segunda-feira, 24 de agosto de 2015

"A blindagem de Eduardo Cunha". Por Elio Gáspari para O Globo e a Folha

"Fernando Henrique Cardoso disse o seguinte:
"Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato."
Poderia ter dito a mesma coisa a respeito de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, denunciado pelo procurador-geral da República junto ao Supremo Tribunal Federal. Não disse. Nem FHC, nem qualquer outro grão-tucano.
Até agora, Dilma é acusada no Tribunal de Contas da União de ter pedalado as contas públicas. O TCU não é um tribunal, mas um conselho assessor da Câmara.
Ademais, a acusação ainda não foi formalizada. Eduardo Cunha foi acusado pelo Ministério Público de ter entrado numa propina de US$ 5 milhões.
O PSDB quer tirar Dilma do Planalto e admite manter Eduardo Cunha na presidência da Câmara.
Surgiu em Brasília o fantasma de um "acordão". Nele juntaram-se Dilma e Renan Calheiros.
Há outro: ele junta Eduardo Cunha, o PSDB, DEM e PPS. Um destina-se a segurar Dilma. O outro, a derrubá-la. À primeira vista, são conflitantes, mas têm uma área de interesse comum: nos dois acordões há gente incomodada com a Lava Jato. A proteção a Dilma embute a contenção da Lava Jato, evitando que chegue ao Planalto ou a Lula. A proteção a Eduardo Cunha pretende conter a responsabilização dos políticos de todos os partidos metidos em roubalheiras.
É sempre bom lembrar que Fernando Collor, também denunciado por Janot, renunciou ao mandato em 1992, mas foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal. Renan Calheiros foi líder do governo Collor e Eduardo Cunha dele recebeu a presidência da Telerj"

2 comentários:

J.A.Barros disse...

Se esse processo da Lava Jato caísse em mãos de Juizes aqui no Rio esse Lava Jato nem existiria mais.

J.A.Barros disse...

Mas, parece que a dona Dilma fez o seu "Mea Culpa " nos jornais de hoje.