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sexta-feira, 19 de junho de 2015

Memórias das Redações: "Pé frio", com todo respeito

Nos tempos da Enciclopédia Bloch com Moacir Japiassu
e José-Itamar de Freitas...

...na redação da Pais&Filhos com a diretora Angela Teresa e...

...na ElaEla, com a Cicciolina, que veio ao Brasil para posar
para a revista. Fotos: Arquivo Pessoal


Com a equipe da EleEla. Estão na foto, entre outros, Rochinha, Nelio, Weber, Macedo, Fábio e Luiz Paulo e... 
...com os colegas de várias redações em frente ao prédio da Manchete, na Rua do Russell. Fotos Arquivo Pessoal
por Nelio Horta (de Saquarema)
Todas as pessoas que trabalham ou trabalharam em jornais ou revistas, sabem o significado da palavra “FECHAMENTO”. Não sei como é hoje, mas antigamente, nas edições diárias ou semanais, é aquela  hora em que as teorias do bom senso são todas desrespeitadas, hora em que a pressão é total, hora em que bate o desespero com os prazos, cada vez mais apertados, hora do “deixa que eu chuto”, enfim um Deus nos acuda, com editores, repórteres e fotógrafos, tentando a melhor maneira de chegar ao tão famigerado “FECHAMENTO” dos cronogramas estabelecidos.
Com a crise econômica rondando as redações de todos os jornais, o que se vê, atualmente, são os “PASSARALHOS”, como se dizia no meu tempo, demitindo centenas de profissionais da imprensa que procuram alternativas de salário  para suas funções, embora se saiba que o salário de jornalista, hoje, é baixo, o que vem desestimulando os jovens na procura da tão chamada  profissão romântica.
“FECHAMENTOS”
Nos anos 50, muito novo, ainda estudante, consegui  um “bico” na revisão do “Diário da Noite”, jornal verde, do Assis Chateaubriand, que tinha o “Dr. Eiras”, como chefe da Redação, o Paulo Vial Corrêa e o Brum nas chefias e o Marcelo Pimentel, que era Editor de Política, chegou a ser Ministro e, ainda hoje, está no Correio Brasiliense  apesar da idade. Neste jornal  conheci o Sérgio Cabral, pai, o Evandro Teixeira, o Fernando Bruce e o Sandro Moreyra, nos esportes,  e o José Carlos Avellar, que era retocador de fotografias. Também conheci o Carlos Rizzini, o Nelson Rodrigues, o Austregésilo de Athaíde e o famigerado Volmar, no DP. Na redação do “ O Jornal”, alguns andares acima, no prédio da Rua Sacadura Cabral, 103, funcionava  “O Jornal  Feminino”, suplemento semanal dirigido por Elza Marzullo, uma precursora  na interação com o público. no qual também trabalhei, agora como desenhista. Os dois jornais FECHARAM.
Mas o objetivo principal desta matéria, não é o de falar dos jornais por onde andei, mas o de comentar as publicações, que, feliz ou infelizmente, ou por vários motivos, FECHARAM suas existências e me colocaram reconhecidamente como autêntico “ pé frio”.
Depois do “Diário da Noite, que FECHOU duas vezes, uma como jornal tradicional e outra como tabloide, sob o comando do Alberto Dines, do FECHAMENTO do “O Jornal”, fui trabalhar  na TV Tupi, na cenografia, com o Aldir, que mais tarde também foi da TV Manchete, que FECHOU. Na Tupi, meu chefe era o Carlos Thiré, casado com a Tônia Carrero e pai do Cecil  Thiré. Tudo era improvisado. Sem a tecnologia de hoje,mais parecia  uma carpintaria, com escadas,  madeiras e muitas “marteladas”. Eu trabalhava num anexo, em frente, e atravessava a rua arrastando câmeras recondicionadas, tendo o cuidado de fazer sinal para os ônibus que passavam, para  não ser atropelado. FECHOU.
Depois fui convidado pelo Ezio Speranza, um italiano boa praça que eu conhecera  nos tempos do “Diário da Noite”, para trabalhar na Fatos&Fotos, da Bloch, na Frei Caneca. Era uma equipe fantástica: Dines, José-Itamar de Freitas, Ney Bianchi, Macedo Miranda, pai, P. A. Grizzoli, A. Cordeiro de Oliveira, Raul Giudicelli, José Augusto Ribeiro e muitos outros. Na Bloch, além da Fatos&Fotos, trabalhei na Enciclopédia Bloch, na Pais&Filhos, na Sétimo Céu e na EleEla. Todas FECHARAM.
Nesta época era comum nós trabalharmos em vários jornais, de dia e à noite. Passei pelo “Diário de Notícias”, na Rua Riachuelo, onde trabalhei com o Luiz Luna, o Vanderlino Nunes, o Ascendino Leite, o Luiz Alberto e o Teixeira Heizer, nos esportes, o Adail, chargista, Maria de Lourdes Pinhel, Tobias Pinheiro, Nilo Dante, o fotógrafo Campanella Neto e o Dr. Prudente de Morais, neto, entre tantos outros. FECHOU.
No “Mundo Ilustrado” com o Hugo Dupin, pai do Fábio Dupin, no Departamento de Arte. FECHOU.
Com o Renée Deslandes fui trabalhar  na “Folha da Guanabara”, cuja redação era perto da praça Mauá. FECHOU.
Na época da Ditadura eu estava na “Tribuna da Imprensa”, do Hélio Fernandes. Trabalhei com o Guimarães Padilha, o Neil Hamilton e o Dom Rossé Cavaca, que tinha um fusca todo revestido em “madeira”. Um incêndio nas rotativas, provocado, segundo disseram  por militares, transformou toda a equipe em “soldados do fogo”. FECHOU.
Em 1º de maio de 1965, fui, chamado pelo Dines  para o “Jornal do Brasil”, o grande jornal que revolucionou a imprensa em todos os tempos. Eu me orgulho de ter sido de um jornal da qualidade e envergadura do JB, assim como de Bloch Editores. Comecei na redação como repórter, só mais tarde passei para o Dep. de Arte. Neste mesmo ano, o JB, que exportava profissionais, me  mandou para a “Gazeta do Povo”, de Curitiba, para fazer uma reforma no jornal. Durante o tempo que permaneci  lá,  a “Gazeta” saiu com a “cara do JB”. A edição impressa do JB  FECHOU, permanecendo a digital.
Trabalhei ainda na revista “Chuvisco” que  para variar FECHOU.
 Na “GIB modas” com o Gil Brandão que  também FECHOU.
Tenho cinco carteiras profissionais com as anotações/registros dos lugares onde trabalhei. Pagamentos ao INSS fiz durante todos estes anos (1952/2011). Pena que o salário de aposentado seja  apenas um, mesmo  fazendo duas contribuições simultâneas. Aposentei-me com dez salários mínimos, hoje recebo pouco mais de dois.
Contudo, tenho muitas  saudades de tudo e de todos.  Foram épocas  adoráveis, infelizmente pouco tempo para a família e uma vida feita  quase que exclusivamente  para o trabalho.
Como dizia o Luiz Reis, “AGORA É RECORDAR”, antes que eu também FECHE. A “FILA” ESTÁ ANDANDO...