Uma dica para a quarentena. Começa amanhã, 24/3, o Festival Imaginária de livros de fotografia. Até o dia 28, serão expostos cerca de 400 fotolivros de autores nacionais e internacionais. A Lovely House, que organiza o evento, pretende ampliar a visibilidade das publicações de fotografia. Entre os convidados das rodas de conversa que discutirão experiêrncias editoriais, estão Horacio Fernández, Rosângela Rennó, Geórgia Quintas, Ana Paula Vitorio, André Penteado, Paulo Silveira e Letícia Lampert. O Festival Imaginaria será transmitido pelo canal do festival no YouTu
terça-feira, 23 de março de 2021
Oscar 2021: e o novo normal não deu as caras
A Academia esperava que a cerimônia do Oscar acontecesse já com o mundo no novo normal. Não deu. As novas cepas melaram a festa.
Na última segunda-feira, os concorrentes finais foram anunciados, mas a premiação só acontecerá em 25 de abril em clima meia-bomba. Veja o novo modelo do Oscar.
- A famosa estatueta tomará banhos de álcool 70 antes de rodar de mão em mãO.
- Com os cinemas fechados e muitas produções interrompidas ao longo de 2020, a lista de concorrentes ganhou diversidade, as produções independentes e estrangeiras, também.
- As mulheres ganharam mais visibilidade: pela primeira vez, duas delas estão indicadas na categoria Melhor Direção: Chloé Zhao ("Nomadland") e Emerald Fennel ("Bela vingança").
- A exigência de filmes concorrentes terem sido exibidos em pelo menos um cinema de Los Angeles foi abolida em função da pandemia. Isso abriu caminho para os filmes exibidos apenas na internet. O streaming agradeceu.
- Esqueça a aglomeração no tapete vermelho. Algo semelhante ocorrerá, mas será individual e virtual.
- A entrega do Oscar, no palco, será presencial. Vários apresentadores se revezarão como âncoras. Vencedores subirão ao palco.
- A cerimônia será transmitida ao vivo do Teatro Dolby e da estação de trem Union Station, em L.A.
- Não está confirmado, mas é provável que alguns convidados, com distanciamento, estejam na plateia nos dois ambientes citados.
- Esse ano a "campanha eleitoral" (quando os concorrentes trabalham suas produções junto ao eleitores do Oscar) também foi virtual, sem festas e coquetéis.
VEJA A RELAÇÃO DE CONCORRENTES
Melhor filme
"Meu pai"; "Judas e o messias negro"; "Mank"; "Minari"; "Nomadland"; "Bela vingança"; "O som do silêncio". "Os 7 de Chicago"
Melhor atriz
Viola Davis - "A voz suprema do blues"; Andra Day - "Estados Unidos Vs Billie Holiday"; Vanessa Kirby - "Pieces of a woman"; Frances McDormand - "Nomadland"; Carey Mulligan - "Bela vingança".
Melhor ator
Riz Ahmed - "O som do silêncio"; Chadwick Boseman - "A voz suprema do blues"; Anthony Hopkins - "Meu pai"; Gary Oldman - "Mank"; Steve Yeun - "Minari".
Melhor direção
Thomas Vinterberg - "Druk - Mais uma rodada"; David Fincher - "Mank"; Lee Isaac Chung - "Minari"; Chloé Zhao - "Nomadland"; Emerald Fennell - "Bela vingança"
Melhor atriz coadjuvante
Maria Bakalova - "Borat: fita de cinema seguinte"; Glenn Close - "Era uma vez um sonho"; Olivia Colman - "Meu pai"; Amanda Seyfried - "Mank"; Yuh-Jung Youn - "Minari"
Melhor ator coadjuvante
Sacha Baron Cohen - "Os 7 de Chicago"; Daniel Kaluuya - "Judas e o messias negro"; Leslie Odom Jr. - "Uma noite em Miami"; Paul Raci - "O som do silêncio"; Lakeith Stanfield - "Judas e o messias negro"
Melhor filme internacional
"Druk - Mais uma rodada" (Dinamarca); "Shaonian de ni" (Hong Kong); "Collective" (Romênia); "O homem que vendeu sua pele" (Tunísia); "Quo vadis, Aida?" (Bósnia e Herzegovina)
Melhor roteiro adaptado
"Borat: fita de cinema seguinte"; "Meu pai"; "Nomadland"; "Uma noite em Miami"; "O tigre branco"
Melhor roteiro original
"Judas e o Messias negro"; "Minari"; "Bela vingança"; "O som do silêncio"; "Os 7 de Chicago"
Melhor figurino
"Emma"; "A voz suprema do blues"; "Mank"; "Mulan"; "Pinóquio"
Melhor trilha sonora
"Destacamento blood"; "Mank"; "Minari"; "Relatos do mundo"; "Soul"
Melhor animação
"Dois irmãos: Uma jornada fantástica"; "A caminho da lua"; "Shaun, o Carneiro: O Filme - A fazenda contra-ataca"; "Soul"; "Wolfwalkers"
Melhor curta de animação
"Burrow"; "Genius Loci"; "If anything happens I love you"; "Opera"; "Yes people"
Melhor curta-metragem em live action
"Feeling through"; "The letter room'"; "The present"; '"wo distant strangers"; "White Eye"
Melhor documentário
"Collective"; "Crip camp"; "The mole agent"; "My octopus teacher"; "Time"
Melhor documentário de curta-metragem
"Collete"; "A concerto is a conversation"; "Do not split"; "Hunger ward"; A love song for Natasha"
Melhor som
"Greyhound: Na mira do inimigo"; "Mank"; "Relatos do mundo"; "Soul"; "O som do silêncio"
Canção original
"Fight for you" - "Judas e o messias negro"; "Hear my voice" - "Os 7 de Chicago"; "Husa'vik" - "Festival Eurovision da Canção: A saga de Sigrit e Lars"; "Io sì" - "Rosa e Momo"; "Speak now" - "Uma noite em Miami"
Maquiagem e cabelo
"Emma"; "Era uma vez um sonho"; "A voz suprema do blues"; "Mank"; "Pinóquio"
Efeitos visuais
"Problemas monstruosos"; "O céu da meia-noite"; "Mulan"; "O grande Ivan"; "Tenet"
Melhor Fotografia
"Judas e o messias negro"; "Mank"; "Relatos do mundo"; "Nomadland"; "Os 7 de Chicago"
Melhor edição
"Meu pai"; "Nomadland"; "Bela vingança"; "O som do silêncio"; "Os 7 de Chicago"
Melhor design de produção
"Meu pai"; "A voz suprema do blues"; "Mank"; "Relatos do mundo"; "Tenet"
Secretário bozoroca quer que brasileiros tenham "assesso" a cultura
segunda-feira, 22 de março de 2021
Trump quer criar um rede social própria. É a NaziNet?
por Flávio Sépia
Donald Trump vai lançar sua própria rede social, segundo seus próprios assessores vazaram. O ex-presidente ficou irritado ao ser banido do Twitter, do Facebook e de outras plataformas por propagar ódio, incentivar a invasão do Capitólio e espalhar fake news. A ideia do líder da ultra direita é poder fazer tudo isso em sua própria right net. Claro que os adeptos de Trump, dos supremacistas aos neonazistas passando pelos conservadores fanáticos e prototerroristas vão aderir à iniciativa. Mas os incautos correrão riscos. Trump é também um mascate. Isso significa que não vai resistir a espionar comercializar dados dos seguidores, detectar suas preferências e dos seus grupos, mas descobrir uma maneira de faturar com o "gado". Trump, como outros clones seus no mundo, vê inimigos em cada esquina. Provavelmente, quem pretender se inscrever preencherá um extenso cadastro. Se for racista, contra política de gêneros, adepto da expulsão de imigrantes e de separar pais e filhos na fronteira, se for contra aborto, contra feminismo, a favor do assédio sexual, contra a vacina e os protocolos contra a Covid-19, entre outros atributos, terá muitas chances de ingressar na Nazinet.
Revista italiana denuncia venda ilegal de vacinas na Dark Web. Pagamento em bitcoins, a moeda do crime...
A revista italiana Panorama denuncia na edição dessa semana comércio ilegal de vacinas. Os imunizantes são vendidos através da Deep Web. O preço depende da quantidade, varia entre dez a 40 euros e o pagamento é em bitcoin, a moeda que se firma como a preferida para transações criminosas. A revista adverte que os compradores correm risco. É impossível atestar a autenticidade das vacinas, se são desviadas de lotes legítimos, se são falsificadas ou multiplicadas à base de misturas com água ou outros.
No Brasil ainda não há registros de comércio ilegal, embora vários profissionais de saúde tenham sido flagrados simulando aplicação e escamoteando doses. A polícia ainda não apurou se o objetivo era a venda ou a formação de estoque para parentes, amigos ou pessoas influentes. E Na manhã de hoje, criminosos armados roubaram doses de vacinas contra Covid-19 em Nata (RN). Levaram um total de 40 doses. A notícia está no G1.
Morte do menino é metáfora do Brasil
por Ovos Mexidos
Há duas semanas um menino de quatro anos morreu dentro de casa no Rio de Janeiro. A autópsia provou que ele sofreu lesões graves no corpo, consequência, segundo a avaliação de peritos, de uma ação violenta. A mãe e o padrasto estavam dentro do apartamento. Até agora, persiste a famosa Síndrome de Conceição, “ninguém sabe, ninguém viu”, uma das inumeráveis cepas do jeitinho brasileiro.
Há um ano, uma das pandemias mais mortíferas na história da humanidade encontrou solo fértil para se expandir num país retardado e negacionista. O Brasil é o favorito dentre as nações para se tornar o Campeão Mundial da Morte. Os responsáveis por este feito macabro não estão nem aí. E nada podemos fazer, porque “vamos todos morrer um dia.”
PS – O ORDEM E PROGRESSO positivista do pavilhão nacional foi trocado pelo lema negacionista de CAOS E COVID.
sábado, 20 de março de 2021
Parabéns!
| Reprodução Twitter |
Paulo Guedes descobriu há pouco tempo que a pandemia precisa ser contida antes para fazer o que resta da economia que ele não destruiu andar. Isso depois de passar um ano calado ante a política negacionista que acontecia bem ao lado dele.
Nas redes sociais circula a releitura acima da sua frase sobre os aplausos que recebe nos supermercados.
Condomínio de Brasília quer proibir shortinhos no recinto. A ordem vem de um "conselho de mulheres" incomodadas com a boa forma da vizinha

Najhara Noronha recebeu um email de um "conselho de mulheres" tensas com o shortinho que ela usa quando vai praticar esportes. Reprodução

Na reprodução o email com a "medida provisória do "conselho".
por Ed Sá
Nesses dias em que a Lei de Segurança Nacional pode ser acionada até contra quem reclama da falta de oxigênio nos hospitais e de coveiros nos cemitérios, Najhara Noronha, moradora de um condomínio em Brasília foi alvo de um tal Conselho de Mulheres policialesco. As senhoras ficam nervosas porque Najhara costuma vestir um short quando vai praticar esportes. A boa forma da vizinha levou o "conselho" a pedir que ele deixe de usar "shortinhos" em áreas comuns do condomínio. Mandaram uma mensagem por email falando que a morado estava "constrangendo casais". Short não é nudez, a não ser para talibãs. Além disso, o "conselho" parece ser uma sociedade secreta que auer determinar o que as pessoas devem vestir. . Najhara pediu a um advogado que analisasse o caso e acionou o síndico para saber que "conselho" é esse. O assunto repercutiu nas redes sociais.
sexta-feira, 19 de março de 2021
O que é pé-de-galinha pra você?
Depende da classe social. Para a dondoca, são aquelas preocupantes ruguinhas no canto dos olhos, a serem sanadas com Botox ou – quem sabe? – uma plástica pontual. Para a dona-de-casa pobre da pandemia são as patas com que a galinha cisca no terreiro, transformadas em acepipes nestes tempos de geladeiras vazias.
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| Os 5kg de pés de galinha que Fernanda comprou com a venda das panelas (Foto: Arquivo Pessoal) |
Segundo matéria recente da BBC News Brazil, Fernanda Ferreira da Fonseca, 60 anos, recolheu algumas panelas velhas e as levou a um centro de reciclagem perto de sua casa em Atibaia (SP). Com os R$ 30 que arrecadou, comprou um pacote de pão e 5 quilos de pé de galinha, que vão virar almoço e jantar para ela e o marido até o fim da semana.
“Pra outra semana eu não tenho mais panela pra vender. Não sei o que vou fazer.” E se, por um golpe de sorte, pintarem alguns pezinhos de galinha para Dona Fernanda, em que panela ela vai cozinhar?
O dia em que o Brasil levou a cepa de Manaus para a OCDE
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| Foto: OCDE/Divulgação |
O Brasil continua querendo entrar para a OCDE
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico é uma espécie de Country Club fechado para pé de chinelo. Alguns economistas afirmam que o sonho do Brasil de se juntar à confraria dos países desenvolvidos é muito mais um lobby do mercado financeiro. O Bananão, como chamava Ivan Lessa, poderá atrair investimentos especulativos - principalmente o do "capital motel", aquele que passa uma noite vai embora e sequer telefona no dia seguinte - mas perderá vantagens comerciais concedidas aos países em desenvolvimento".
Vamos imaginar sem preconceito que um ambulante das areias de Ipanema atravesse a avenida e entre no Country Club. Será um acontecimento comparável à primeira reunião com a presença de Paulo Guedes no Château de la Muette, em Paris, sede da organização. O palácio foi construído por Henri James de Rothschild, nos anos 1920, no lugar onde havia um conjunto de luxuosas residências de Carlos IX. Fica perto do Bois de Boulogne. É possível visitar alguns ambientes e os jardins do castelo. Está aberto aos turistas, quero dizer. A República Federativa do Brasil ainda não podia entrar oficialmente.
Até que chega o dia em que o Brasil finalmente é aceito na OCDE. (Paulo Guedes acredita fervorosamente que até 2022 ou durante o seu segundo mandato à frente do Ministério da Economia adentra no recinto dos ricos). Como o nosso ambulante no clube de Ipanema, o representante brasileiro sofre preconceitos. É olhado de banda. É possível, que alguém lhe peça um cafezinho. O nosso representante se identifica e, constrangido, recebe um pedido de desculpas. Alguém lhe providencia uma cadeira na segunda fila do mesão. Passa a reunião calado, até tenta a palavra mas é atropelado pelo ministro austríaco. Na hora do coffee brake, meio deslocado, o brasileiro não consegue chegar à mesa dos petit fours tomada por Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Noruega. Tenta se aproximar e leva um discreto empurrão do ministro da Letónia. que também é pobre mas esnoba o Brasil porque já tem cadeira cativa no clube. Guedes se esforça para puxar conversa com o titular da Hungria, com que tem afinidades direitistas, mas o sujeito parece preferir não ser visto ao lado de necessitados, pode pegar mal no salão.
Finalmente, o ministro francês se aproxima, o brasileiro sorri, foi notado, pensa. Só que o francês quer saber se o governo continua botando fogo na Amazônia. Guedes balbucia uma resposta, algo como "Mourão tá resolvendo isso", mas o gaulês já está batendo papo com o secretário do Tesouro americano. Vem outro, olha o crachá do Guedes, vê que é brasileiro - a quem também reconhece pela máscara no queixo - e pergunta o que é "rachadinha". Guedes apenas finge que se engasgou com um croquete que sobrou do bufê. Quando volta para a segunda metade da reunião, anima-se, pelo menos dois ou três ministros já o conhecem.
De fato, o francês imediatamente pede a palavra para uma questão de ordem curta e grossa.
- Quem foi o fils de pute que deixou um brasileiro trazer a cepa de Manaus para a OCDE?
A reunião é encerrada. Os ministros saem correndo, embarcam nas limusines direto para o Hospital Pitié-Salpêtrière, que nunca viu tanto ministro na fila para fazer o teste RT-PCR.
Guedes é colocado em quarentena nas antigas cavalariças do château.
quinta-feira, 18 de março de 2021
Chimp checo quer chip
Reprdução The Guardian
por O.V.Pochê
Os filmes de ficção geralmente mostram os chimpanzés sobrevivendo à raça humana e dominando o mundo pós apocalipse. Se é fato ou não, eles não param de aprender. Dois zoológicos da República Checa instalaram equipamentos de videochamada e colocaram em contato, via Zoom, seus chimpanzés. Os animais passaram a interagir e uns e outros acompanham as respectivas rotinas como se curtissem uma reality show. Com a ausência de visitantes desde que a Covid-19 mudou a vida urbana, os tratadores dos zoos colocaram câmeras e telões no habitat dos chimps como uma forma de alivar a solidão da turma. Funcionou. Eles se reúnem para ver o reality, como se estivessem no sofá da sala, e comem nozes enquanto observam as cenas . A notícia está no The Guardian.
HÁ 150 ANOS O mal da Coluna matou Courbet • Por Roberto Muggiati (versão completa)
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| A Coluna da Place Vendôme comemora vitórias militares da França |
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| Em 1870, Courbert sugeriu a remoção da coluna. A massa de communards foi além e destruiu o monumento. |
Durante 72 dias, em 1871, Paris viveu sob um governo comunista. Foi a Comuna de Paris, instalada há exatos 150 anos em 18 de março. Socialista ardoroso, o pintor Gustave Courbet (1819-77) teria uma atuação marcante naquele que é considerado o ensaio geral para a Revolução Russa de 1917.
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| Gustave Coubert |
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| Quadro A Origem do Mundo |
Em 1870, durante a Guerra Franco-Prussiana, Courbet tomou uma atitude que lhe criaria problemas para o resto da vida. Numa carta ao Governo da Defesa Nacional, propôs que a coluna da Place Vendôme, erguida por Napoleão para comemorar as vitórias militares da França, fosse removida. Os communards, famintos de ação, foram mais longe e demoliram a coluna, à revelia de Courbet, que a queria apenas deslocada para outro local. Depois da supressão da Comuna, pela ação violenta do exército francês na “semana sangrenta” de 21 a 28 de maio de 1871, Courbet refugiou-se em apartamentos de amigos, mas acabou preso em 7 de junho. No julgamento reiterou que não advogara a destruição da coluna, mas apenas sua remoção. Mesmo assim, foi condenado a seis meses de prisão e uma multa de quinhentos francos.
Courbet saiu da cadeia em 2 de março de 1872, mas os problemas causados pela destruição da coluna não tinham passado. O novo presidente da República anunciou em 1873 que a reconstruiria e os custos seriam pagos pelo pintor. Sem dinheiro, Courbet exilou-se na Suíça, vigiado o tempo todo por agentes secretos. Em 4 de maio de 1877 recebeu a conta do governo francês: a reconstrução da Coluna Vendôme custara 323.091 francos e 68 cêntimos. Deram-lhe a opção de pagar em prestações anuais de 10.000 francos nos próximos 33 anos, até o seu 91º aniversário. Na véspera do Réveillon, 31 de dezembro de 1877, um dia antes do vencimento da primeira parcela, Gustave Courbet morreu aos 58 anos em La Tour-de-Peilz, Suíça, de cirrose hepática agravada pelo alcoolismo. Mais um exemplo de uma carreira artística promissora abreviada por um regime autoritário.
(Observação do editor: Aqui você poderá ler e ver a versão completa do texto de Roberto Muggiati, com a reprodução do quadro A Origem do Mundo, de Gustave Coubert. Por ser compartilhado no Facebook, o post anterior da mesma matéria, logo abaixo, não contém a reprodução da polêmica pintura em função das restrições da rede social.)
HÁ 150 ANOS O mal da Coluna matou Courbet • Por Roberto Muggiati
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| A Coluna da Place Vendôme comemora vitórias militares da França |
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| Em 1870, Courbert sugeriu a remoção da coluna. A massa de communards foi além e destruiu o monumento. |
Durante 72 dias, em 1871, Paris viveu sob um governo comunista. Foi a Comuna de Paris, instalada há exatos 150 anos em 18 de março. Socialista ardoroso, o pintor Gustave Courbet (1819-77) teria uma atuação marcante naquele que é considerado o ensaio geral para a Revolução Russa de 1917.
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| Gustave Courbert |
Em 1870, durante a Guerra Franco-Prussiana, Courbet tomou uma atitude que lhe criaria problemas para o resto da vida. Numa carta ao Governo da Defesa Nacional, propôs que a coluna da Place Vendôme, erguida por Napoleão para comemorar as vitórias militares da França, fosse removida. Os communards, famintos de ação, foram mais longe e demoliram a coluna, à revelia de Courbet, que a queria apenas deslocada para outro local. Depois da supressão da Comuna, pela ação violenta do exército francês na “semana sangrenta” de 21 a 28 de maio de 1871, Courbet refugiou-se em apartamentos de amigos, mas acabou preso em 7 de junho. No julgamento reiterou que não advogara a destruição da coluna, mas apenas sua remoção. Mesmo assim, foi condenado a seis meses de prisão e uma multa de quinhentos francos.
Courbet saiu da cadeia em 2 de março de 1872, mas os problemas causados pela destruição da coluna não tinham passado. O novo presidente da República anunciou em 1873 que a reconstruiria e os custos seriam pagos pelo pintor. Sem dinheiro, Courbet exilou-se na Suíça, vigiado o tempo todo por agentes secretos. Em 4 de maio de 1877 recebeu a conta do governo francês: a reconstrução da Coluna Vendôme custara 323.091 francos e 68 cêntimos. Deram-lhe a opção de pagar em prestações anuais de 10.000 francos nos próximos 33 anos, até o seu 91º aniversário. Na véspera do Réveillon, 31 de dezembro de 1877, um dia antes do vencimento da primeira parcela, Gustave Courbet morreu aos 58 anos em La Tour-de-Peilz, Suíça, de cirrose hepática agravada pelo alcoolismo. Mais um exemplo de uma carreira artística promissora abreviada por um regime autoritário.
quarta-feira, 17 de março de 2021
"Gestapo" brasileira investiga outdoor "subversivo"
| Reprodução Twitter |
O Brasil está às voltas com a maior tragédia da sua história. Aproxima-se dos três mil mortos por dia como resultado da inércia e até dos crimes que o governo comete no combate à Covid-19. É o resultado do negacionismo oficial, E o ministro da Justiça André Mendonça se dedica a caçar "subersivos". O outdoor acima, em Palmas (To) desagradou a República. Deve ser falta do que fazer. Ou corrida pela vaga no STF.
Atualização em 18/3/2020 - No dia em que o Brasil atingiu o maior número de mortos pela Covid desde o começo da pandemia, o líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), diz à Globo News que a tragédia do Brasil "é uma situação até confortável". Avalie você mesmo o cinismo político dessa declaração cruel e desumana.
Pensata boleira
por Niko Bolontrin
Papo de botequim. O futebol anda confuso, sem torcida, mas fazendo aglomeração Brasil afora, nos aviões, nas portas de hotéis e nas proximidades do estádios. A notícia ligada a futebol que mais repercutiu nessa semana não tinha ver com bola, mas com carteado e roleta. Foi a performance de Gabigol em um cassino clandestino. Com o Planalto aberto e cumprindo horários e protocolos, torcedores em recessão catalogaram craques atuais e históricos. É uma trívia para quem conhece futebol atual e de sempre. Por nada, só enquanto esperavam a hora do bar fechar as portas para o toque de recolher.
Cabeças de bagre: Gabigol, Neymar, Pelé, os dois Ronaldos, Felipe Mello, Robinho,
Profissas: Zico, Roberto Dinamite, Juninho Pernambucano, Junior, Rivelino, Nenê,
Professores: Nilton Santos, Didi, Zagalo, Tostão, Falcão, Júnior
Engajados: Afonsinho, Dr Sócrates, Casagrande, Richarlison, Reinaldo
Lúdicos : Rivelino, Didi, Gerson, Garrincha, Ademir da Guia
Bad boys: Edmundo, Romário, Almir Pernambuquinho
Ovelhas: Kaká, David Luiz, Ganso
Tratores - Brito, Fontana, Pinheiro, Júnior Baiano, Chicão, Serginho Chulapa
Alegoria do crime...
por O.V.Pochê
Imagine o seguinte: em determinado momento da história, cansados de interferências ideológicas por parte do Brasil, quatro países, Argentina, Bolívia, Chile e Venezuela declaram guerra ao patropi. Na correria, o Estado Maior convoca milhares de militares que estão ocupados em "boquinhas" nos ministérios. Só isso leva alguns dias. Muitos não queriam largar os cargos. Enquanto isso, a Intendência é encarregada de prover os insumos para a batalha. Mas aí ocorrem problemas do tipo:
* Um fabricante europeu oferece lotes de munição ao general responsável, que consulta o presidente e declina da compra ao saber que balas, projéteis, foguetes viriam da China.
* A Intendência fecha a compra de uniformes, capacetes, botas, mas manda entregar no lugar errado: a tropa sem uniformes está em Manaus e a carga vai para o Amapá.
* Da fronteira, o comandante de campo avisa à Intendência que o combustível para carros de combate está acabando, vai durar um dia ou dois. O supremo general é avisado, nada faz, as tropas bolivianas entram com facilidade no território brasileiro e, pressionado, o três estrelas diz que não sabia de nada.
* A Intendência traça um cronograma para abastecimento das tropas. Na semana seguinte, diz ele, receberão 10 mil toneladas de explosivos; 15 dias depois, 2 milhões de balas para fuzil; em 20 dias, chegarão 90 tanques e 50 lançadores de foguetes; em seis meses, mas balas. Com as tropas brasileiras cercadas, o general convoca uma coletiva para dizer que "problemas diplomáticos estão atrapalhando". E lamenta informar que há outras guerras no mundo e faltam insumos bélicos. Paciência.
* Na falta de munição e equipamentos no mercado, o general sugere que as tropas façam uns ataques preventivos usando produtos para guerra química denominados cloroquina e ivermectina.
* O general determina que a Infantaria use coletes a prova de balas. Mas o presidente diz que isso vai contra o direito individual. O Estado não pode obrigar, isso é "comunismo". Manifestantes vão às ruas para protestar contra os coletes. O próprio presidente, acompanhado do supremo general vai às trincheiras mostrar que quem usa colete "é viadinho, é frescura".
* Um capitão de fragata sugere que convoquem urgentemente o porta-aviões MINAS GERAIS...
* As tropas brasileiras perdem quase 3 mil soldados por dia. O presidente diz que morrer "é da vida, todos vamos morrer". O general é destituído das suas funções.
* O presidente nomeia um civil para cuidar da Intendência, algo como Churchill paraibano. E o novo comandante supremo afirma que a gestão da guerra, da tática à estratégia, terá "continuidade".
* No dia seguinte, morrem 4 mil sodados. O presidente, irritado, comenta. "o que querem que eu faça? Não sou coveiro".
* O Brasil perde a guerra e, finalmente, a nossa capital passa a ser oficialmente... Buenos Aires. Mas fica tudo bem. Durante a assinatura do armistício, os vencedores oferecem aos derrotados "boquinhas" nos ministérios do país ocupado e a paz volta a reinar.
Entendeu a tragédia brasileira?










