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Imagem reproduzida da Revista Contigo! |
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Foto Tabach |
(matéria publicada na Revista Contigo! em 2015)
A nova casa de Cid Moreira é um estado de espírito. Aos 87 anos, 70 de carreira e 14 de casamento com a jornalista Fátima Sampaio, o apresentador encontra na Serra Fluminense o ambiente perfeito para seu momento atual: viver em paz e levar a Bíblia ao maior número de pessoas.
O casal se conheceu em 2000, durante um torneio de tênis
que ela cobria, como jornalista, em Fortaleza. “E estamos juntos há 14 anos.
Rápido, não e? O que aproximou a gente? Foi a simplicidade, apesar de ser muito
conhecido, Cid é muito simples, não tem frescura. Temos a profissão em comum,
Ele é um craque, eu sou uma operária comparada com ele, tive uma vida muito
mais simples, trabalhei em lugares mais simples, sou básica, não tenho
genialidade. E tenho admiração por ele e pelo o trabalho dele, que é muito bonito”,
diz Fátima, que define o marido como um romântico à moda antiga. “Ele gosta de
surpreender. Às vezes, em viagens, convida ‘vamos lá pra piscina, a gente
coloca umas velas, toma um vinho. Ele tem muita disposição”, ri. Desde que
deixou o Jornal Nacional, em 1996, e passou a fazer participações semanais no
Fantástico (atualmente, de contrato renovado até 2017, ele vai à Globo quando é convocado para
alguma tarefa especial), Cid Moreira se dedica intensamente à gravação de
textos bíblicos. Nesse período, lançou Cds e Dvds e cumpriu a tarefa quase
monumental de gravar toda a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, em uma produção
que ultrapassou a simples leitura e incorporou personagens, dramaturgia e
efeitos especiais. Para ele, a atividade espiritual ultrapassou a tarefa
funcional. Não é apenas mais um trabalho. É profissão de fé. O apresentador não
se considera ligado a igrejas específicas ou denominações religiosas, mas tem a
divulgação e popularização da Bíblia como uma missão. “É um compromisso entre
mim e Deus. Ele e eu. A cada dia me envolvo mais, leio diariamente, viajo, faço
palestras, participo de eventos. Recentemente, subi em um trio elétrico em
Salvador e falei para mais de 40 mil pessoas”, diz ele, que está com vários
projetos em andamento. Um deles, gravar os chamados livros apócrifos católicos
(Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Baruque, Sabedoria e Eclesiástico). Outro,
o desenvolvimento de um site onde os internautas poderão receber mensagens
personalizadas com o timbre da voz do “boa noite” mais famosos da história da
televisão. Um caixinha semelhante às de música, na qual se pode ouvir Cid ler
um salmo, é um dos trabalhos que ele faz, atualmente, no computador e no estúdio
que montou na nova casa. Uma nova fase, tão intensa quanto as outras, em uma
carreira de 70 anos, desde o primeiro emprego, em 1947, como locutor da Rádio
Difusora de Taubaté, onde nasceu. De lá para cá, passou por todas as mídias, da
mais analógica à mais digital. Rádio, cinema (como narrador de cinejornais, com
o famoso Canal 100), narração de
comerciais, dublagens, a estréia como locutor de noticiários no Jornal de
Vanguarda, na TV Rio, em 1963, até chegar à Globo e, em 1969 à bancada do
Jornal Nacional, onde permaneceu até 1996, quando passou a narrar reportagens
especiais do Fantástico. Há poucas semanas, Cid, em plena era multimídia, foi a
voz do Natalis, um megaespectáculo de água e luz que conta o nascimento de
Jesus, como parte da programação do Natal de Gramado, na serra gaúcha.
Quando não está viajando, Cid acorda cedo e, logo depois de
um café da manhã à base de frutas, dirige-se à miniacademia instalada ao lado
da piscina. Faz pilates, caminha na esteira ergométrica e, às vezes, joga
tênis. O hábito, de longos anos, explica a energia que tem de reserva para
atender aos compromissos em todo o Brasil. Confessa que já foi mais
“fanático" nos treinos, hoje pega mais leve, depois de um problema no
ilíaco. “Eu exagerava na velocidade da esteira”, admite. Na miniacademia,
destaca-se, ao fundo, um cartaz com a palavra “relax”, um sutil recado, apesar
de calma e tranquilidade fazerem parte do seu temperamento. Uma característica
que o leva a atender os fãs, durante as viagens, com a maior paciência. E olha
que, no caso do Cid Moreira, não basta apenas a foto selfie. Querem áudio. É de
lei pedirem ao homem do ‘boa noite” que grave recados nas secretárias
eletrônicas dos celulares.
(*) - O apresentador Cid Moreira morreu na manhã de quinta-feira (3/10/2024) aos 97 anos, no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. O ex e histórico âncora do Jornal Nacional sofreu falência múltipla de órgãos após quadro de pneumonia.
Cid Moreira fez parte da vida de várias gerações de brasileiros. Grande profissinal
ResponderExcluirCerto. Mas me lembro do Cidi Moreira como o cara que anunciava as cassações e arbitrariedades da ditadura na Tv Globo. Fazia seu papel mas era triste.Ficou marcado.
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