Olimpíada e superação
por Osias Wurman (para O Globo)
A melhor resposta ao difícil momento de conturbação por que passa o mundo será o espírito olímpico de confraternização que o Rio hospedará, a partir do próximo dia 5, na Olimpíada. Será um ótimo momento para enaltecer a excelência humana através do esporte, com destaque para os Jogos Paralímpicos, momento exemplar da superação humana.
Para os jovens, a maioria dos 2,5 bilhões de telespectadores em nível mundial, será dada uma sugestão subliminar de que a convivência desportiva, pacífica e apolítica é a melhor forma de coexistir entre os diferentes.
A Olimpíada é o melhor antídoto para o espírito venenoso que alimenta o terror e o clima de agressão, das mais diversas origens, nos quatro cantos do mundo. O Brasil, exemplo ímpar da convivência pacífica entre os mais diferentes segmentos do gênero humano, será projetado mundialmente.
É preciso reconhecer o esforço hercúleo, realizado por todos que se empenharam em construir e organizar o megacertame dos próximos dias.
As falhas ocorrem em acontecimentos de envergadura muito menor do que de uma Olimpíada. O importante é a vontade de acertar, que, no caso brasileiro e carioca, é flagrante e notória. Como brasileiro, estou empolgado com a proximidade deste evento que, certamente, entrará para a história do país.
As competentes autoridades de segurança e inteligência garantirão a total tranquilidade para todos os visitantes e para a cidade como um todo. Isto já está provado com a recente detenção de supostos simpatizantes das práticas de atos radicais. Temos o que há de melhor no mundo em termos de tecnologia e informação, provido pelo intercâmbio entre o Brasil e os mais desenvolvidos serviços de inteligência internacional.
A cidade do Rio sofreu uma verdadeira cirurgia plástica, que a coloca com aspecto revitalizado, inovador e moderno. As ruas já começam a se enfeitar com a presença colorida e alegre de turistas que chegam para participar da maior festa do esporte.
Como filho de imigrantes poloneses que vieram para o Brasil na década de 30, fugidos do antissemitismo que envenenou sua pátria natal, tenho muito orgulho em divulgar que, pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, será prestada uma homenagem pública e oficial, na sede do governo do Rio, situada no Palácio da Cidade, em memória dos 11 atletas judeus israelenses que foram assassinados pelo terror na Olimpíada de Munique, em 1972. Na cerimônia, serão acesas 11 chamas que brilharão em lembrança dos atletas vitimados pelo ódio sem limites, e estarão presentes ao ato duas viúvas dos homenageados.
Esta mescla de valores nos traz a certeza de que, com a esperada dedicação, superação, convivência e reverência à memória, nós jamais esqueceremos a Olimpíada do Rio.
Osias Wurman é cônsul honorário de Israel