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Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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sexta-feira, 29 de maio de 2015
sábado, 14 de novembro de 2009
Se Hemingway tivesse um blog...
"Naquele tempo não havia dinheiro para comprar livros. Eu os obtinha no departamento de aluguel da Shakespeare and Company, que era ao mesmo tempo a biblioteca e a livraria de Sylvia Beach, na rue de l'Odéon nº 12. Nessa rua fria, varrida pelo vento, a Shakespeare and Company era um lugar acolhedor e alegre, com um grande fogão aceso no inverno, mesas e estantes de livros, novidades na vitrina e, nas paredes, fotografias de famosos escritores vivos e mortos. Todas as fotografias pareciam instantâneos, e até mesmo os escritores mortos tinham um ar muito vivo. O rosto de Sylvia era animado, de linhas marcantes, com olhos castanhos tão vivos como os de um pequeno animal e tão alegres como os de uma menina; seus cabelos, castanhos e ondulados, ela os usava penteados para trás de sua bela testa e cortados abaixo das orelhas, na altura da gola do blusão de veludo castanho que costuma usar. Tinha lindas pernas, era amável, alegre e participante, e gostava de fazer brincadeiras e contar mexericos. Jamais conheci alguém que tenha sido mais gentil comigo. Eu era muito tímido quando entrei na livraria pela primeira vez, não tendo dinheiro sequer para me inscrever na biblioteca de aluguel. Sylvia me disse que eu podia pagar o depósito quando tivesse dinheiro, preparou o meu cartão e encorajou-se a levar quantos livros quisesse. Não havia motivo para que ela confiasse em mim dessa maneira. Não me conhecia, e o endereço que lhe dei, rue Cardinal Lemoins, nº74, não podia ser mais pobre. Mas ela foi cordial, encantadora e amabilíssima". (De Paris é Uma Festa, de Ernest Hemingway. O escritor estava revendo as provas desse livro quando se suicidou em 2 de junho de 1961. Foi publicado pela Civilização Brasileira em 1964. Na "orelha", o editor Enio Silveira escreve que a obra "mostra o escritor no momento em que está, por assim dizer, fechando o círculo da sua atividade intelectual". O título, em inglês, é A Moveable Feast. Ênio Silveira traduziu o livro e, um dos seus grandes amigos, Carlos Heitor Cony, sugeriu a versão em português: "Paris é uma Festa". Talvez seja este um dos títulos mais copiados por jornais e revista. Quantas vezes já não lemos O Rio é uma Festa, São Paulo é Uma Festa, Paraty é uma Festa, Búzios é uma Festa...?. Na reprodução, Hemingway e Sylvia Beach à porta da Shakespeare, livraria que ela transformou em ponto de encontro de jovens escritores, no anos 20, em Paris.)
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