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sábado, 2 de março de 2019

Carnaval 2019 - Homenageada aos 97 anos, Ruth de Souza emociona a Marquês de Sapucaí. Em 1953, ela foi a primeira negra a estampar a capa de uma revista brasileira: a Manchete


Ruth de Souza na Acadêmicos de Santa Cruz. Foto de Fernando Grilli/Riotur/Divulgação
Na capa da Manchete, em maio de 1953, fotografada por Zigmund Haar.

Para as páginas internas, Ruth foi fotografada por Salomão Scliar.

Foto de Salomão Scliar/Manchete

Foto de Salomão Scliar/Manchete
por Ed Sá

Ontem, o desfile das escolas de samba da Série A, no Sambódromo carioca, desafiou o temporal que alagou o Rio de Janeiro. O samba que venceu a chuva reservou um momento especial para os corajosos que foram à Marquês de Sapucaí.

Aos 97 anos, Ruth de Souza emocionou o público e os componentes da Acadêmicos de Santa Cruz, escola que a homenageou. Ruth abriu caminho para os negros na cena artística. Ao longo da sua brilhante trajetória, ela acumulou pioneirismos: foi a primeira atriz negra a atuar no teatro, cinema e TV brasileiros; foi a primeira brasileira indicada a um prêmio internacional de Melhor Atriz (Festival de Veneza, 1954, filme "Sinhá Moça"); foi a primeira atriz brasileira a conquistar bolsa de estudos da Fundação Rockfeller para temporada nos Estados Unidos, onde passou um ano e atuou na peça "Dark of the Moon", de Howard Richardson e William Berney.

Segundo a Manchete, Ruth, como principal intérprete, aprendeu o dialeto sulista em apenas trinta dias e sua performance repercutiu no New York Times. Ela foi também a primeira negra a se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

E, por último, a primeira negra a sair na capa da Manchete, fotografada por Zigmund Haar. Salomão Scliar fez o ensaio das páginas internas acima reproduzido e Neli Dutra entrevistou a atriz.

Como cantou o trecho do samba da Santa Cruz - "Dama, meu motivo de rara beleza/Acalanto a sua alteza/A estrela que brilha por nós/ Oh, pérola negra!/ Joia que emana a paz" - Dona Ruth, sorrindo e serena, reinou na avenida.