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sábado, 23 de março de 2019

Bar do Novo Mundo: o último brinde ...

O barman Martins, do bar do Novo Mundo, ontem, às vésperas do fechamento do hotel. Foto: J.E.Gonçalves
O penúltimo show. Foto bqvManchete


Amanhã, domingo, quando o último hóspede do Novo Mundo quitar a conta fechará também um dos mais tradicionais hotéis do Rio de Janeiro. Hoje, esse cidadão dormirá no único dos 227 quartos ainda ocupado. Talvez ele não saiba, mas estará cercado de memórias de um Rio que aos poucos troca de cenários.

Ontem, o bar do Novo Mundo foi lotado pelo público que costuma frequentar os shows semanais que o espaço recebeu nos últimos anos. A cantora Fernanda Fernandes e artistas convidados interpretaram MPB, bossa nova e alguns clássicos do samba-canção. Um repertório, principalmente o último item, adequado para um local que foi uma referência dos Anos Dourados quando o Rio era a capital e o poder morava ali ao lado, no Palácio do Catete. O clima era de despedida. Foi a penúltima sessão. Hoje à noite, o pianista e compositor Osmar Milito fará o último musical do velho bar.

Este blog já citou o Novo Mundo, inúmeras vezes, como uma referência para os jornalistas, fotógrafos e funcionários do setor administrativo da extinta Bloch também ali ao lado.

O bar, aquele pequeno território administrado durante décadas pelo barman Francisco Martins, o lendário Martins, era o posto avançado etílico da Manchete onde o estresse do dia podia ser rapidamente diluído on the rocks, mas ontem, os drinques diluíram lembranças.

No restaurante do Novo Mundo: José Rodolpho, Carlos Heitor Cony, Esmeraldo, Alberto, Orlandinho, Daisy Prétola, Barros, Maria Alice, Roberto Muggiati e Alvimar: almoço comemorativo dos 20 anos do lançamento da Revista Fatos,
em março de 2005.
Foto de Jussara Razzé

No bar do hotel, esticada após o almoço: Maria Alice, Daisy, Esmeraldo, Alberto,
José Rodolpho e Barros. Foto de Jussara Razzé.

Como a de 17 de março de 2005 quando um pequeno grupo se reuniu para recordar o dia em que foi às bancas a primeira edição de uma revista semanal de informação e análise - a Fatos - que circulou durante um ano e quatro meses, não deu certo por vários motivos, inclusive políticos, mas fracassou com dignidade. Depois do almoço comemorativo no restaurante do hotel alguns remanescentes da revista esticaram no bar. Era inevitável que "causos" folclóricos fossem rememorados.  Ali surgiu a ideia de se organizar uma coletânea que reunisse tantas histórias dos bastidores das redações das revistas da Bloch. É assim foi feito. O livro "Aconteceu na Manchete- as histórias que ninguém contou", que nasceu no bar do Novo Mundo, foi lançado pouco mais de três anos depois, em novembro de 2008.

Na coletânea estão vários desses "causos", alguns deles acontecidos exatamente no bar do Novo Mundo e testemunhados pelo onipresente Martins a quem um pequeno grupo ex-Manchete levou um abraço de saideira em nome dos presentes e dos saudosos ausentes.