Mostrando postagens com marcador Instinto Selvagem. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Instinto Selvagem. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Instinto Selvagem comemora 30 anos. Mas Paul Verhoeven, o diretor do blockbuster de 1992, diz que não há motivo para festa. "A sexualidade foi banida do cinema"

 

Sharon Stone, o fenômeno das telas em 1992. Foto Divulgação

por José Esmeraldo Gonçalves 

Lançado em 1992, Basic Instict (no Brasil, Instinto Selvagem) comemora 30 anos. Aqui, os caras pintadas estavam nas ruas; Collor caía; Daniella Mercury fazia sucesso com o Canto da Cidade; Madonna agitava as lojas de discos (ainda existiam) com o ousado Erotica. Tereza Collor estava nas capas de revistas. No meio de tanta notícia e com uma cruzada de pernas solar apesar da meia luz do set, Sharon Stone dominou a cena. Não é exagero dizer que tudo ao redor ficou menor naquele ano. O autor da mágica foi o diretor de Basic Instinct, Paul Verhoeven. 

A propósito, em sua recente autobiografia, Sharon Stone reclamou que não sabia que seria tão exposta no filme. Verhoeven logo rebateu e deixou claro que a atriz tanto estava informada sobre a cena polêmica que, em conversa no estúdio, ele mesmo havia lhe contado sobre uma amiga da adolescência que não usava calcinha e era a nostálgica inspiração para a sequência da cruzada de pernas. 

Em entrevista à revista digital IndieWire há poucos dias, o diretor citou o filme e surpreendeu ao usá-lo como guia de uma análise improvisada sobre o cinema atual. Uma cena como aquela, além do alto teor erótico do filme inteiro, seria bancada hoje ? Ou os estúdios já aposentaram o sexo nas telas e no streaming? Verhoeven diz que sim e observa que os novos filmes de James Bond eliminaram até "trepada sutil", aquela apenas insinuada sob uma montanha de lençois. "No Time to Die não tem sexo", diz ele. O diretor acrescenta que os herois da Marvel - a interminável onda do cinema atual - são assexuados. De fato, não há Viagra planetário que estimule aqueles sujeitos em trajes metálicos ou calças leggings, cercados por efeitos especiais e explosões. O cinema mudou a chave: a estética dos games e comics é o que parece excitar os novos públicos. A única integrante feminina do Quarteto Fantástico é invisível, nada mais brochante. Em Guardiões de Galáxia, Gamora é espancada por bandidos e se torna uma assassina intergalática. Quem se arriscaria a levá-la para a cama? Em She-Hulk, a heroina é até pegável, mas e se entrar em surto com o seu primo verde? E por aí vai: Valquíria, Vampira, Psiyocke são capazes de tudo, voam, disparam raios, abatem vilões, mas parecem ter traumas sexuais que as transformaram em eternas noviças. 

Apesar do moralismo doentio que, na sua opinião,limita e censura Hollywood, Verhoenven promete lutar até o fim: seu novo filme, Young Sinner, é um thriller erótico, como Basic Instinct