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sábado, 3 de setembro de 2016

A conta do golpe: Temer é o nosso Trump. Governo quer construir um muro em torno do FGTS. Mas ainda não fala em cercar o Nordeste...

Os Estados Unidos querem evitar um Trump na Casa Branca.

Nós já temos o nosso Trump no Planalto.

É Temer.

O governo pós-golpe não vai construir um muro dividindo o Nordeste do resto do país - pelo menos isso não foi noticiado ainda, visto que Temer não fez promessas públicas de campanha já que nem campanha fez - mas ergue paredões econômicos (esses sim, prometidos na moita aos golpistas) que vão segregar ainda mais grandes parcelas da população.

Muitos fossos estão sendo abertos.

Entraram na mira das milícias tecnocratas o SUS, o Bolsa Família, programas públicos de educação, de bolsas, de pesquisa, de casa própria, de previdência, de meio-ambiente, de cultura popular etc.

Reprodução
O alvo preferencial agora, entre as muitas "reformas" que, afastados os pretextos, estão verdadeiramente por trás da ignição do golpe é o FGTS. Banqueiros já revelaram publicamente que pretendem botar a mão nos recursos dos trabalhadores. Temer, solícito, encomendou um "estudo" para "mudar as regras" do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço. Pretende que o FGTS passe a pagar o seguro-desemprego e aposentadoria complementar. Uma medida desviará recursos da conta do trabalhador; a outra vai engordar instituições financeiras que se encarregariam de "gerir" o  ambicionado volume de dinheiro do programa. Dizem os tecnocratas que os bancos privados ofereceriam juros melhores aos trabalhadores. Pode ser. Mas duas das colunas do FGTS seriam comprometidas: a garantia e a função de financiador de casa própria. A garantia se abala por que a aposentadoria complementar entraria no regime de capitalização das instituições privadas sujeito a chuvas e trovoadas, além da história manipulação do mercado financeiro especulativo e suas consequências para os investimentos. O "estudo" do governo pós-golpe nem fala no uso dos recursos do FGTS para a política habitacional. Mas admite que vai tornar bem mais difícil a retirada pelo trabalhador dos valores nominalmente titulados. Como a conta do FGTS é aberta em nome do trabalhador, mexer nessa conta é um "confisco" disfarçado.

Nesse caso, o Temer travestido de Trump vai lembrar mesmo é um Collor travestido de Temer.

Nos últimos dias, milhares de brasileiros estão nas ruas protestando contra o golpe parlamentar que destituiu uma presidente eleita por voto direto.
Pelo jeito, não vão poder sair tão cedo.

E já mais do que claro que, nos próximos, com as instituições instrumentalizadas, a rua será a única trincheira de todas das categorias de trabalhadores para lutar contra o cipó de aroeira que vai bater no lombo popular.