Adolpho Bloch em Kiev. Foto Manchete |
Sobrinho-neto de Adolpho Bloch, mas já nascido no Brasil, Jonas Bloch brilhou no teatro, cinema e na TV e passou o talento para sua filha, a premiada atriz Deborah Bloch.
Clarice Lispector. Foto Manchete |
Samuel Malamud, nascido em Mogilev-Podolsk, chegou ao Rio em 1923, no auge da perseguição aos judeus com os pogroms da Rússia e Ucrânia. Formado em direito, tornou-se um dos mais conceituados juristas brasileiros e também importante líder da comunidade judaica.
Adolpho Milman, mais conhecido como Russo, nascido na província de Entre Ríos, , foi um futebolista argentino de origem judaico-ucraniana naturalizado brasileiro. É um dos cinco futebolistas que não nasceram no Brasil a ter sido convocado para a Seleção Brasileira. Russo foi um dos grandes artilheiros da história do Fluminense, tendo feito 154 gols em 249 jogos, entre 1933 e 1944, e um dos destaques do famoso "Fla-Flu da Lagoa", na final do Campeonato Carioca de 1941. Russo conquistou quatro campeonatos cariocas, um Torneio Aberto e um Torneio Municipal pelo Tricolor.
Noel Nutels nasceu em Nanaiyev, Ucrânia, e chegou ao Recife ainda menino. Lá se formou pela faculdade de medicina. Mudou-se para Botucatu em 1941 e depois ficaria para o resto da vida no Rio de Janeiro. Tornou-se um dos mais conhecidos indigenistas do país, batalhando pela causa dos povos nativos ao lado dos irmãos Villas-Boas e ajudando com eles a implantar o Parque Indígena do Xingu. Médico da primeira expedição Roncador-Xingu em 1943, acabaria trabalhando para o resto da vida pela saúde dos índios. Dizia: “Eu não clinico, não tenho consultório. Fazia Malária e agora faço Tuberculose. Minha mania: o índio”. Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, em Frei Caneca, volta e meia aparecia por lá, pois era casado com a prima, Elisa Trachtenberg, secretária de redação da Manchete.
Agitadora da cena cultural carioca, a psicanalista Irina Popow também veio da Ucrânia. É mãe de Andrucha Waddington, diretor, produtor e roteirista de cinema e publicidade, casado com a atriz e escritora Fernanda Torres.
São Paulo recebeu em 1920 Leon Feffer, nascido em Kolki, que aqui fundou o Grupo Suzano de papel e celulose, que seria expandido por seu filho, Max. Trompetista de jazz na juventude, Max Pfeffer foi Secretário de Cultura do estado e desenvolveu os importantes projetos do Festival de Jazz São Paulo-Montreux e do Festival de Inverno em Campos do Jordão.
Gregori Ilych Warchavchik , nascido em Odessa, foi um dos principais nomes da primeira geração de arquitetos modernistas do Brasil. Chegou a São Paulo em 1923. Naturalizado brasileiro, entre 1927 e 1928, projetou e construiu para si aquela que foi considerada a primeira residência moderna do país.
Nascido em Zolotonosha, Gregório Gregorievitch Bondar foi um agrônomo, entomologista e pesquisador que chegou à Bahia em 1921. Contratado pelo estado como entomologista e patologista de plantas no Departamento de Agricultura morou na Bahia até o final da vida. Em 1932, foi transferido para o Instituto de Cacau da Bahia. Em 1938, foi contratado como consultor técnico pelo Instituto Central de Fomento Econômico da Bahia. Bondar descreveu várias novas espécies de palmeiras. Seu livro "Palmeiras do Brasil" foi publicado postumamente, em 1964, pelo Instituto de Botânica de São Paulo. Descreveu 318 espécies de insetos, incluindo muitas pragas das plantas que estudou. A coleção de Bondar foi adquirida pela fundação David Rockefeller e doada para o Museu Americano de História Natural.
Aleixo Belov, nascido Alexey Dimitrievitch Belov em Merefa, na Ucrânia, em 1943, durante a ocupação alemã é um empresário, engenheiro e navegador radicado em Salvador, Bahia. Aleixo recebeu da Marinha do Brasil o diploma reconhecendo-o como o primeiro navegador a dar uma volta ao mundo em solitário com veleiro de bandeira brasileira, o Três Marias. A viagem é relatada minuciosamente em seu primeiro livro A Volta Ao Mundo Em Solitário, lançado em 1981 pela Editora Nórdica.
Embora nascidos já no país, vários filhos e netos de imigrantes ucranianos marcaram profundamente a vida do Brasil. Radicado em São Paulo, José Ephim Mindlin, cujos pais nasceram em Odessa, além de repórter, advogado, empresário e escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, foi sem dúvida o mais famoso bibliófilo brasileiro.
Jacob Gorender e Nicolau Sevcenko, filhos de ucranianos, radicados em São Paulo, figuram entre os mais importantes cientistas políticos do Brasil.
Um dos mais importantes cineastas radicados em São Paulo, Hector Babenco, de ascendência judaico-ucraniana, nasceu na Argentina e naturalizou-se brasileiro. O filme “O beijo da mulher-aranha” lhe valeu a indicação para o Oscar de melhor direção em 1986.
Bakun, autoretrato |
A vida cultural de Curitiba foi marcada por dois filhos de imigrantes da Ucrânia: o pintor Miguel Bakun e a poeta Helena Kolody. Nascido em Mallet, Bakun trabalhou como alfaiate antes de entrar para a marinha. Na Escola de Grumetes no Rio conheceu, como colega de farda, o pintor Pancetti, que o estimulou a desenhar. Um acidente num navio provocou seu desligamento por incapacidade física. Sem eira nem beira em Curitiba, Bakun trabalhou como fotógrafo lambe-lambe, pintor de cartazes e letreiros e decorador de interiores. Autodidata e instintivo, era obcecado por Van Gogh, cuja influência o crítico Sérgio Milliet confirmou a, dizendo que em Bakun inexiste a devida noção da tela, substituída por um excesso de “empastamento”. Bakun pintou paisagens dos arredores de Curitiba, com suas áraucárias e “capões” típicos e as casas de madeira dos imigrantes europeus. Assolado por problemas pessoais e pela ascensão do abstracionismo, Miguel Bakun se suicidou no seu ateliê de Curitiba em 1963, aos 53 anos.
Helena Kolody. Foto UEM. Divulgação |
Helena Kolody foi um contraponto suave ao torturado Bakun. Nasceu em Cruz Machado, no sul do Paraná, a 40km da Mallet de Bakun. Estudou piano e pintura, aos 16 anos publicou seu primeiro verso. Aos 20 iniciou sua carreira de professora do ensino médio. Entre 1949 e 2002 publicou 25 livros, a maioria de poesia. Morreu em 2004 aos 91 anos. Gostava de praticar o haicai, a forma poética minimalista de origem japonesa. Aliás, foi a primeira mulher a publicar haicais no Brasil, em 1941. Alguns exemplos:
• “Corrida no parque/o menino inválido/aplaude os atletas.”
• “O brilho da lâmpada/no interior da morada/empalidece as estrelas.”
• “A morte desgoverna a vida/hoje sou mais velha/que meu pai.”
Denise Stocklos em cena. Foto Manchete |
Em Curitiba – que conta hoje 70 mil descendentes de ucranianos – nasceu Alexi Stival, que se tornaria conhecido como Cuca, o técnico que acaba de encerrar uma carreira vitoriosa como campeão do Brasileirão e da Copa do Brasil pelo Atlético mineiro.
Manifestação. Reprodução imagem RPC |