Carl Berstein e Bob Woodward: a dupla de repórteres do Washington Post/Reprodução |
Há 45 anos, um caso explosivo dominava a mídia: Watergate. Entre 17 de junho de 1972 e 9 de agosto de 1974, jornais, revistas, rádios e TV embarcaram na pauta do que foi considerado o maior escândalo político do século XX e que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon e ao indiciamento de parte d seu staff.
O escândalo foi detonado a partir de uma invasão à sede do Partido Democrático, no complexo Watergate, por cinco homens ligados ao comitê de reeleição de Nixon. Os invasores foram flagrados e presos ao instalar microfones nos escritórios dos democratas.
A Casa Branca negava envolvimento, mas o Washington Post, através dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, conseguiu que alguns colaboradores começassem a falar. Uma fonte decisiva e anônima, apelidada de "Deep Throat", deu o fio condutor para desmascarar a operação ilegal de Nixon. Ao mexer no vespeiro, outros jornais descobriram outros crimes do presidente americano, como uso de dinheiro público para fins pessoais.
Só em 2005 foi revelado o nome do "Garganta Profunda": era o agente do FBI Mark Felt, que morreu em 2008.
Visto a partir de hoje, do ponto de vista operacional, o Caso Watergate é quase banal.
A espionagem contra empresas, partidos e pessoas se intensificou, virou prática de Estado, como bem demonstram sucessivos vazamentos divulgados pelo Wikileaks. Agentes não mais precisam se deslocar ao local do crime. Existem softs quase impossíveis de detecção que monitoram celulares, agendas, deslocamentos, sites visitados e até acionam a câmera do aparelho do próprio alvo, que nem percebe que está sendo gravado e filmado.
Para os espiões sofisticados da atualidade, os agentes de Nixon estavam no nível da Loucademia de Polícia.
O trabalho de Bob Woodward e Carl Bernstein virou referência de jornalismo investigativo, expressão que não era adotada na época. O jornalismo de dados, uma ferramenta indispensável hoje na apuração de escândalos, era ficção ainda, assim como o Google. Woodward e Bernstein usavam bloquinhos e gastavam solas de sapatos.
É sintomático que grandes escândalos internacionais, como o da espionagem massiva e institucional citada, sejam atualmente revelados principalmente pelo jornalismo investigativo de sites e jornalistas independentes e não por grande veículos, muitos agora de propriedade de gigantes do mercado financeiro ou de holdings de grandes corporações.
Bernstein e Woodward ganharam os principais prêmios de jornalismo da época, incluindo o Pulitzer.
E olha que os critérios de premiação eram bem mais rígidos.
Nada que se assemelhasse, por exemplo, ao estranho prêmio por "furo de reportagem em coberturas ao vivo" que um canal brasileiro recebeu recentemente por apenas ter sido o veículo através do qual foi vazada por autoridade uma das gravações ilegais no embalo da Lava Jato.
4 comentários:
Os prêmios de jornalismo deviam ir para Moro, Dalagnol
Aqui não temos jornais dignos desse nome mas boletins políticos com interesses partidários e de poder. Pode-se dizer que colecionam mais participação em golpes e tramoias do que se destaca no verdadeiro jornalismo.
O jornalismo brasileiro teve um grande papel ao desmascarar corruptos. Só os esquerdistas não reconhecem isso. Por isso acho que os militares devem voltar para botar todos na cadeira. O país era melhor, o jornalismo era melhor com eles. O midia em vez de criticad devia ser elogiada por ter ajudado a botar os militares no poder. Se não fosse a imprensa e os militares o Brasil seria um Coreia do norte.
Absurdo o que diz esse Tarcisio, mas é esse o pensamento dos fascistas que aí estão representados por bancadas ruralista, da bala, da saúde etc, algumas celebridades decadentes, economistas, colunistas, igrejas, grande parte da mídia. Vão levar o Brasil a um buraco de opressão e preconceito e a liberdade como vítima.
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