segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Em tempos digitais, a mídia se apropria de fotos das redes sociais. Mas já houve época em que pagava material amador

Anúncio publicado na revista Manchete em 1952: compra-se fotos feitas pelos leitores .

por José Esmeraldo Gonçalves

A era digital popularizou a parceria informal entre veículos jornalísticos e leitores, ouvintes, internautas e telespectadores. Emissoras de rádio, sites e TVs são frequentemente abastecidos por fotos, vídeos e informações via celulares particulares. Em dois casos recentes - o acidente que matou a cantora Marília e a queda de uma falésia no lago de Furnas ocorridos em locais de difícil acesso - a mídia utilizou maciçamente material de amadores muito antes das suas equipes chegarem aos locais.

Em 1952, nos primeiros meses de circulação da revista Manchete (que comemora em 2022  seus 70 anos de fundação), a equipe de repórteres e fotógrafos ainda era restrita e sem alcance para um cobertura jornalística nacional. Mal dava conta de Rio e São Paulo. Por isso a revista apelava para a colaboração dos leitores. Com um detalhe: prometia pagar por fotos que fossem publicadas. Alguns jornais, embora ainda não valorizassem tanto a foto, adotavam essa prática com menor assiduidade. Claro que amador andar na rua carregando máquina fotográfica não era coisa comum. Mas "populares", como se dizia na época, registraram eventos como um Congresso Eucarístico que aconteceu no Rio, festa da Primavera, desfile de Sete de Setembro, bailes de carnaval, enchentes ou cenas curiosas em praias e balneários de Minas Gerais. Atualmente, esse tipo de material amador é largamente "chupado" das redes sociais, não se fala em remuneração e muitas vezes nem crédito dão ao autor. É mais comum um singelo "foto do leitor" ou "foto do internauta". 

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