Cony durante o primeiro julgamento de Doca Street em Cabo Frio: em primeiro plano, no canto esquerdo da foto |
Uma semana antes do julgamento, em outubro de 1979, ele entrevistou Doca Street em Búzios. Reprodução Manchete |
Era comum, nos anos 1970, a Manchete acionar Carlos Heitor Cony para escrever sobre casos policiais de grande repercussão. No seu estilo, Cony recriava cenas e dramas. Às vezes, ele entrevistava os autores dos crimes. Outras vezes, era o observador, com olho de escritor, que narrava as tramas policiais.
Foi assim que Cony cobriu o julgamento de Doca Street, em Cabo Frio, em outubro de 1979, quando um júri popular formado por cinco homens e duas mulheres absolveu o assassino confesso. "Legítima defesa da honra" foi o argumento que o advogado Evandro Lins e Silva usou para obter a liberdade do matador de Angela Diniz (Doca foi condenado a dois anos e meio com direito a sursis). Cony deu à matéria o título "O Pão da Justiça no Circo do Povo". O julgamento durou 21 horas e atraiu uma centena de jornalistas
A opinião pública reagiu ao veredito. A acusação recorreu e dois anos depois Doca Street foi novamente julgado e condenado a 15 anos de cadeia. Cumpriu três em regime fechado, dois no semiaberto e o restante na condicional.