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quarta-feira, 27 de junho de 2018

Jornalismo? Manuela D'Ávila, do PCdoB, é submetida a "interrogatório" em TV tucana. Não, não havia pau-de-arara no recinto...

Foto: Reprodução You Tube/Roda Viva/TV Cultura
Tudo bem que a TV Cultura em matéria do jornalismo não passa necessariamente pela estação de tratamento de efluentes. Tanto que estranhos resíduos fecais de ultra-direita vieram à tona durante a entrevista que o Roda Viva, da emissora tucana, fez com Manuela d'Ávila, pré-candidata do PCdoB à presidência.

O programa cheirou à altura dos rejeitos, claro.

O pelotão conservador atuou como se estivesse em uma trincheira da Guerra Fria, deixou de lado coisas como programa de governo, temas urgentes do país, prioridades. Idéias da candidata não interessavam, nem respostas. O importante era o que os "entrevistadores" tinham a dizer. Parecia mais um interrogatório do antigo CCC (Comando de Caça aos Comunistas), incluindo a característica de interromper a fala da entrevistada, provocar etc.

Davam a impressão de que, em vez de perguntas, teriam preferido ter à mão máquinas de choques elétricos. O pau-arara foi dispensado ou, pelo menos, não apareceu nas imagens. O logotipo do DOI Codi também não.

Um dos "entrevistadores" era, aliás, um dos coordenadores da campanha de Jair Bolsonaro e, incrivelmente, suas ideias nem se chocaram muito com as dos demais interrogadores.

Segundo o PCdoB, Manuela foi interrompida 62 vezes. O partido comparou a extrema falta de educação dos interrogadores, para dizer o mínimo, com a do programa em que Ciro Gomes foi recebido. Na ocasiões, suas respostas foram cortadas apenas 8 vezes.

O jornalista Ricardo Kotscho escreveu no seu blog Balaio do Kotsho: "Tratada como se fosse uma criminosa no tribunal de Nüremberg, Manuela foi interrogada por uma bancada de fuzilamento, acusada de todos os crimes praticados por regimes comunistas ao longo da história. (...) Como havia na bancada também jornalistas, fiquei envergonhado com o que estão fazendo da nossa profissão, sem o menor respeito ao público que assistia ao programa e queria ser melhor informado sobre a candidata, que está há vinte anos na vida pública e não é uma paraquedista como tantos outros."

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Entre amigos: Temer é entrevistado para o Roda Viva e agradece aos jornalistas pela propaganda


O entrevistado foi oficial, mas o jornalismo era amistoso: todo mundo feliz ao fim da entrevista
de Temer para o Roda Viva. Foto de Beto Barata/PR

O  clima era de risos e simpatias. A entrevista de Temer foi ao ar ontem. Os próprios jornalistas comemoraram que ele "se saiu bem".

Temer captou o espírito da coisa e agradeceu a oportunidade de fazer propaganda

Os entrevistadores transpiravam contentamento.

Ao final do encontro a TV Cultura fez um vídeo de "bastidores" para promover o programa Roda Viva.

Temer recebeu os amigos no Palácio da Alvorada. Entre amenidades, contou que ameaça escrever um romance sobre lembranças da infância.

Um detalhe interessante é que jornalistas se declararam surpresos por terem encontrado em Temer "um homem comum", "gente como a gente". Provavelmente esperavam encontrar um semideus? Curioso também, quase um ato falho, o trecho da fala do apresentador quando diz: "quem organizou essa bagunça aqui...". Depois se corrige, "bagunça, não".

Reprodução

O minifilminho está repercutindo nas redes sociais. Talvez mais do que programa em si.

Os números de ontem ainda não sairam mas o Roda Viva raramente ultrapassa 1 ponto em audiência. 

Antes de assistir o que aconteceu nos bastidores, tire os estagiários da sala, o vídeo selfie é tolinho, divertido, parece um bate-papo durante um chá-de-panela, mas não é exatamente uma aula de jornalismo.

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