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sábado, 26 de novembro de 2016

Manchete: nos passos de Fidel Castro



Morreu Fidel Castro. O comandante que sobreviveu a 11 presidentes americanos.

A histórica conta que a CIA gastou todos os seus gadgets e planos terroristas - de charutos explosivos a bombas disfarçadas em livros, de espiões infiltrados a assassinos contratados, de mojitos envenenados a Marita, a namorada contratada pela serviço secreto americano para matá-lo com pílulas de cianureto. Dessa última tentativa, Fidel, segundo o livro da própria Marita, escapou por sorte: ela guardou as pílulas em um pote de creme e o veneno foi inutilizado.

Entre 1958 a 2000, a CIA teria planejado 638 atentados contra o comandante. A maioria das ações foi denunciada por cubanos contatados para participar do assassinado do líder da Revolução. Mais de 160 desses atentados já estavam prontos para o ataque quando foram descobertos e neutralizados.

Fidel Castro também sobreviveu a uma tentativa de invasão da ilha, empreendida por John Kennedy, em 1961. Foi a fracassada operação Baia dos Porcos.

Fidel viveu mais até do que a revista Manchete, a primeira publicação brasileira a colocá-lo na capa, na edição 369, de 16 de maio de 1959. Após três anos de luta, os guerrilheiros haviam tomado Havana no dia 1° de janeiro daquele ano. O Brasil, sob a presidência de JK, logo reconheceu o novo governo cubano e Fidel quis agradecer o gesto em uma das suas primeiras viagens internacionais após a vitória dos guerrilheiros contra o regime do ditador Fulgêncio Batista. Mas a chamada da revista não parecia simpática ao comandante, embora, naquele momento, Fidel ainda tivesse um certo apoio até dos Estados Unidos (os dois países só romperiam relações em janeiro de 1961). Manchete o chamou de "Grande Ator".

Antes, ainda durante a revolução, Manchete enviara a Cuba o fotógrafo Gervásio Baptista.

Fidel Castro e Deborah Berman.
Em Brasília
Fidel só voltou ao Brasil 31 anos após a primeira visita. Foi em 1990, quando veio para a posse de Fernando Collor, o primeiro presidente eleito pelo povo após a ditadura militar. Em 1992 esteve no Rio para a Eco-92; prestigiou a posse de Fernando Henrique, em 1995; e três anos depois fez uma visita de cortesia a FHC e Lula, então candidatos à presidência. Manchete cobriu todas essas visitas. Em duas delas, em raras oportunidades jornalísticas, a repórter Deborah Berman o acompanhou por vários dias, em 1992, no Rio, e em 1999, durante a Cúpula América Latina, Caribe e União Europeia. E, em 1986, a Rede Manchete, em longa entrevista conduzida por Roberto D'Ávila, levou ao ar um "Conexão Internacional" com Fidel Castro. Foi a primeira entrevista exclusiva do líder cubano à televisão brasileira.




Reproduções/Cuba


Fidel morreu em casa, na noite de ontem, 24 de novembro de 2016, em Havana.

Em 13 de agosto, quando completou 90 anos, ele participou do seu último ato público. Nas imagens acima, o comandante entre Raul Castro e Nicolas Maduro. No último dia 15 de novembro, Fidel recebeu o presidente do Vietnã Tran Dai Quang. E a primeira página do Granma, hoje.

Foram as últimas fotos de uma das personalidades mais fotografadas de todos os tempos.


A HISTÓRICA ENTREVISTA EXCLUSIVA DE FIDEL CASTRO PARA O PROGRAMA CONEXÃO INTERNACIONAL, DA REDE MANCHETE



VEJA O VÍDEO COM A ENTREVISTA DE FIDEL CASTRO, LEGENDADA, À REDE MANCHETE, EM 1986. CLIQUE AQUI.


domingo, 14 de abril de 2013

Pobre Haiti... e cadê a blogueira haitiana?

por Wilson B. Alzer
O Diário do Grande ABC publica hoje matéria sobre a invasão de imigrantes haitianos, famintos e miseráveis, no norte do Brasil. Um grave problema social nas mãos dos governos locais. O Haiti é solenemente ignorado pela midia brasileira. Não há registro de instituições e lideranças da direita terem convidado, por exemplo, uma blogueira hatiana para falar dos problemas do país. O Haiti é capitalista, pratica os dogmas do mercado, e haitianos morrem há décadas dentro desses sistema perfeito. O Haiti é tão miserável que não merece a atenção nem do diretor Dado Galvão, o baiano que fez um documentário sobre a blogueira cubana. Mesmo que quisesse, Dado talvez nem recebesse financiamento para exercitar sua suposta arte se o tema fosse o pobre Haiti. Quem liga pro Haiti, capitalista e desbloqueado? Por lá deve estar tudo bem. O país, exemplo de capitalismo e livre mercado, tem renda per capita de pouco mais de 400 dólares, mais da metade da população é analfabeta. Já o país da blogueira ali ao lado, mesmo sob um bloqueio econômico que já passa de 50 anos, tem PIB per capita de cerca de 9 mil dólares, 85 por cento da população moram em casa própria e 99.1 por cento são alfabetizados. O Haiti nem um blog tem para gritar seu drama ao mundo. E não há registro de que entre os miseráveis que fogem da fome, doenças, desemprego e desesperança tenha um blogueiro, sequer alguém possa passar um SMS pro mundo. Cuba, país "fechado", recebe mais de dois milhões de turistas por ano. O número de turistas que chegam ao Haiti não passa de 600 mil/ano. A maioria fica em navios de cruzeiro. Porto Príncipe, a capital, tem apenas um hotel de nível internacional e oferece ao todo não mais do que 500 leitos. O governo brasileira tem colaborado para o incremento de uma indústria de turismo local  com programas de capacitação e treinamento de profissionais. Mas os anfitriões da festiva blogueira não estão nem aí pra isso. Seus interesses são outros e não estão no Haiti nem em Cuba e muito menos na blogueira, um mero instrumento de campanha da direita brasileira.
Leia matéria sobre o drama dos haitianos. Clique AQUI

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O fotógrafo Marcelo Horn capta luzes e cores da fé e religiosidade cubanas

O caminho da fé. Foto de Marcelo Horn

A Sinagoga Beth Shalom. Foto de Marcelo Horn

Kipá na terra da guayabera. Foto de Marcelo Horn

Nas fotos de Marcelo Horn, o judeu solitário e...

...a multidão católica.

Na Igreja de Nossa Senhora da Caridade do Cobre... 

...a oração dos fiéis. Fotos de Marcelo Horn.

por José Esmeraldo Gonçalves
Dilma em Cuba, Cuba é notícial. Na comitiva estão muitos jornalistas brasileiros e, nos próximos dias, certamente veremos na mídia a ilha sob análise. Investimentos do Brasil, reformas econômicas, direitos humanos, dissidentes, Fidel, Raul Castro e as relações internacionais com um país que sofre um bloqueio econômico decretado pelo presidente americano John Kennedy há exatos 50 anos (a operação que visava estragular Cuba economicamente começou em 3 de fevereiro de 1962, meio século na próxima sexta-feira). Haverá muito assunto. Mas o fotógrafo Marcelo Horn, que atuou na revista Manchete, captou um ângulo especial e, de certa forma, pouco focalizado. A expressão da religiosidade local. Marcelo visitou uma sinagoga, uma igreja católica e flagrou uma procissão nas ruas de Santiago. Viu que a comunidade judaica de Cuba é pequena mas ativa. Seriam menos de 2 mil judeus. Em 1959, antes da revoluçao cubana, eram cerca de 15 mil. Alguns historiadores afirmam que entre os judeus que aportaram em Cuba estavam grupos que escaparam de Recife ao fim da ocupação holandesa em 1654.
Há sinagogas em Havana, Santiago e Camaguey. Marcelo fotografou o interior da Beth Shalom, em Havana. Em uma cidade onde há ruas inteiras com prédios em precária conservação, o fotógrafo conta que ficou impressionado ao se deparar com um espaço tão bem cuidado. "É impecavelmente conservada. Não vi nada em Cuba daquele jeito", diz.
A câmera "ecumênica" de Marcelo Horn também flagrou uma procissão católica, religião que, em Cuba,  é marcada  por um forte sincretismo à semelhança daquele que se verifica na Bahia. Centenas de cubanos acompanhavam, em Santiago, a imagem de Nuestra Señora del la Caridad del Cobre, considerada a padroeira do país e que seria a representaçaõ de Ochún (Oxum). A santa, segundo os devotos, teria sido encontrada no mar boiando em uma tábua onde estava escrito: "Sou a Virgem da Caridade".
Um Encontro Internacional de Estudos Sócio-Religiosos realizado em Cuba, há alguns anos, divulgou que cerca de 85 por cento da população teria "algum sentimento religioso".
Marcelo capturou luzes e cores dessa discreta expressão da alma cubana.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Cuba, o passado que não passa (segundo registros de viagem do fotógrafo Marcelo Horn)

Cuba 2011. F\oto: Marcelo Horn

Cuba 2011. Foto: Marcelo Horn


Cuba 2011. Foto: Marcelo Horn

Cuba 2011. Foto: Marcelo Horn


Cuba 2011. Foto: Marcelo Horn

Cuba 2011. Foto: Marcelo Horn

Cuba 2011. Foto: Marcelo Horn

Cuba 2011. Foto: Marcelo Horn

Cuba 2011. Foto: Marcelo Horn

Cuba 2011. Foto: Marcelo Horn
por Gonça
O fotógrafo Marcelo Horn - que atuou na Manchete e em outras revistas da extinta Bloch - acaba de voltar de Cuba. Em férias do trabalho mas não da arte de fotografar, captou aspectos da vida e rotina da sociedade cubana. Muito além da simples visão do turista acidental - ele ressalta que, ao viajar, um dos seus maiores prazeres, além de fotografar, claro, é conversar com pessoas comuns, tentar aprofundar suas impressões sobre o lugar visitado diretamente com a população, afastando-se de um enfoque pré-concebido. Foi o que fez. Marcelo voltou impressionado com a pobreza em Cuba, com o que viu e ouviu sobre precárias condições de moradia, de trabalho, de opções de ascensão social. Este blog publica uma pequena parte desse material. Aqui, Marcelo capta cenas atuais que remetem a um filme rebobinado. Focaliza as mensagens revolucionárias que persistem em meio à tênue e incipiente abertura econômica empreendida por Raul Castro. Enquadra slogans políticos em contraponto a automóveis dos anos 50, (com as honrosas exceções de um Fusquinha, provavelmente mexicano, um Lada russo. um side-car retrô e um jipão com cara de novo, seria um Land Rover?). Antigos Ford. Oldsmobile, Bel-Air, Nash etc são "icones" da presença americana nos tempos do ditador Fulgêncio Batista. Na visão do fotógrafo, confrontados com os slogans, compõem a cena do passado que não passa.