quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Você conhece o Gilberto Tumscitz? • Por Roberto Muggiati

Gilberto Braga. anos 70, quando ainda era
Tumscitz. Foto Arquivo Pessoal.
Muita gente famosa começou anonimamente na Manchete. Cito alguns, aleatoriamente: o Mago Paulo Coelho (foi correspondente em Londres), o bailarino Carlinhos de Jesus (trabalhou na administração), o repórter-mártir da TV Globo Tim Lopes (foi contínuo na redação, ali ganhou o apelido pela cabeleira à Tim Maia), o saxofonista Leo Gandelmann (era fotógrafo), o roqueiro Júlio Barroso (da Gang 90 & Absurdettes, foi da Sucursal em Nova York), o autor cult Paulo Leminski (em 1969 passou sem deixar traços pelo Departamento de Pesquisa da Bloch), Belisa Ribeiro, assessora de comunicação do Presidente Collor (foi repórter da Manchete) e muitos outros.

Um deles, um rapaz tímido na casa dos vinte anos – formado em Letras pela PUC e professor na Alliança Francesa – começou escrevendo na reportagem da revista Manchete sob o nome  de Gilberto Tumscitz (o sobrenome materno), os colegas o chamavam afetuosamente de Gilberto Tumtum.

Já escrevi aqui no Panis sobre a figura especial do Serge Elmalan, diagramador que Justino Martins contratou para as revistas da Bloch em Paris.  Certa noite, Serge convidou-me para uma “reuniãozinha” em seu apartamento no Lido, num prédio vintage, no estilo art déco. Ao entrar, surpreendo-me com um “petit comité” de celebridades: a romancista Françoise Sagan (Bonjour Tristesse), a Begum Aga Khan (viúva de um dos homens mais ricos do século e mãe do playboy Ali Kahn, ex-marido de Rita Hayworth), o cineasta Jacques Deray (dirigiu Alain Delon em Borsalino, um precursor francês de O poderoso chefão). A imprensa brasileira nunca chegou a saber da visita destas personalidades ao Rio – mesmo porque sua única visita deve ter sido ao apartamento do Serge. Da Manchete, só eu e Gilberto Tumscitz, acompanhado pela mãe. (Depois do trauma de perder o pai de infarto fulminante aos 17 anos, Gilberto presenciou, aos 27, o suicídio da mãe, que se atirou do apartamento de Copacabana onde moravam, perdas brutais que se refletiriam em muitos dos seus enredos.) 

Sentindo-se estagnar na Bloch, Gilberto foi escrever críticas de teatro e cinema no jornal O Globo. Em 1973 o ex-foca da Manchete iniciava na TV Globo o que seria uma carreira vitoriosa de quase meio século como um dos melhores autores de telenovelas do país.


Um comentário:

Luíza disse...

Gosto dessas histórias. Não sou tão nova assim mas quando leio isso acho estranho que o Rio não recebe mais o jet set (era como saia nas colunas sociais). Medo? Decadência? Eu que sei?