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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Livro sobre a história do Queen conta sobre "selvas" e "esquadrão da morte", roubos e subornos e exotismos no Brasil, em 1981. Parece difícil é saber o que é verdade e o que é "viagem"

por Flávio Sépia
A julgar pelo trecho em que fala de shows no Brasil em 1981, o livro "A Verdadeira História do Queen - os bastidores e os segredos de uma das maiores bandas de todos os tempos", de Mark Blake, parece ter mais fantasia e abobrinhas do que a "verdadeira história". Entre outras coisas, diz que a banda transportou 100 toneladas de equipamento de Buenos Aires para São Paulo "atravessando selvas". O autor deve ter lido história em quadrinho demais ou visto filme de Hollywood onde leões e elefantes passeiam nos subúrbios do Rio. O livro diz que era possível conseguir qualquer coisa aqui em troca de suborno. Ok. Factível. Mas revela que o Queen queria tocar no Maracanã e o governador da época (Chagas Freitas), não permitiu. Ou seja: nem o poderoso "suborno" conseguiu resolver nesse caso. Revela que a banda contratou em São Paulo, para o show no Morumbi, policiais que eram do "esquadrão da morte". Será? Pode ser, mas talvez por interesse da própria banda já que em 1985, no Rock in Rio, Fred Mercury exigiu corredor livre no seu caminho até o palco e ameaçou, caso não fosse atendido, botar seus seguranças para meter a porrada em que estivesse no caminho. Segundo o Queen, havia no palco, em São Paulo, equipamentos com a marca da banda Earth, Wind and Fire, que havia se apresentado no Brasil em 1980. Dizem que tais equipamentos haviam sido "confiscados". O show do Earth, Wind and Fire no Maracanazinho, com esses equipamentos, foi gravado ao vivo e se transformou em um antológico disco. Há textos que dizem que os equipamentos foram roubados "no porto do Rio", embora a banda tenha transitado por aqui de avião. Outros dizem que algumas peças foram retidas pela alfândega por não terem sido declaradas. Os empresários da banda deveriam pagar multa para liberá-las. Não o fizeram e tais peças foram apreendidas e leiloadas depois. Até hoje não se sabe o que é verdade ou o que virou lenda. Houve casos de bandas estrangeiras que se apresentaram aqui e levaram calote em cachês. O livro do Queens fala sobre isso. Eles estavam assustados com essa possibilidade. Mas o caso mais famoso teria sido com o The Police, em 1982, um ano depois da vinda de Fred Mercury e sua turma por aqui. A maioria das bandas procurava vir à América do Sul com aval da gravadora multinacional, o que era uma espécie de garantia. Bob Marley, por exemplo, veio mais ou menos nessa época sob a guarda da então Ariola. Mas de fato havia essa insegurança na Argentina e no Brasil, imagem que, aqui, melhorou a partir de 1985 com a profissionalismo dos promotores Rock in Rio. O livro diz que para o show em Buenos Aires, no estádio do Vélez Sarfield, o grupo teve que providenciar grama sintética para cobrir a grama natural do estádio. Normal. Em Wembley também era e é obrigatório proteger o gramado em eventos e espetáculos. Durante o show de Frank Sinatra, no Maracanã, foi montado um tablado de madeira sobre pinos para evitar maiores danos ao gramado. Nada exótico.
Duas apresentações dessa turnê do Queen teria sido desmarcadas: uma em Córdoba, outra em Belo Horizonte. O autor do livro "não sabe porque". Teria sido falta de público? Embora tivesse seus fãs, o Queen só se tornou fenômeno de massa por aqui só a partir de 1985, com o sucesso no Rock in Rio. A "biografia" do Queen diz que, em 1981, a Argentina estava em uma época de "reorganização política" após a ditadura militar. Errado. Estava em plena e sangrenta ditadura militar, assim como o Brasil (o atentado do Riocentro, em abril, foi no mesmo ano do show do Queen no Maracanazinho, que aconteceu em março. Posso estar errado, mas a impressão que dá é que a história do Queen foi colhida meio "de memória". O que é arriscado tratando-se de uma galera que fundia os neurônios na balada do rock. Capaz de eles terem visto mesmo leões e elefantes a caminho do Maracanãzinho "atravessando selvas". Ainda bem que estavam protegidos pelo 'esquadrão da morte".


domingo, 19 de janeiro de 2014

Historiadora investiga colaboracionismo da grande imprensa com a ditadura

(da redação da JJcomunic)
Uma história que não foi suficientemente escrita e apurada é a colaboração das empresas com a ditadura. Casos como o da Panair e da Tv Excelsior, corporações que foram destruídas pelos militares para favorecer concorrentes se multiplicaram pelo Brasil. Enquanto não aparece o historiador que vai investigar centenas de casos semelhantes envolvendo grandes e pequenas empresas - a Comissão da Verdade ensaiou abordar alguns casos mas silenciou - a historiadora Beatriz Kushnir pesquisou a ação dos censores na imprensa. Ela acaba de lança o livro "Cães de Guarda - Jornalistas e Censores , do AI5 à Constituição de 1988 (Boitempo). Kushnir desfaz o mito de que a imprensa resistiu à ditadura. Não só não resistiu como colaborou. A autora credita aos jornais alternativos o único foco de contestação à ditadura.


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