J.A. Barros no Cruzeiro no anos 50: equipamento moderno para visualização de fotos coloridas. Foto Arquivo Pessoal |
J.A. Barros, diretor de Arte que trabalhou no Cruzeiro e na Manchete, abre os seus arquivos. Na foto acima, ele aparece na sala de Ed Keffel, fotógrafo alemão da revista dos Diários Associados. Era o tempo em que jornalistas trabalhavam becados: paletó, gravata, calça com bainha dobrada. Keffel tinha na mesa ummoderníssimo visor de fotos coloridas também usado na diagramação das reportagens.
OVNI na Barra da Tijuca. Matéria polêmica do Cruzeiro. Reprodução O Cruzeiro |
Barros recorda que Ed Keffel, ao lado do repórter João Martins, foi responsável por uma das fotos mais polêmicas da imprensa brasileira. Em 1952, o repórter se deparou com um andarilho na Barra da Tijuca, região então deserta. A "figura estranha" chamou atenção da dupla, Na época, jornalistas brasileiros e argentinos tinham uma fixação: encontrar Adolf Hitler, que estaria vivo e dava pinta na América do Sul. João Martins, que anos depois transferiu-se para a Manchete, achou o sujeito muito parecido com o "führer". Como Keffel falava alemão, o repórter sugeriu que fossem checar e fotografar o andarilho. Deu em nada: o rapaz eraapenas um pesquisador holandês de botânica.
Ao retornarem para a redação, Keffel e Martins viram no céu sem nuvens, acima da Pedra da Gávea, um objeto de formato estranho, grande, circular, deslocando-se em silêncio. Keffel fez uma sequência do voo. O Cruzeiro publicou os flagrantes do que seria um disco voador. Para o ovnistas foi a comprovação das presença de naves extraterrestres no Brasil; para muitos outros leitores, era uma fraude. Para os Diários Associados foi uma festa: o Cruzeiro esgotou-se na bancas.
Página dupla de uma das matérias da série que Ed Keffel fez com exclusividade no Vaticano. Reprodução O Cruzeiro |
Ed Keffel em ação no Vaticano, Reprodução o Cruzeiro |
Ed Keffel foi também o autor de fotos incontestáveis. Foi o primeiro fotógrafo a registrar em cores para uma série de reportagens no Cruzeiro, em 1956, todas as obras de arte do Vaticano. Barros ouviu de Keffel que para fotografar telas de oito a dez metros teve de montar enormes andaimes, não podia tocar nos quadros nem utilizar muita luz e a equipe responsável pelo Museu do Vaticano observava cada movimento seu e não tirava o olho das obras.