quinta-feira, 16 de março de 2023

A palavra é "arcabouço" fiscal

A palavra mais ouvida e lida na midia nas últimas semanas é... arcabouço. Não se sabe quem usou primeiro o vocábulo para definir um esperado pacote do governo. É um tal de arcabouço fiscal pra lá e pra cá, tanto por parte de jornalistas quanto no linguajar dos tecnocratas. Pois o popular dicionário oferece uma definição restrita para a palavra acabouço. Trata-se de um substantivo masculino para "estrutura óssea que sustenta um corpo humano ou de animal, esqueleto". Quem foi buscar esse termo? Espera-se que depois do "esqueleto" não venha aí a "noiva cadáver",  Jack Skellington, Caveira Vermelha...

A propósito, não é a primeira vez que economistas recorrem ao terror para definir conjunturas. Quem não ouviu falar em "esqueleto" para nomear grandes dívidas ocultas deixadas por gestores antecessores?

terça-feira, 14 de março de 2023

Depois das fraudes, neoliberais costumam pedir socorro ao Estado

 

O liberalismo sonha com o fim do Estado. O neoliberalismo trabalha para isso. Mas nenhuma dessas ideologias abre mão do dinheiro público. Ao contrário, com a ajuda de políticos, administradores e juízes corruptos vai buscá-lo onde estiver. Nos Estados Unidos, a quebra de dois grandes bancos pode novamente, como em 2008, resultar em bilionária ajuda do governo federal. No fim, os golpistas - e esse o nome correto - se dão bem. No Brasil, no fim dos anos 1990, o governo do PSDB distribuiu "Bolsa Banqueiro".  Mesmo agora, a fraude das Lojas Americanas provoca nos jornalões uma comoção em defesa dos grandes investidores trambiqueiros. A equação neoliberal em setores sensíveis é simples: roubam, provocam a crise financeira e depois usam clientes, empregados, fornecedores como pretexto e se lembram do impacto social para pedir ajuda pública.

 

sexta-feira, 10 de março de 2023

O amigo do alheio

Depois do sumiço da ossada de Dana de Teffé, a milionária assassinada no começo dos anos 1960, no Rio de Janeiro, o novo grande mistério brasileiro envolve as jóias afanadas por Jair Bolsonaro, o chamado "presente masculino” que foi contrabandeado das Arábias para o aeroporto de Guarulhos. O valioso "presente feminino", como se sabe, foi apreendido pela Receita Federal com duas “mulas” - um sargento e um almirante - que desembarcaram em São Paulo.

Bolsonaro foi deputado e, nas internas teria o hábito de confundir a seu favor o público e o privado. Por exemplo, manteve um apartamento funcional para “comer gente”, como declarou. E, pelo que se sabe, não se referia a canibalismo. O elemento nunca foi bom em matemática e por isso teria cometido enganos monumentais ao registrar a compra de combustível pago pela Câmara. Provavelmente o tanque do seu carro era furado pois a conta era sempre maior do que cabia no recipiente. A seu favor registre-se que inconsistências contábeis são comuns entre legisladores menos republicanos. Há quem diga que os postos de combustíveis de Brasília vendem mais gasolina per capita do que Arábia Saudita e Estados Unidos, juntos.

Ao entregar o governo recentemente Bolsonaro deixou o Alvorada praticamente no osso. Uma frota de caminhões-baú foi empregada para transportar móveis, objetos e até o conteúdo do frigorífico e da dispensa. A ordem, como disse um funcionário da Presidência, era não deixar nada para Lula e Janja. A propósito, as autoridades já localizaram e checaram o inventário do que foi levado pelo comboio madrugador?

Deve ser exagero dos adversários, mas lendas no Salão Verde da Câmara entre deputados de antigas legislaturas e ex-parlamentares atribuem o sumiço de mimos décadas atrás a uma curiosa patologia que tornaria o suspeito incapaz de distinguir o “personalíssimo” do público. Era um tal de canetas, xícaras, laptops, tablets, papel higiênico dos banheiros e remédios da farmácia abduzidos ou levados para outra dimensão...

Essa era, digamos a atividade local. Bom mesmo era participar de “missões” no exterior ou integrar comitivas presidenciais em viagens à Europa ou Estados Unidos. Na volta em tão ilustre companhia, as figuras felizardas escapavam do controle da alfândega. Um dia, um parlamentar nostálgico dos antigos clássicos do cinema teria esquecido no desembarque uma caixa de finas meias de nylon. Sua excelência em questão era um convicto solteiro, mas isso não vem ao caso.

Pois é.

O distinto leitor precisa saber que até 1991, a regra era clara. Todos, isso mesmo, todos os presentes recebidos pelos presidentes da República eram, por definição, pertencentes ao Estado.

Quem mudou a lei. Elle mesmo, Collor de Mello.

quarta-feira, 8 de março de 2023

Midia - ou o repórter vende sua matéria a preço de sacolé ou fica sem espaço



 




Veja aqui a matéria recusada pela mídia brasileira e publicada em inglês no site 

Visite o Instagram de Yan Boechat

Mídia: Folha apela para mensagem subliminar?

 

por O V.Pochê

Em movimento desinibido para a direita, a Folha de São Paulo pretende manter laços com o bolsonarismo. Nas páginas do jornal têm desfilado entrevistados do grupo que apoiou a tentativa de golpe de 8 de janeiro. Diz-se que é preciso ouvir os novos e radicais congressistas do PL. O "outro lado", mesmo antidemocrático, sempre terá espaço no jornalão. É regra.

Nessa linha, a Folha foi ao Google para desencavar o caso de uma nobre injustiçada, ô coitada. A rainha (Mijóias?) teria sofrido horrores ao ser envolvida em um escândalo disparado por um valioso colar. 

A Folha informa no título da matéria que a tal rainha (Mijóias?) foi terrivelmente injustiçada. A sutileza da matéria tem o tamanho de um elefante. Parece mais um alerta: "cuidado", seria a mensagem? "Não massacrem a 'rainha', ela é inocente". Menos, Folha.

domingo, 5 de março de 2023

Na capa da Carta Capital: o legado do delinquente

 


A Folha não falha: em matéria hoje jornal apresenta a defesa de Bolsonaro no golpe dos diamantes

 

Reprodução Folha de São Paulo em 5/3/2023

A Folha não apurou coisíssima alguma sobre o caso dos diamantes que Bolsonaro tentou sequestrar da Receita  Federal. A matéria foi um exclusiva do Estadão. Mas o jornalão dos Frias se esforçou para reunir vários depoimentos em defesa de Bolsonaro e suas "mulas" de jóias. 

sábado, 4 de março de 2023

Para Ariel Palácios calor em Buenos Aires é culpa da esquerda

 

Reprodução Twitter 

Diamantes não são para sempre - Estadão revela muamba de Bolsonaro



Reproduções Estadão 4/3/2023

Termo de apreensão da muamba

O cinema tem um antigo fascínio por diamantes e jóias caras. São clássicos filmes como Ladrão de Casaca, a franquia Pantera Cor de Rosa, 007 Os Diamantes são Eternos, Oito Mulheres e um Segredo, Um Plano Brilhante... 

O governo Bolsonaro se extinguiu mas não para de produzir escândalos. Claro que em uma dessas bizarrices suspeitas faltava aparecer um pacote de jóias milionárias. Não falta mais: os diamantes apareceram no aeroporto de Guarulhos.

Os jornalistas do Estadão, Adriana Fernandes e André Borges, revelaram a trama com toques das mil e uma noites.  Ministro e militares de alta e baixa patente integraram uma força tarefa cuja missão era fazer adentrar ao Brasil um caixa de jóias no valor de 3 milhões de euros que estava destinada ao pescoço de Michelle Bolsonaro. No pacote, que era um presente da ditadura saudita, havia um caríssimo relógio que, provavelmente, iria enfeitar o pulso de Bolsonaro para ele tirar onda em motociatas. 

Os fiscais da Receita desconfiaram do militar sacoleiro e o fizeram passar pelo raio-x. A muamba estava disfarçada em uma caixa com um estatueta quebrada. Flagrada, a tentativa de contrabando ou descaminho não funcionou e o tesouro não declarado foi aprendido.  

A jogada aconteceu em fins de 2021. Bolsonaro não se conformou e escalou em seguida um exército de "despachantes" para tentar, em vão, durante um ano, recuperar o butim. A última tentativa foi a três dias do fim do mandato de Bolsonaro. 

Vários ministros se mobilizaram para botar a mão nos diamantes. Os funcionários da Receita cumpriram a lei e resistiram ao assédio irregular das autoridades. 

Agora o Estadão revela a trama digna de figurar em um filme. 

Se não um candidato a clássico, mas uma tremenda chanchada bolsonarista.  

sexta-feira, 3 de março de 2023

Mídia: segundo a Folha, trabalho escravo tem "outro lado"

 

Reprodução Folha de São Paulo 


por José Esmeraldo Gonçalves

Demorou alguns dias mas a Folha de São Paulo finalmente montou uma pauta com o "outro lado" do flagrante de trabalho escravo nas vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi, em Bento Gont (RS). 

Ao contrário dos principais jornais do mundo, que defendem o que apuram, a mídia brasileira ainda mantém o "outro lado" como forma de "aliviar" denúncias incômodas . É simples: se uma história é corretamente apurada e checada e, no caso, coberta de evidências e de ações de promotores e policiais,  praticar o "outro  lado" fora de critérios servirá apenas para desmentir todo o trabalho jornalístico do próprio veículo. 

Na mídia em geral há casos de reportagens investigativas repletas de documentos, testemunhos e até vídeos e áudios publicados que vêm acompanhadas de "justificativas" dos flagrados. São argumentos tão irreais que até ofensivas à inteligência. 
O jornal publica tudo e, para o leitor, fica o dito pelo não dito. 

Resta a impressão de que parte da mídia brasileira seria capaz de buscar o "outro lado" até para, digamos, relativizar as atrocidades nazistas. Além disso, ouvir o "outro lado" é questão de interesses: há casos em que os editores deliberadamente não pautam o "contraditório".

Pois no caso dos escravizados do vinho, a Folha (que, aliás, evita e expressão trabalho escravo e mesmo a hipócrita "análogo a trabalho escravo") foi buscar depoimentos que desclassificam as denúncias. Conclui-se que todo mundo lá é gente boa e os trabalhadores baianos estão de sacanagem ao incriminar patrões tão tão civilizados e defensores da lei e dos bons costumes. Segundo a Folha, a comida era beleza, o galpão tinha até ar ccondicionado, a segurança no local era necessária para punir trabalhadores ladrões e as condições de trabalho eram tão boas que muitos escravizados queriam até voltar após cumprir o serviço temporário, sem ligar para torturas, choque elétrico e ser refém por dívidas. 

A Folha não surpreenderá ninguém se publicar nos próximos dias uma entrevista com o vereador Sandro Fantinel,  que descreveu os baianos como vagabundos que vivem na praia tocando tambor e como pessoas sujas que não cuidam dos alojamentos cinco estrelas. 

E o toque final de cinismo: o barracão que "hospedava" os escravizados é chamado de Pousada do Trabalhador. O jornal não informou se tem hidromassagem, sauna, café da manhã continental, academia de ginástica e piscina. 

quinta-feira, 2 de março de 2023

O jornalismo brasileiro é viciado em off

por José Esmeraldo Gonçalves

Off, em jornalismo, é a prática de difusão de uma informação sem que o repórter identifique a fonte. Uma espécie de "por fora". O entrevistado revela qualquer coisa sob a condição de anonimato. 

A fonte em off mais famosa e legítima do jornalismo foi certamente o "Deep Throat" do rumoroso Caso Watergate. Um funcionário do governo passava a Bob Woodward e Carl Bernstein informações cruciais que orientaram a apuração do escândalo e levaram os repórteres a mapear os personagens da invasão do escritório do Partido Democrata em Washington.  A identidade do informante só foi revelada em 2005. A até então misteriosa fonte era o vice-diretor do FBI no começo dos anos 1970, Mark Felt, que contou a própria história em um artigo que escreveu para a Vanity Fair. 

Para os jornalistas brasileiros Brasilia é a cidade que mais tem "deep throat" no mundo. Eles encontram um desses,  como se fossem pokémons, em cada corredor do poder. A função off foi assim banalizada. "Fonte ligada ao PT", "uma alta autoridade do Judiciário", "fiz um bastidor na Câmara e constatei", "uma fonte da PF", "uma fonte do alto comando militar", "ouvi de um ministro do Supremo". Esse tipo de referência serve de muleta tanto para informações banais como para veicular "balões de ensaio" ("notícias" muitas vezes falsas que são lançadas para gerar repercussão ou "testar" reações a determinadas medidas ou supostos fatos) e lobbies. Tanto abuso compromete o uso da função off, que originalmente não deveria ter valor declaratório, por ser anônima, mas poderia ser útil, como no Watergate, para balizar investigação do fato e orientar a apuração do repórter. 

Observe: colunistas e comentaristas de TV raramente conversam com pessoas que assumem CPFs, RGs e o que dizem. São todos anônimos, secretos ou "laranjas" de si mesmos. O anonimato como regra deixa de ser técnica de apuração e vira patologia

Luis Nassif, no link abaixo, comenta  com propriedade a febre do off, um excesso que assola o jornalismo e compromete a credibilidade. 

https://jornalggn.com.br/midia/a-praga-do-off-transformou-a-midia-em-um-celeiro-de-baloes-de-ensaio/


A máquina de fazer subcelebridades

 por Clara S. Britto



Rosana Hermann relembra no Twitter as subcelebridades de ocasião. A internet acelerou a produção dessas figuras. Hoje são digitais e brotam das redes sociais. Dos analógicos anos 1980 vale acrescentar o Beijoqueiro, que abordava famosos e tascava-lhes chupões monumentais. Isabelita dos Patins, o gari Sorriso e Chiquinho Scarpa estão na lista. Mais recentes são Geisy Arruda, a do vestido rosa que chocou faculdade moralista, Daniella Cicarelli, ex de Ronaldo e pivô de vídeo polêmico, Angela Bismark, reconstruída por cirurgias plásticas, e Thereza Collor, a musa do impeachment desfilaram na mídia por algum tempo  Luciane Hoepers, que foi capa da Sexy, virou musa da Lava Jato. O sósia do Obama era contratado para eventos no Rio até sumir ao fim do mandato do seu inspirador. Sósias de Elvis Presley são uma espécie de tradição: o Brasil teve vários que frequentaram o Chacrinha, mas logo foram substituídos pelos imitadores de Michael Jackson. Gracyanne Barbosa fitness, Vera Loyola emergente e o "meu nome é Enéas" tiveram seus tempos de fama. E, por último, Manoel Gomes, o ator de "Caneta Azul", canção que explodiu na web.
Atualmente, é até difícil acompanhar as subcelebridades que as redes sociais despejam no universo da web.  Lançadas por uma acelerada linha de montagem digital elas pulam aos montes do virtual para o real. A maioria some tão rápido quando a internet as revela. São cometas que brilham por instantes antes que um buraco negro cósmico as leve.
 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Bola murcha...

 


por Niko Bolontrin

A noite de gala da FIFA, que apontou os Melhores de 2022, mostrou o momento crítico do futebol brasileiro e da maioria dos brasileiros que jogam no exterior. Apenas Casemiro salvou a pátria ao integrar a seleção do ano. Richarlyson concorreu ao prêmio Puskás de gol mais bonito, mas perdeu para   Mesmo Vini e Rodrygo, apesar da excelente fase no Real Madrid, foram ignorados. Antony também é uma boa exceção entre o exportados. Neymar há muito deixou a elite do futebol na fase do "regional" PSG, time que tem Mbappé e Messi, dois dos melhores do mundo, mas consegue a proeza de praticar futebol medíocre. 

A festa da FIFA foi dominada pela Argentina, que emplacou o melhor treinador (Lionel Scaloni), o melhor goleiro (Emiliano Martinez ), o melhor jogador (Lionel Messi) e até a melhor torcida. Méritos da seleção campeã do mundo. 

A propósito, a premiação se refere à performance dos escolhidos em todo o ano passado. O jornalismo esportivo brasileiro em geral exaltou a suposta qualidade da seleção brasileira esquecendo que bons jogadores precisam funcionar coletivamente e mostrar estratégia. Coisa que não aconteceu. Para muitos, a Copa já estava ganha. Tite era o máximo na face da terra. A Croácia, por exemplo, não concordou com o ufanismo dia coleguinhas. 

"Livramento" 171

Reprodução Twitter 

 

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Sábado de campeões

 


Ontem, um grande grupo de amigos se reuniu para saudar o editor Dirley Fernandes que nos deixou em 15/2, e o fotojornalista Berg Silva, que faleceu em fins de 2022. Como eles certamente  gostariam, a tarde foi de samba, cerveja, cachaça, feijoada e a bandeira da Portela. O encontro aconteceu no Baródromo, na Tijuca. Alex Ferro fotografou o brinde. 

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Na capa da Carta Capital: a corrupção privatizada

 




IstoÉ: revista mostra que a República dos Canalhas acabou ...

 


Mídia: "corta o nome do mito aí, tá oquei".

Reprodução Twitter 


 A TV Record não faz jornalismo: responde aos interesses da indústria religiosa. Por isso, não chega a ser surpresa a edição de um matéria sobre a chacina de Sinop. O editor manipulou a imagem para eliminar o nome de Bolsonaro no boné de um dos assassinos. Com vasta folha corrida, o bolsonarista e CAC era um seguidor do anormal homiziado em Orlando (FL.). A Record, também adepta de Bolsonaro, quis preservar o elemento que lhe repassou tantas verbas públicas.