Imagens reproduzidas de vídeo CBF/Divulgação |
por O.V. Pochê
Tite adota o estilo "autoajuda" nas preleções aos jogadores e durante as entrevistas. Às vezes fala difícil, como se fosse um tecnocrata do futebol. Pois os vestiários do estádio doo Al Arabi Sports Club onde a seleção brasileira faz seus treinamentos no Catar, reproduzem nas paredes as bordões. São palavras-chave de incentivo e motivação: "Coragem", "Trabalho", "Mentalmente forte", "Determinação", "Se preparar bem para merecer vencer", "Equilíbrio" , "Força "...
Como Neném Prancha diria se vivo fosse, autoajuda não ganha jogo.
Fico pensando no genial Pelé, em 1958, e se, antes de dar um chapéu no zagueiro na pequena área, ele dizia para si mesmo: "estou cheio de determinação", "tenho coragem".
E Garrincha? Quando entortava adversários em 1962, a Copa em que ditou o ritmo e a magia da seleção, ele usava mantras do tipo "iniciativa", " mentalização", "acreditar"? E Ronaldinho, Ronaldo, Carlos Alberto Torres, Nilton Santos, Romário, Didi, Tostão, Rivelino, Gerson, Rivaldo e tantos outros? O que pensava Ronaldinho quando fez aquele golaço contra a Alemanha em 2002? "Tenho confiança", "trabalhei e mereço vencer"? Romário quando dava um drible curtinho, medido em milímetros, antes de furar as redes vibrava com um "caraio, tô mentalizado".
Sei não, Neymar está tão confiante que já anda com a sexta estrela do Hexa no logo da CBF, mas o Brasil vai precisar muito mais de autoajuda e do já ganhou" para não voltar cedo pra casa.
A grande dúvida do Brasil - e que vai deixar os torcedores tensos - é como o time vai se comportar diante de uma seleção competitiva européia. O time de Tite não sabe o que é isso desde que perdeu para a Bélgica em 2018. Foi pro Catar no escuro. A caixa preta só começará a ser aberta nos jogos contra Sérvia, Suíça e Camarões. Vamos encarar?