quinta-feira, 16 de maio de 2024

Anitta, a mulher-coragem

Reprodução de imagens do clipe de "Aceita".

Em meio a uma semana de tanta canalhice exemplificada pela capacidade da extrema direita de produzir fake news que atrapalham o atendimento às vítimas da tragédia do Rio Grande do Sul, destaca-se a coragem da cantora Anitta ao expor no clipe de "Aceita" a sua fé. O candomblé, assim como a umbanda, tem sido vítima do terrorismo religioso neopentecostal que ataca templos e agride adeptos das religiões de origem afro. Anitta não agiu por objetivo de marketing. Ao contrário, perdeu cerca de 200 mil seguidores ao revelar a essêncai do clipe. Ela admite que se surpreendeu com a reação odiosa em forma de ofensa nas redes sociais. Veja a resposta da cantora no Instagram. 

"Ontem, quando anunciei o lançamento deste clipe, perdi mais de 200 mil seguidores em menos de 2 horas. Eu já falei da minha religião inúmeras vezes, mas parece que deixar um trabalho artístico pra sempre no meu catálogo foi demais para quem não aceita que o outro pense diferente".

"Eu acredito que as religiões são rios que desembocam num mesmo lugar: Deus, a inteligência suprema. Eu não acredito no céu e no inferno, não acredito no diabo... acredito que todos nós temos o poder de manifestar em nós o divino e a diabólico. Quando recebo mensagens de repúdio e intolerância religiosa, não sinto energia divina sendo emanada em minha direção, sinto a energia contrária. Eu tenho fé, não tenho medo".

"Meu novo clipe traz imagens de vários tipos de crenças. Tenho uma paixão profunda por diferentes manifestações da fé, diferentes formas de me conectar com o espírito. Em nenhuma delas sinto que quando morrermos seremos punidos e julgados, sinto que vamos pra onde esteja vibrando a mesma frequência que o meu espírito. E aqui, nessa vida, meu compromisso comigo mesma é vibrar na frequência de maior luz que eu conseguir."

"Por isso eu não desejo punir ou julgar nenhuma das pessoas que me atacam neste momento por expor minha religião. Eu desejo que sigam o caminho da evolução."

"Cada um no seu tempo. Se continuarmos exigindo que o outro pense igual a você, se seguirmos com a intolerância, se não aprendermos a abrir mão de uma coisa ou outra em nome da paz, encontrando um meio termo, nosso mundo vai se acabar em guerra, matando uns aos outros pra ter razão no final da discussão. Talvez até se esqueçam como começou a discussão. Simplesmente fica a briga pela briga."

"Minha religião cultua os elementais da natureza (essa que o ser humano, a cada dia que passa, vai esquecendo da importância). Brigam tanto pra ter razão em cada coisa, mas não conseguem valorizar o óbvio, sua casa, o chão que pisa, que te dá de beber e de comer. Hoje a natureza nos cobra um posicionamento, mas estão todos ocupados demais discutindo quem tem razão, ao invés de adorar nosso bem maior, a casa que Deus nos deu."

"Pra você que gosta do meu trabalho, espero que curta esse clipe que foi feito com muito amor, assim como todo meu novo álbum. Estamos aqui vivendo no mundo material e o maior segredo da vida é encontrar o equilíbrio entre o espírito e a matéria."

"Minha vida é buscar esse equilíbrio, então se nos outros vídeos a gente só rebolou a raba e falou sacanagem, nesse a gente pode se arrepiar ou até mesmo se emocionar."



Mídia mucho lôca

 


Diagnóstico 1: os jornalistas do canal abusam das fontes anônimas. Devem levar horas para descobrir a como creditar uma informação não raro fictícia a "alas do PT", "fonte próxima a Lula", "figura graduada do Planalto" etc. 

Diagnóstico 2: Quando a Eliane Cantanhêde comparou a "dor" da perda das suas joias roubadas ao sentimento das vítimas da tragédia do Rio Grande do Sul, a crise mental da Globo News chegou ao ápice. A comentarista ousou na equivalência ofensiva. "Você se põe no lugar dessas pessoas que perderam tudo. Roubaram as minhas joias no Natal. Foi doloridíssimo", disse a jornalista.

Por isso as opiniões dos comentaristas da Globo têm gerado mais memes do que repercussão séria na mídia em geral.

A SAF SIFU?

por Flávio Sépia 

A implantação das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) foi saudada pela maioria dos jornalistas esportivos, principalmente aqueles especializados em "mercado" da bola, como um acontecimento místico no futebol brasileiro. Ao comprar o Cruzeiro, o ex-jogados Ronaldo foi visto como um "messias"  baixando nas montanhas de Minas Gerais. Os gringos que adquiriram o Vasco foram recebidos como se o próprio Tio Sam aqui chegasse com avião cargueiro lotado de dólares. Deu n'água. Ronaldo fez um ótimo negócio ao entrar e sair sem investir o combinado e embolsar milhões. A 777, SAF do Vasco, também atrasou pagamentos e agora está ameaçada de processo na Justiça dos Estados Unidos, movido no Reino Unido, por negociações suspeitas e possibilidade de insolvência. A associação esportiva do Vasco da Gama agiu rápido e entrou com uma liminar que devolve o futebol ao clube. Não anula a transação mas afasta os gringos até que cumpram os compromissos assumidos.

Não demorou muito para que o modelo SAF mostrasse que seus objetivos não são a longo prazo e os controladores, como todo negociante, têm um só objetivo: recolher o mais rápido possível os lucros sobre o patrimônio adquirido (venda de jogadores, ativos imobiliários, direitos de TV, premiações, exploração de placas nos estádios, patrocinadores, comercialização da marca etc. 

A propósito, no começo dos anos 2000 a Editora Abril vendeu 30% das ações do grupo a um fundo de pensão dos Estados Unidos, salvo engano, era o que garantia a aposentadoria dos professores. Com a "saf" do jornalismo, os Civita contavam com entrada de recursos. Algum dinheiro chegou, mas o preço foi alto. Em pouco tempo a Abril passou a viver um inferno administrativo e perdeu autonomia para investir. O fundo tinha assento na diretoria. Dos seus ranchos no Texas, os professores exigiam cada vez mais lucros ao fim do ano contábil. Aquela "saf" insaciável - somanada às mortes de Victor e Roberto Civita foi a semente perversa que levou ao fim da editora dos Civita. 

P.S. Essa frase, a do almoço grátis, foi atribuída por jornalistas brasileiros ao ex-ministro da ditadura Delfim Neto. Por jornalistas puxa-sacos, evidentemente. Como se sabe e é fácil averiguar a frase tem raízes históricas e pitorescas. Segundo o New York Times já contou, esse "slogan" que fez sucesso aqui no Bananão (apud Ivan Lessa) surgiu em Nova Orleans no fim do século 19. Algumas tabernas exibiam na fachada um letreiro chamativo: free lunch. Só que os botecos faturavam com a venda de bebidas, muito mais lucrativas. A comida era um brinde e vinha com pitadas planetárias de sal. Quando mais comia, o freguês mais bebia.

As crises ambientais começam nos gabinetes dos políticos. Duvida? Veja o vídeo

 




quarta-feira, 15 de maio de 2024

Fotomemória: Quanta diferença... Nilton Santos e Garrincha eram influenciadores apenas da bola. "Rede social" para eles era o "véu da noiva" que guardava seus gols

 

Nilton Santos e Garrincha no sul de Minas em '958.
Foto de Jankiel Gonczarowska para a Manchete Esportiva. 

por José Esmeraldo Gonçalves

A foto acima foi publicada na Manchete Esportiva em 1958. O autor da imagem foi Jankiel

Gonczarowska. O local, Caxambu, em Minas Gerais. Na cena, os craques Nilton Santos e Garrincha passeiam em uma charrete nas imediações do balneário que, na época, era um local disputado nos verões. A seleção brasileira e os grandes clubes do Rio e de São Paulo faziam ali a etapa de preparação física e técnica antes da abertura dos campeonatos.

A imagem pode motivar outra e atual leitura.

O tempo passou, tudo mudou, inclusive o perfil dos jogadores de futebol. Nilton Santos e Garrincha, do Botafogo, foram dois dos maiores craques da história, mas os salários... ó, nada comparados aos milhões de euros e até de reais pagos hoje. Em tempo sem redes sociais, aquela geração não se envolvia em polêmicas. Ou quase sempre não se envolvia. Os jornais às vezes divulgavam "fugas" noturnas de Garrincha, que se mandava da concentração para a night. O atacante Almir, do Vasco, arrumava algumas encrencas em Copacabana e saia nas páginas policiais. Muito antes, Heleno era o enfant terrible dos anos dourados cariocas. Fora isso, a maioria brilhava em campo. Você consegue imaginar um Neymar posando em uma charrete? Talvez em um Porsche, uma Ferrari, um helicóptero, um jatinho.

Pois é: Garricha e Nilton Santos eram influenciadores apenas da bola, compatilhavam gols. E guardavam na estante de titulos um bicampeonato mundial, isso na época em que os "bi" só valiam se fossem seguidos, como em 1958 e 1962.

Reconhecimento facial: a tecnologia é fundamental para a segurança urbana, mas bancos de imagens ilegais e montados sem critérios ferem o Marco Civil da Internet. Já há vítimas da "vigilância" sem controle

O Globo de hoje informa que o sistema público de monitoramento por câmeras acoplado à tecnologia de reconhecimento facial e operado pela PMRJ possibilitou a captura de foragidos da justiça. Uma boa notícia para os cariocas. 

Aliás em três grandes eventos recentes (Réveilon, Carnaval e show da Maddona) o sistema teve impacto positivo nas estatísticas da violência. O efeito é positivo também durante aglomerações potencialmente sensíveis, como jogos de futebol. As câmeras em lojas e condomínios têm ajudado iguamente na identificação de elementos envolvidos em agressões e assaltos. 

O problema, segundo relato de vítima já registrado aqui, está em uma operação privada informal caracterizada por disseminação de fotos de "suspeitos" em um grande grupo no whatsapp popular entre seguranças de estabelecimentos comerciais. Uma vítima que nunca teve problema com a lei relata que após um ligeiro mal-entendido pessoal com um vigilante percebeu que foi fotografada por um garçom. Não deu maior importância ao fato, mas o registro fotográfico se repetiu em outras circuntâncias. Custou a perceber que suas imagens eram compartilhadas no tal grupo e, assim, tornou-se um "fichado" no whatsapp, provavelmente sem que os demais integrantes do grupo soubessem de qualquer motivo. Criou-se uma situação de risco aparentemente fora de controle. É ostensivamente vigiado e seguido em vários estabelecimentos. Não foi abordado, mas já percebeu que em duas ocasiões A PM e a Guarda Municipal foram acionadas, foi observado sem intervenção, até porque a vítima em questão nada deve à lei. A pessoa apenas pede orientação sobre o que é que aconselhável fazer para que suas imagens sejam retiradas do tal grupo. O relato foi compartilhado com o MPRJ e a Defensoria Pública. 

O assunto já foi abordado com mais detalhes nos links a seguir:

https://paniscumovum.blogspot.com/2024/01/reconhecimento-facial-o-uso-publico-e-o.html

https://paniscumovum.blogspot.com/2024/01/sabia-disso-rio-de-janeiro-tem-banco-de.html

     

terça-feira, 14 de maio de 2024

Fotografia - Sérgio Jorge: a vida em imagens de um dos grandes fotojornalistas da Manchete

 




Reprodução de imagem do documentário Foto doc. Sérgio Jorge, de Renato Suziki.


por José Esmeraldo Gonçalves 

Sérgio Jorge faleceu em 2020, aos 83 anos, vítima da covid. Sua arte, contudo, permanece. O livro "Sérgio Jorge, 60 anos de Fotojornalismo- Fotos que contam histórias" é um importante registro do seu trabalho em Manchete, O Dia e Gazeta. E há outros: em 2011, o documentário "Foto Doc. Sérgio Jorge, de Renato Suzuki levou sua brilhante trajetória e suas imagens às novas gerações; em 2014, uma exposição resumiu sua obra; O livro lançado pela editora Mogiana Produções Culturais em 2018 é um reconhecimento ao seu talento e visão jornalística. Reúne 150 fotos e é leitura obrigatória para quem estuda, pratica ou ama a fotografia.  

Em 1960, Sérgio Jorge foi o ganhador do primeiro Prêmio Esso de Fotojornalismo. Até então, premiava-se o texto de reportagens. Uma foto sua publicada na Manchete (acima reproduzida na capa do livro, a da dramática apreensão de um cachorro pela antiga "carrocinha") emocionou os leitores, repercutiu em todo o Brasil e no exterior e levou os organizadores da premiação a reconhecer o impacto de uma grande foto e a importância do fotojornalismo. 

Em tempo de tantas imagens que faíscam na internet, sites e redes socias, vale a pena revisitar a obra de Sérgio Jorge. Você entenderá que fotojornalismo é outra coisa. 


Dançando sobre a morte

 

Reproduzido do X
O negacionismo mortal não se dá apenas através de palavras ou de posts nas redes sociais. A extrema direta tem força política nas Câmaras de Vereadores, Assembléias e no Congresso são aprovadas constantermente leis que agridem o meio ambiente e mudam regras de preservação. As águas no RS nem baixaram e o Congresso acaba de aprovar mais uma desses projetos que, na ponta final, provam mortes. O prório governo do RS, na últimos anos, aprovou centenas de mudanças na legislação ambiental que, na prática, abriram caminho para a tragédia.

sexta-feira, 3 de maio de 2024

"Que emenda é essa?" - O mundo inveja o Congresso brasileiro

por O.V. Pochê

Difícil acompanhar. É extensa a nomenclatura que o Congresso criou para as emendas financeiras  parlamentares. Tem deputado alemão que quer cidadania brasileira pra ganhar mandato aqui. É emenda individual; emenda de bancada; emenda de comissão; emenda do relator, emenda pix. Provavelmente, enquanto escrevo, alguém está bolando outra maneira de obter um naco de verba pública para transferir supostamente para suas "bases". Para ajudar suas excelências, sugiro nomes para as futuras emendas. 

* Emenda Tio Paulo ("morre aqui")

" Emenda Bolso Furado ("diz ao TCU que o dinheiro tava aqui até agorinha")

* Emenda Cheguei Primeiro (" o Planalto liberou a grana e eu já tava na boca do caixa")

* Emenda Beijinho no Ombro ("é pra mídia que enche o saco e só fala em desvio de verba")

* Emenda Mamãe Merece ("vou comprar um trator pra minha velha")

* Emenda Jesus te Ama ("ô dinheirinho abençoado esse do meu livramento. Glória a Deus")

* Emenda das primas ("hoje tem festa no cabaré das Alagoas")

* Emenda My home, My life ("mais uma liberação dessa e se Deus quiser compro  minha casinha em Miami. E a vista, véi")

* Emenda Porsche ("vou é pegar muié dos boiadeiro de Barretos. Segura, peão")

* Emenda Arthur Lira ("obrigado paipai")

* Emenda Rodrigo Pacheco ("brigado pelo pix, sô. Bundemais"

terça-feira, 30 de abril de 2024

Maquiavel no maternal

por Flávio Sépia 

Relator do Orçamento, inserindo fundamentalismo em discussão institucional e econômica, diz que Haddad deveria ler menos Maquiavel e mais a bíblia. Mal sabe que os apóstolos eram PhD diante de Maquiavel ainda no maternal.



segunda-feira, 29 de abril de 2024

Na capa da Carta Capital: a mais-valia não acabou 'seu' doutor


A Carta Capital mostra os efeitos do neoliberalismo e a tunga das reformas trabalhistas no bolso do trabalhador. Em 1960, Oduvaldo Vianna Filho escreveu a peça "A mais-valia vai acabar, 'seu' Edgar" . De lá pra cá só piorou. "Seu" Edgar ganhou a parada.

Na capa da IstoÉ é o que tem pra agora. E o futuro manda péssimas notícias

 


Roberto Carlos, 83 anos, na capa da Caras. A revista diz que ele se "renova". Vale uma aposta?


 por Ed Sá

A Caras apostou alto na chamada de capa. "Roberto Carlos se renova na música". Jura? Músicos que trabalharam com o RC dizem que em shows e regravações são mantidos os arranjos originais. Roberto nunca quis mexer no que deu certo. A introdução da canção Detalhes, por exemplo, qualquer brasileiro, mesmo zerado em ouvido musical, vai pressentir as notas que virão a seguir. É difícil acreditar que Roberto Carlos, assim como seu público, anseie por novas emoções ou qualquer "renovação". A marca indelével é a mensagem que a plateia que segue o cantor esperar reencontrar em um eterno "stimming".