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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Memórias da redação. Aconteceu na....



Na redação da Fatos & Fotos, na rua Frei Caneca: Cordeiro de Oliveira, o ex-marido da Lélia de Oliveira, Nilo Martins, Orlandinho Abrunhosa, Nelio Horta, Laerte Morais Gomes, Leo Schlafman, Paulo Henrique Amorim, Hedyl Valle, Robertinho (barbeiro). Na mesa: José-Itamar de Freitas e Ney Bianchi. Foto: Arquivo Pessoal NH









Leo Schlafman, Jaquito, Arnaldo Niskeir, Nilo Martins, Pilha, Claudio Mello e Souza, Macedo Miranda, José-Itamar de Freitas, Evaldo, Ney Bianchi , Ezio Speranza e Laerte Gomes. Foto: Arquivo Pessoal NH
SAUDADES DA "FREI CANECA"

por Nelio Barbosa Horta
Ao mesmo tempo em que são fechados jornais e revistas tradicionais e que marcaram época na imprensa brasileira  em todos os tempos, como por exemplo a Manchete, a Fatos &Fotos, o Jornal do Brasil, o Jornal da Tarde e uma infinidade de outras  publicações, soubemos que o antigo prédio da Manchete, onde funcionavam suas primeiras gráficas  será implodido neste sábado.
Não posso deixar de lembrar,  com saudade,  daquela época, anos 50, onde tudo acontecia e as situações mais incríveis ficaram gravadas na nossa memória.  Era um tempo onde tudo se improvisava, uma  adorável improvisação que  poderia ser classificada hoje como uma grande competência que nos fez ganhar dois Prêmios Esso, com o José–Itamar de Freitas (Por quê o homem mata?) e o Ney Bianchi com matéria de esporte. Lembro dos fechamentos, enquanto aguardávamos a chegada das matérias, havia um "racha" na Redação, que só parava quando o "Marechal", secretário do seu Adolpho, aparecia e encontrando todos suados, dizia: O barulho está chegando na sala do patrão...ele vai descer! Isto é, subir...
Depois, havia o "fino da boia", que era um lanche preparado carinhosamente pelo "seu" Dias, do Restaurante que ficava no último andar e onde a Manchetinha, cadela do "seu" Adolpho, circulava tranquilamente.
O arquivo de fotos, chefiado pelo "seu" Aron, ficava ao lado da Redação da  Fatos&Fotos.  Eles sofriam com as "peladas": Tinha o "seu" Manoel, a Thereza, que acabou se casando com o Justino Martins, Editor da Manchete, a competente Creuza, o Cesar  e mais uma dedicada equipe que, infelizmente, não lembro mais dos seus nomes. Os infografistas, naquele tempo, só desenhistas, eram o Raphael Wasserman e  o Haroldo Zaluar. Na diagramação havia o Ezio Speranza, um gênio na arte de criar e na velocidade do fechamento, o Joel Ghivelder, irmão do Zevi, eu e o Laerte Moraes Gomes, um  maranhense  gozador que pegava no pé de toda a Redação.
Houve um dia, num fechamento "daqueles", em que eu e o Leo Schlafman  que era redator, ficamos  sozinhos, dando as últimas "pinceladas" em uma matéria. Notamos que havia um estranho vazio em volta, ninguém para nos fazer companhia. Só percebemos o que estava acontecendo quando entraram na Redação dois esbaforidos bombeiros, mandando que nós corrêssemos porque o prédio estava em chamas!  Eu e o Léo descemos correndo as escadas, a Redação ficava no sexto andar, atravessamos toda a área da frente onde havia o incêndio e chegamos à rua. Todos nos esperavam, aguardando alguma explicação. Nós não sabíamos o que estava acontecendo...
Houve um período em que o "seu" Oscar Bloch, diziam,  estava proibido de entrar no prédio por ordem expressa do "seu" Adolpho. Eles haviam brigado no escritório, que ficava bem na frente do prédio, e "seu" Oscar tinha que ficar,  diáriamente no botequim, do outro lado da rua.  Mas foi por pouco tempo, eles eram tio e sobrinho, presidente e vice de Bloch Editores. Neste mesmo botequim, um fotógrafo, que tomava café, percebeu um bueiro à sua frente se levantando...  Era um preso que fugia. Imediatamente pegou a máquina, fez as fotos que lhe renderam mais um Prêmio Esso. Os presos, do Presídio  que ficava ao lado, eventualmente fugiam pelas escadarias da Manchete e ganhavam a liberdade.
Houve um episódio, que me contaram, não sei se é verdadeiro,  que o "seu" Adolpho, demitiu um rapaz que veio trazer uma correspondência e que estava tomando café, no horário do "expediente".  O rapaz teria dito, "seu "Adolpho eu nem trabalho aqui"...
O estúdio chegou a funcionar lá,  onde eram produzidas as famosas fotonovelas da Revista "Sétimo Céu" que tanto sucesso faziam.
Foi uma época adorável, onde todos trabalhavam, as revistas saiam e eram disputadas pelos leitores, num tempo em que "fechamento" era só mais uma edição, sem o medo de sair das bancas ou do desemprego. 
(Nelio Barbosa Horta, de Saquarema)