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terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

"Tarde demais: a história de 2016 já está escrita"

por José Esmeraldo Gonçalves
Circula nas redes sociais a resposta de Dilma Rousseff a um artigo de Miriam Leirão publicado no Globo em 24 de janeiro último. A jornalista, como tantos outros colegas seus da mídia neoliberal, foi linha auxiliar do golpe que afastou do cargo uma presidente eleita. 
Dilma sofreu um massacre por parte de colunistas e comentaristas de política e economia. É simbólico que o ataque coordenado tenha começado no momento da posse da ex-presidente em um tipo de baixo nível que antecipou o que viria nos meses seguintes: o vestido que Dilma escolheu para a posse era ridicularizado on line nas redes sociais de jornalistas. Na verdade, o cerco a Dilma se revelava nesse argumento - que é citado por ser tão grotesco quanto o pretexto que viria para impulsionar o impeachment encomendado - e na senha dada por Aécio Neves, candidato das oligarquias, sobre acusação infundada de "fraude" naquela eleição. Tudo isso acontecia enquanto o motor do Rolls-Royce presidencial ainda estava quente. O que se seguiu foi a tempestade de falsas acusações e de ofensas que pavimentaram o caminho para o golpe de 2016. O resultado foi o regime bolsonarista. Bolsonaro aliás, assumindo que é a consequência daquela conspiração, avisa que atacará Dilma na campanha eleitoral. A ex-presidente deixa claro que não deixará mentiras e fake news sem contestação. Um dos seus canais para notas e respostas que muitas vezes lhes são negadas nos veículos neoliberais é o blog http://dilma.com.br/ onde já está postada sua posição em relação ao que a mídia dominante publica a seu respeito, como foi o caso do artigo da Leitão. Gostem ou não, ela tem todo o direito. E essa observação também vale para certos setores do PT.

Leia a íntegra da nota divulgada por Dilma Rousseff 

"Miriam Leitão comete sincericídio tardio em sua coluna no Globo de hoje (24 de janeiro), ao admitir que o impeachment que me derrubou foi ilegal e, portanto, injusto, porque, segundo ela, motivado pela situação da economia brasileira e pela queda da minha popularidade.

Sabidamente, crises econômicas e maus resultados em pesquisas de opinião não estão previstos na Constituição como justificativas legais para impeachment. Miriam Leitão sabe disso, mas finge ignorar. Sabia disso, na época, mas atuou como uma das principais porta vozes da defesa de um impeachment que, sem comprovação de crime de responsabilidade, foi um golpe de estado.

Agora, Miriam Leitão, aplicando uma lógica absurda, pois baseada em analogia sem fundamento legal e factual, diz que se Bolsonaro “permanecer intocado e com seu mandato até o fim, a história será reescrita naturalmente. O impeachment da presidente Dilma parecerá injusto e terá sido.” 

O impeachment de Bolsonaro deveria ser, entre outros crimes, por genocídio, devido ao negacionismo diante da Covid-19, que levou brasileiros à morte até por falta de oxigênio hospitalar, e por descaso em providenciar vacinas.

O golpe de 2016, que levou ao meu impeachment, foi liderado por políticos sabidamente corruptos, defendido pela mídia e tolerado pelo Judiciário. Um golpe que usou como pretexto medidas fiscais rotineiras de governo idênticas às que meus antecessores haviam adotado e meus sucessores continuaram adotando.

Naquela época, muitos colunistas, como Miriam Leitão, escolheram o lado errado da história, e agora tentam se justificar. Tarde demais: a história de 2016 já está escrita. A relação entre os dois processos não é análoga, mas de causa e efeito. Com o golpe de 2016, nasceu o ovo da serpente que resultou em Bolsonaro e na tragédia que o Brasil vive hoje, da qual foram cúmplices Miriam Leitão e seus patrões da Globo". DILMA ROUSSEFF