantasias das correntes dos emails. Mas, fica valendo, liberdade de expressão acima de tudo, a maioria das mensagens é mesmo mais engraçada do que bizarra.
O problema é quando a mídia pratica algo semelhante. Deixa de ser humor para ser apenas mau jornalismo. A BBC Brasil publicou uma matéria - que virou "corrente" - sobre a desistência de Estocolmo em sediar os Jogos Olímpicos de 2022. O texto até cita apenas uma vez que são os Jogos de Inverno mas induz o leitor tanto no título quanto na maior parte do texto a acreditar que Estocolmo desistiu de sediar as Olimpíadas sob a justificativa de que serão muito caras e a cidade tem outras prioridades. Olimpíadas de Inverno não se comparam a Olimpíadas de Verão. É como comparar o chá-das-cinco dos ingleses com o o chá-de-bebé da dona Maria. Um evento, o da neve, é infinitamente menor do que o outro, o ensolarado. A edição peculiar levou a "corrente" a divulgar a matéria como uma crítica aos investimentos na Olimpíadas de 2016, no Rio. Bom, a reportagem omite que a candidatura da Suécia não era lá muito forte. Na proposta, eles indicavam cidades a 600 km de Estocolmo para sediar determinadas provas. Os jogos, de inverno e verão, se concentram geralmente em uma cidade. É a tradição. O COI só descentraliza em casos excepcionais como, por exemplo, nos Jogos de Moscou, quando as provas de iatismo foram deslocadas para Talinn, na Estônia, pertencente à antiga União Soviética. Por uma razão muito simples: Moscou não tem mar e as provas eram oceânicas. Um dos trechos da matéria da BBB Brasil informa que jogos como os de Londres dão prejuízo. Isso desmente a própria... BBC Brasil que em extensa matéria mostrou anteriormente os resultados positivos das Olimpíadas de Londres. Se a Suécia não fará os jogos de Inverno, problema político da Suécia. Moscou vai fazer agora em Sochi. Tóquio comemorou a conquista das Olimpíadas de 2020. De resto, a mídia brasileira parece se esforçar para provar que Copa e Olimpíada são péssimos negócios, uma espécie de catástrofe. Só não explicam porque são tão disputadas e merecem farta cobertura jornalística. Nem porque movimentam as economias locais e criam empregos.
