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quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Memórias da Redação - Há 30 anos, a última mensagem de Adolpho Bloch e o estranho caso da urna enterrada e esquecida na Quinta da Boa Vista. Por José Esmeraldo Gonçalves

 

A página de abertura da Manchete especial sobre a morte de Adolpho Bloch.
Clique na imagem para ampliar o texto 


No dia 20 de novembro de 1995, chegava ao fim do meu último ano na Revista Manchete, da qual me desligaria em fevereiro de 1996. Fechava-se uma etapa da minha carreira e, a revista perdia seu fundador. Foi um mix de dia agitado e de comoção diante do fechamento da edição especial sobre Adolpho Bloch. Enquanto o numero 2.277 tomava forma na redação,  oito andares abaixo, no hall do prédio da Rua do Russell, o Bloch era velado cercado pela família e centenas de amigos. Pessoalmente ou por telefone, repórteres colhiam depoimentos de personalidades, entre as quais o então presidente Fernando Henrique Cardoso, Leonel Brizola, Roberto Marinho, o primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, Franco Zefirelli, Oscar Niemeyer, Darcy Ribeiro e Barbosa Lima Sobrinho. Eu me recordo que Zevi Ghivelder me pediu para escrever o pequeno texto de abertura acima reproduzida. Quase fim do fechamento, com tantas páginas reunindo múltiplos perfis de Adolpho, confesso que eu não sabia bem o que destacar. Pensei em uma das suas mais marcantes características: o amor ao Brasil. 

Hoje, vendo certas figuras desprezíveis apelando aos Estados Unidos para bombardearem o Rio de Janeiro ou bancadas espúrias no Congresso aprovando leis em interesse próprio e seguramente inconfessáveis observo o quanto esse sentimento faz falta.

Revendo o expediente daquela edição, vejo que o tempo passsou tão rápido quando um trem-bala. Como assim, 30 anos ? Levou alguns amigos, felizmente deixou tantos outros e muitas lembranças.  


Por último, uma curiosidade sobre o recado póstumo "Sejam todos felizes neste país que tanto amei" - 

Em 1973, Adolpho foi convidado a escrever um depoimento que foi depositado em uma urna enterrada no museu da Quinta da Boa Vista. Os registros deveriam ser abertos apenas no centenário da Independência, em 2022.  Pelo que se sabe, a urna foi esquecida. Em todo caso, um trecho colhido em uma cópia resgatada pela Manchete tornou-se a mensagem final de Adolpho Bloch.