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terça-feira, 21 de setembro de 2021

Pro dia nascer feliz... • Por Roberto Muggiati

Cidade do Rock, 1985: Cazuza e Frejat. Foto Manchete

Começou esta noite de 21 de setembro, às 19 horas, a venda antecipada de ingressos para o Rock in Rio 2022. Já são 37 anos separando as várias edições do megaevento. Mas o Rock in Rio de 1985 permanece o primeiro e único no imaginário nacional. Um de seus grandes momentos foi quando Cazuza subiu ao palco para cantar com o Barão Vermelho Pro dia nascer feliz, numa das noites mais concorridas (250 mil pessoas), 15 de janeiro, o mesmo dia em que o Colégio Eleitoral apontou Tancredo Neves como Presidente da República, restaurando a democracia e pondo fim a 21 anos de ditadura militar. Veja aí

https://www.youtube.com/watch?v=k_gBW17NED4

E relembre alguns trechos

Todo dia a insônia

Me convence que o céu

Faz tudo ficar infinito

E que a solidão

É pretensão de quem fica

Escondido fazendo fita

Todo dia tem a hora

Da sessão coruja

Só entende quem namora

Agora vão 'bora

Estamos bem por um triz

Pro dia nascer feliz

Pro dia nascer feliz

O mundo inteiro acordar

E a gente dormir, dormir

Pra o dia nascer feliz

Ah, essa é a vida que eu quis

O mundo inteiro acordar

E a gente dormir...

Aquele primeiro Rock in Rio aconteceu em meio a um mar de lama numa época de fortes temporais. Uma lama limpa e lúdica que lembrava aquela de Woodstock. Hoje, passados 38 anos e 8 meses, a nação e o povo brasileiros chafurdam num lodaçal pútrido, nocivo à nossa saúde física, mental, econômica e principalmente moral. Mergulhados no escuro, não temos a menor ideia de (ou se) quando chegará a sonhada noite pro dia (re)nascer feliz...

Um sinal pode ter sido dado ontem: os primeiros 200 mil ingressos do Rock in Rio 2022 colocados à venda foram esgotados em menos de uma hora e meia.

sábado, 12 de setembro de 2015

30 anos da música "Exagerado", 25 anos da Sociedade Viva Cazuza: impressões e emoções de Lucinha Araújo

Contigo/Reprodução

Contigo/Reprodução
por José Esmeraldo Gonçalves (*)
Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, não mostrava para a mãe, Lucinha Araújo, 78, as letras das canções que criava. Pelo menos, não em primeira mão. Ele costumava escrever nas madrugadas. Do seu quarto, em uma cobertura no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, Lucinha ouvia o barulho da máquina de escrever Olivetti. Quando o dia amanhecia, Cazuza ainda dormindo, ela recolhia da cesta de papeis rascunhos amassados, incompletos, das poesias que o Brasil canta desde os anos 1980. Meticulosa, guardava-os em uma pasta. A canção “Exagerado”, lançada há exatos 30 anos, deveria ser um daqueles rascunhos. “Mas não foi uma das letras que eu recolhi. Não cheguei a vê-la. Cazuza era filho único. As mães tendem a ficar em cima e eu era muito disso, então, ele não me dava muita satisfação”, diz Lucinha. “Mãe, eu não quero que você mexa nas minhas coisas”, ele reclamava. Segundo Lucinha, Cazuza finalizava as letras e mandava direto para os parceiros. No caso de “Exagerado”, que ela conheceu quando já estava gravada, o co-autor Leoni, 54, cantor e baixista que foi do Kid Abelha e Heróis da Resistência. “Quando escutei a primeira frase da música – ‘Amor da minha vida / Daqui até a eternidade / Nossos destinos / Foram traçados na maternidade’ - fiquei achando por um instante, doce ilusão, que era em minha homenagem. Mas no verso seguinte -  ‘Paixão cruel, desenfreada/Te trago mil rosas roubadas/ Pra desculpar minhas mentiras’ – já vi que não podia ser”, conta Lucinha, rindo, sobre a canção que, na verdade, foi composta para Ezequiel Neves, já falecido, jornalista, compositor, produtor e amigo do filho. Lucinha define “Exagerado” como a música que mais retrata o espírito de Cazuza. “Agora, devo dizer que adoro “Um Trem para as Estrelas”. Acho linda, genial, nossa!, um grito social contra a injustiça”, vibra.
Ela recebe a equipe da Contigo! na sua sala na Sociedade Viva Cazuza, que atende crianças portadoras de HIV, no bairro de Laranjeiras, onde cumpre uma rotina diária de trabalho. Atrás da poltrona, há um pôster do cantor desenhado em grafite. Em um pequeno prédio ao lado, fica o Espaço Cazuza, onde estão guardados objetos pessoais, discos, fotos, a mesa e a Olivetti, arrumados tal como no tempo em que o compositor criava, naquela mesa, canções memoráveis. Vê-se, por tudo isso, que os 25 anos da morte de Cazuza lembram, para ela, muito mais a presença do que a ausência do filho. Por conta da comemoração das três décadas de “Exagerado”, o cantor e compositor recebeu várias homenagens. A recriação do Circo Voador, no Arpoador, que foi o palco da geração de Cazuza, foi uma delas. Em uma sexta-feira, 12 de junho último, antigos parceiros cantaram Cazuza e emocionaram Lucinha. Essas ocasiões estão longe de ser, para ela, um ‘revival’ de tristezas. “Não, vejo com alegria. É o que sobrou para mim depois que meu marido (João Araújo, produtor, ex-diretor da gravadora Som Livre) morreu. Eu vivo para cultuar a memória do meu filho e para trabalhar na Sociedade Viva Cazuza, que também completa 25 anos em outubro desse ano. Então, tudo isso, para mim, é um misto de prazer e dor, acho que dá para entender. As pessoas me perguntam como tive coragem de assistir ao filme “O Tempo Não Para”, ao musical “Pro Dia Nascer Feliz” e a shows que relembram meu filho. Costumo responder que é a história da minha vida, tenho que ver, posso chorar, não chorar. Não sou masoquista, essas homenagens me dão forças para continuar enquanto eu tiver saúde”. 
Durante o espetáculo no Circo Voador, Lucinha viveu mais um desses momentos de reencontro com a sua história: o lançamento de “Exagerado 3.0”, uma nova versão da música, com a voz original do cantor e a participação de Dado Villa Lobos, 49, e João Barone, 52. Em uma iniciativa da Vivo, com parte da renda destinada à Sociedade Viva Cazuza, foi produzido um clipe especial para o Dia dos Namorados, onde Cazuza, vivido pelo ator Emílio Dantas, 22, faz o papel de Cupido.
Lucinha costuma dizer jamais imaginou que tivesse tanta capacidade de superação. “Eu criei essa força pelo meu filho, tenho certeza. Cazuza era muito corajoso. Eu ficava impressionada. Quando ele estava doente, eu achava que não tinha o direito de chorar porque ele, que estava passando por tudo aquilo, mostrava uma força que eu invejava. Enfrentou tudo de cabeça erguida, não teve não teve vergonha de se expor. Perdi um filho, um marido, tive câncer há 12 anos, vivo com dez stents e um marca-passo, mas eu falo para as pessoas, ‘gente, eu já vivi bastante, meu filho quando ficou doente tinha pouco mais de 25 anos’. Eu acho que não tenho o direito de não ser forte”, diz ela, que admite, contudo, um momento as fortes lembranças a abalaram, recentemente. Até janeiro deste ano, Lucinha vivia no duplex em que a família morou durante décadas. Sozinha, desde 2013, quando João Araújo faleceu – foram 56 anos de casamento -, ela optou por se mudar para um apartamento menor, no mesmo prédio. “Era enorme. E João morreu ali, Cazuza morreu ali. Lembranças demais, não é?”, justifica. 
Os momentos mais difíceis não comprometem, contudo, a convicção de que deve seguir em frente. “Não me dou o direito de chorar mais do que 15 minutos, aí eu tomo um banho, vou viver, tem muita gente que depende de mim, muita criança com HIV e que não sabe quem foram o pai e a mãe. Tudo isso me dá uma responsabilidade de viver enorme”, diz. “Mas eu só pareço que sou forte. É que não me dou ao direito de fraquejar. O mundo está aí, estou viva, vou viver da maneira que o João e o Cazuza gostariam que eu vivesse. Também não tenho mais tanto tempo assim (risos), vou fazer 80 anos em 2016. Não tenho assim um futuro tão longo. Então vou viver o que me resta, da melhor maneira”. Por isso, ela não abre mão de encontrar os amigos. “Eu sempre sai muito. João sempre foi muito divertido. E por força da profissão dele, a gente ia a tudo que é boate e shows. Depois que fiquei viúva, meus amigos não me deixaram. Por exemplo, praticamente toda semana vou a uma roda de samba na casa da Paula Lavigne. Fico lá a noite toda cantando ao lado de artistas como Pretinho da Serrinha e Xande de Pilares. Adoro me divertir, gosto de viajar. Gilberto Gil e Flora Gil são meus amigos, já fui seis vezes com eles para a Europa, acompanhando turnês, viajando de ônibus. Adoro, me divirto. Depois volto para a minha vidinha no meu apartamento, sozinha”, conta ela, que, após os livros “Só as Mães São Felizes, “O Tempo Não Para” e “Preciso Dizer Que te Amo” (que vai ser atualizado e reeditado pela Editora Globo), prepara, agora, a biografia de João Araújo, que será lançada ainda este ano. “Eu queria que ele tivesse escrito esse livro. O João tinha muitas histórias para cantar, mas era muito modesto. Já fizemos mais de 60 entrevistas com gente importante que ele lançou para a música brasileira”, conta ela que, além da motivação afetiva, tem um propósito importante na destinação dos seus projetos. “Tudo o que envolve Cazuza, dos direitos autorais aos shows, filme, musical, parte da venda digital da regravação “Exagerado 3.0”, livros e propagandas, vai para as crianças da Sociedade Viva Cazuza, onde já vivemos altos e baixos, hoje estamos numa maré melhor, a prefeitura do Rio ajuda, mas é fundamentalmente é a obra de Cazuza que cobre”, revela Lucinha que, ao ser fotografada diante do pôster do filho no seu escritório – desenho feito por um artista de rua sobre uma foto de Flávio Colker. Ela comenta que não consegue imaginar o filho, hoje, quando teria 57 anos. “Não consigo vê-lo como um senhor de idade (risos). Se bem que o Frejat tem pouco menos e não envelheceu, quase, está bem. O Leoni está igualzinho. Mas ele seria de vanguarda. Estaria muito chateado com o país atual. Cazuza pediu para o Brasil mostrar a cara, coisa que não aconteceu até hoje. Mas ele estaria compondo e botando a arte dele a favor do povo. Isso eu tenho certeza”, conclui.
(*) Texto publicado na revista Contigo, de 23 de julho de 2015, edição 2079, reproduzido aqui com informações originais e trechos extras especiais para o blog.

ATUALIZAÇÃO em 12/9/2015 -  Em outubro, a Sociedade Viva Cazuza comemora 25 anos de atividade. Na última quinta-feira, 12/9, o MAM foi o palco de um leilão que arrecadou fundos para a instituição. Da platéia, Lucinha assistiu à demonstração de apoio de 1.500 amigos à instituição beneficente, em noite organizada por Paula Lavigne e Malu Barreto. 
            

sábado, 13 de junho de 2015

"Exagerado": 30 anos depois do lançamento da sua canção mais romântica, Cazuza está de volta em novo clipe.


por Clara S. Britto
Há 30 anos, Cazuza lançava a canção "Exagerado". Um hino ao amor. A Vivo e a Samsung estrearam ontem, Dia dos Namorados, um novo clipe com uma das mais famosas canções do cantor. No filme, criado pela África, Cazuza, interpretado pelo ator Emílio Dantas (que também protagoniza o musical "Cazuza"), é um Cupido que recebe a missão de unir casais. A direção é de Nico Perez Veiga e Luisa Kracht, produção da PBA Cinema. A voz original de Cazuza foi mantida na nova versão que conta com Liminha (produção musical, baixo e violões), João Barone (bateria e pandeirola), Dado Villa-Lobos (guitarras), Kassin (teclado e programações) e Danial Alcoforado (mixagem, com Liminha).

VEJA O NOVO CLIPE DE EXAGERADO, CLIQUE AQUI


E VEJA O MAKING OF DO CLIPE, CLIQUE AQUI