Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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domingo, 10 de janeiro de 2016
Senn Penn faz a entrevista exclusiva que muitos jornalistas gostariam de ter feito. A Rolling Stone americana publica a matéria do ator com o 'drug lord' El Chapo
por Niko Bolontrin
Quem assistiu ao seriado "Narcos', estrelado por Wagner Moura no papel do megatraficante colombiano Pablo Escobar, constatou que a vaidade e a busca pelo poder, incluindo aí o poder político, foram as pedras soltas na base do império do chefão do chamado Cartel de Medellín. Em certo momento, Escobar aproximou-se de alguns jornalistas e, através deles, procurou divulgar sua imagem de grande benfeitor da população nas áreas miseráveis do país. Mas essa mesma relação com a mídia se tornou uma fonte de informações sobre seus passos para os agentes da DEA americana instalados na Colômbia.
O fim de Escobar é conhecido. O chefão da vez, agora, é o mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán. No ano passado, El Chapo escapou espetacularmente de Altiplano, uma prisão de segurança máxima. através de um sofisticado túnel de 1,5km que percorreu na própria motocicleta de fuga. A cena lembra o clássico "Fugindo do Inferno", o filme em que Steve McQueen se manda de uma prisão alemã também através de um túnel seguido de uma épica correria em uma moto. Daria um filme. Foi o que El Chapo imaginou.
Disposto a tornar-se um referência pop, algo cult, o traficante mais procurado do mundo - cuja cabeça estava valendo 3,5 milhões de dólares - enviou representantes a Hollywood com o objetivo de fazer contatos com produtores para a realização de um filme sobre a sua vida.
Após essas primeiras investidas, o ator Sean Penn e, depois, a atriz Kate del Castillo, que participou da entrevista, tiveram encontros secretos com El Chapo em algum lugar do México. O último, em outubro passado.
El Chapo acabou pagando pela vaidade de se consolidar como uma "celebridade". E a conta veio rápida: segundo autoridades mexicanas, esses encontros e a movimentação dos participantes atraíram as atenções da polícia e ajudaram na recaptura do chefão da droga, na última sexta-feira.
El Chapo foi levado de volta para a prisão de onde fugiu. E a Rolling Stone antecipou o fechamento para levar às bancas uma entrevista exclusivíssima assinada por Sean Penn. Não é possível prever o desdobramento do caso, se o filme virá, se El Chapo escapará mais uma vez, se sobreviverá. O mundo das drogas é, digamos, violentamente concorrido, chefões têm inimigos, claro, mas pelo figurino das suas prisões anteriores, o normal é que El Chapo mantenha seus império funcionando a partir de suas ordens emanadas da cadeia. De resto, tal como acontece com os traficantes do Rio e de São Paulo, cujas operações não são abaladas pelo simples fatos de haver grades eventualmente e quase sempre brevemente entre eles e os seus comandados. Um risco seria o rumor de os Estados Unidos, que têm El Chapo como um inimigo a ser eliminado, não confiarem que o México o deixará preso por muito tempo e implementarem uma solução final à moda americana.
Na introdução da entrevista, Sean Penn conta os bastidores da negociação que envolveu mensagens criptografadas, rastreadores de escuta etc, sempre sob as instruções dos emissários do El Chapo. "Quanto dinheiro você vai ganhar escrevendo este artigo?" El Chapo pergunta a Penn. O ator informa que ao fazer jornalismo não recebe pagamento. Senn indaga: "De todos os países e culturas com as quais você faz negócios, o que é o mais difícil?" . Resposta do chefão: "Nenhum".
Entre outras declarações, El Chapo diz que o tráfico de drogas nunca vai acabar.
* "Somos cada vez mais pessoas. No dia em que eu deixar de existir, nada vai diminuir."
* "Se não houvesse consumo, não haveria venda. E o consumo, dia após dia, fica maior".
* "Eu trafico heroína, metanfetaminas, cocaína e maconha mais do que qualquer pessoa no mundo".
* "Tenho frotas de submarino, aviões, caminhões e botes".
* "É uma realidade que as drogas destroem. Infelizmente, onde eu cresci não havia outra maneira e ainda não há uma maneira de sobreviver, de jeito nenhum, de trabalhar na nossa economia, de ser capaz de ganhar a vida".
* "O tráfico de drogas já faz parte de uma cultura que se originou dos antepassados. E não só no México. Em todo o mundo".
* "Eu sei que um dia eu vou morrer. Espero que seja de causas naturais".
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NA ROLLING STONE. NA PÁGINA DA REVISTA HÁ UM VÍDEO. CLIQUE AQUI
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