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terça-feira, 11 de julho de 2023

O Glorioso, de Biriba a Tiquinho • Por Roberto Muggiati

 

Biriba entra em campo.


A pose ao lado do time formado


Carlito Rocha e Biriba. Fotos Manchete Esportiva e Arquivo Botafogo 

Tiquinho. Foto Victor Silva/Botafogo

A Estrela brilha de novo. A conquista do campeonato carioca de 1948 foi marcada – e segundo alguns devida ao cachorro Biriba. O vira-lata, que pertencia ao zagueiro reserva Macaé, invadiu o gramado no 10x2 dos aspirantes do Botafogo sobre o Madureira, como se comemorasse a vitória. O carismático Carlito Rocha, presidente do clube, adotou o cachorro de pelagem alvinegra como mascote do time. Biriba passou a comparecer a toda partida. Quando o Botafogo estava atrás no placar, Carlito o soltava no campo para interromper o jogo. Nas vezes em que isso aconteceu, o Botafogo acabou virando a partida.

Passados 75 anos, os dias de glória estão de volta. O herói desta vez é um craque também com dois “i”s no nome, Tiquinho Soares. Artilheiro do Brasileirão, ele comanda a impressionante arrancada do Botafogo, dez pontos à frente do segundo colocado, com um aproveitamento de 85% em 14 jogos, com 12 vitórias e duas derrotas. Nem a saída do técnico português Luís Castro abalou o time, que vem de uma vitória fora de casa sobre o Grêmio, seu principal concorrente. Aos 32 anos, o paraibano Francisco de Chagas Soares dos Santos rodou o mundo antes de surgir, aparentemente do nada, no Botafogo. De times do Nordeste passou pelo Pelotas, jogou em clubes de Portugal, no Tianjin Teda da China e no Olympiacos da Grécia. Chegou ao Glorioso como um estranho no ninho, trazido pelo treinador Luís Castro, que o conhecia do futebol português.

Em torno de Tiquinho, outras estrelas iluminam a equipe em que tudo parece dar certo: o goleiraço Lucas Perri, que botou Gatito no banco; o megazagueiro Adryelson, Tchê Tchê, Di Placido, Luís Henrique, Carlos Alberto, Eduardo e o dançarino Segovinha. Vai ser difícil um time desbancar este Botafogo encantado. O segredo? Mais é menos, o lema do minimalismo. Na contramão da chatíssima posse de bola espanhola, o Botafogo investe apenas no golpe certeiro, com uma eficácia fatal.  Como nos dez gols do artilheiro de 1m87, Tiquinho, que joga um montão.