sexta-feira, 11 de outubro de 2024

A Guerra Fria, quem diria, deixou saudades. A bomba nuclear agora está nas mãos de líderes porras-loucas

Este é o relógio simbólico do fim do mundo. Imagem reproduzida
do Bulletin of the Atomic Scientists
 

por José Esmeraldo Gonçalves

Desde que Estados Unidos e União Soviética desenvolveram e multiplicaram seus arsenais nucleares o mundo passou a viver dias de suspense. A crise dos mísseis instalados em Cuba foi um momento tenso; a guerra no Vietnã, outro. Em várias ocasiões, os ponteiros do relógio do fim do mundo, que classifica os risco de uma guerra nuclear, chegaram perto do apocalipse. Esforços diplomáticos, comunicação através dos telefones vermelhos instalados na Casa Branca e no Kremlin, além, é claro, do medo da mútua retaliação inevitável foram capazes de conter os "falcões" de ambos os lados. 

"Falcões", como se sabe, são conselheiros "porras-loucas" que querem sempre botar pra quebrar. 

O clássico de Stanley  Kubrick, "Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb" ("Dr. Fantástico", no Brasil) satirizou em 1964  a paranóia da guerra nuclear.  No filme, um general americano enlouquece, burla os protocolos de segurança e despacha um bombardeiro com a missão de destruir a URSS. Os líderes dos dois países se unem na tentativa de fazer voltar o avião, mas é  tarde. 

Quando a Guerra Fria acabou, o relógio chegou a marcar confortáveis 17 minutos para o Juízo Final. O alívio durou pouco e de lá pra cá o poder nuclear de certa forma se banalizou e o ponteiro avançou. No momento, Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coréia do Norte têm o poder de deflagrar  o que pode ser a última guerra no planeta. Suspeita-se que a Bielorússia disponha de ogivas cedidas pela Rússia e, agora, o Irã pode ter entrado no terrível clube. Cientistas desconfiam que abalos sísmicos no deserto da antiga Pérsia teriam características semelhantes a um teste de bomba nuclear. Por enquanto, sem confirmação. 

Desde o ano passado, os "relojoeiros" do comitê científico nuclear fixaram o ponteiro em 90 segundos fatais para a meia-noite. As guerras na Ucrânia, na Palestina, no Líbano, na Síria, as ações militares dos  dos houtis e a série de testes na Coreia no Norte ainda não mexeram com o ponteiro em 2024,  o que certamente acontecerá caso se confirme a suposta explosão iraniana. 

Aí complica. Um eventual confronto direto entre o Irã e Israel tem o poder de colocar na mesa de extrema direita de Benjamim Netanyahu e sob as túnicas imprevisíveis dos aiatolás um componente que não pesava na Guerra Fria: a religião. Um dado que tira de qualquer embate um mínimo de recionalidade. 

A Guerra Fria escapou dessa soma de fanatismo com sadismo. Só por isso, antes de disparar os mísseis,  sempre uma voz de "calma aí" ouvida no Kremlin ou na Casa Branca conseguiu evitar o pior. 

Nas atuais circunstâncias, esqueçam: no núcleo duro dos poderes citados - Netanyahu e Khamenei, sem esquecer um Kim Jong-un correndo por fora, um Putin e, a partir de janeiro, um Trump ou ou uma Kamala - não há turma do deixa disso. 

Em caso de guerra nuclear não vai ter para onde correr, mas se você quiser acompanhar o relógio simbólico acesse o Bulletin of the Atomic Scientists no link https://thebulletin.org/ , que agora também marca ameaças como as mudanças climáticas e os efeitos danosos de tecnologias disruptivas. 

Boa sorte para todos.  

2 comentários:

Prof.Honor disse...

Sem dúvida, os líderes atuais são obtusos. E o fato de colocarem a religião acima do Estado é um fator que desastibiliza a sociedade..a democracia perde.

Prof.Honor disse...

São líderes menos qualificados. Mas é uma regra que parece normalizada. Daqui a pouco teremos um influencier na presidência da ONU