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sábado, 3 de setembro de 2016

Fórmula 1: quando a Manchete acelerava nas pistas. E a capa de Rubens Barrichello, que foi feita mas não existiu...

por Jean-Paul Lagarride
O piloto Felipe Massa, da Williams, anunciou sua decisão de se retirar da Fórmula 1 ao fim da temporada de 2016. E o outro brasileiro no atual grid, Felipe Nasr, da Sauber, ainda depende da renovação de contrato ou de proposta de nova equipe.

Caso essas alternativas não se concretizem, o Brasil, pela primeira vez desde o começo dos anos 1970, não estará representado nas pistas da categoria em 2017. A última vitória de um brasileiro na F1 foi em 2009, em Monza, com Barrichello correndo pela Brawn-Mercedes

A partir das primeiras vitórias e do bicampeonato de Emerson Fittipaldi, os pilotos brasileiros que venceram provas ou títulos na principal categoria do automobilismo fizeram pit stop nas páginas ou nas capas da Manchete. Nelson Piquet e Ayrton Senna, ambos tricampeões, estiveram nas capas de inúmeras edições.

Observe que a revista especial sobre a conquista de Emerson Fittipaldi (acima), de agosto de 1972, incluía um disco. Era "edição sonora". A sinergia entre os meios impressos e digitais tão comum hoje estava longe acontecer. Melhor dizendo, não aparecia nem no horizonte da ficção científica. Incluir um compact disc analógico como complemento multimídia (essa palavra também nem existia) de uma revista era uma modernidade. Um parêntese: a Fatos & Fotos foi pioneira na fórmula, em 1969, ao lançar uma edição especial da chegada do homem à Lua com um disco grátis que reproduzia o áudio dos diálogos entre Neil Armstrong, Buzz Aldrin, Michael Collins e a Nasa.

Rubens Barrichello, que começou a correr na categoria em 1993, ganhou mais destaque nos anos 2002 e 2004 quando foi vice-campeão.


Dois anos antes, a Bloch Editores havia pedido falência. A revista Manchete ainda teve uma sobrevida editada por ex-funcionários mas não resistiu às exigências e aos custos do mercado a partir da virada do século.

Curiosamente, Barrichello, como a viúva Porcina, "a que foi sem nunca ter sido" da novela "Roque Santeiro", foi a capa que não existiu da edição que seria a última da trajetória regular da Manchete, que não chegou a ser impressa.

Explica-se: Rubinho ganhara uma prova e a redação decidira pôr o piloto da capa. Logo após o fechamento, oficiais de Justiça entraram no prédio da Rua do Russell, comandaram a retirada abrupta de todos os funcionários e lacraram as instalações.

A Bloch havia pedido falência. E Barrichello não completou a última curva antes de chegar à capa.

Felipe Massa, que estreou na F1 em 2002, chegou atrasado para se destacar na Manchete.

Precisamente, dois anos depois de a revista se retirar das pistas. Ou melhor, das bancas.

NR1: A capa de Barrichello reproduzida acima é a de um cartaz de banca (peça promocional) que a Manchete entregava aos jornaleiros). Esse cartaz, exemplar único (era ainda uma prova gráfica), foi preservado por José Carlos de Jesus, ex-chefe de reportagem da revista e atualmente presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE).  

NR2: Leia comentário anexado a este post. J.A.Barros, ex-diretor de Arte da revista Manchete, acrescenta alguns detalhes sobre a capa de Barrichello na edição que nunca chegou às bancas.