Foto Reprodução Twitter |
por O. V. Pochê
Diante da foto acima, tudo no Brasil de hoje faz sentido. Temer e Ratinho. O entrevistador e o entrevistado estão no mesmo plano, olho no olho, um merecendo o outro e cada um deles tendo plena consciência disso.
Observe, são parecidos até na postura corporal da posição sentados: quadril afastado do encosto, costas coladas no espaldar, pés estranhamente grudados um no outro, ligeira corcunda e uma certa e justificada perplexidade.
Repare, eles agarram o apoio para os braços como se buscassem uma tábua de salvação. A rigidez denuncia que ambos estão sofrendo de algum incômodo. Se ficassem mais de duas horas nesse posição os danos musculares obrigariam os dois a fazer pilates por mais de três anos, diariamente.
Temer e Ratinho lembram nessa imagem dois jogadores de xadrez que até agora estão querendo saber que foi o filho da puta que roubou o tabuleiro.
Que jeito? Não passaria pela cabeça de uma Christiane Amanpour vir ao Brasil conversar com um exótico mandatário. Ratinho está bom demais, vamos de Ratinho e cara de festa, deve ter dito o staff de comunicação da República..
Mas o ponto alto da entrevista foi sério e - considerando-se que presidente não joga conversa fora e tudo o que ele diz afeta o destino da nação - pode até implicar em novos rumos da política econômica.
Ratinho - "Se o marido ganha R$ 5.000, uma dona de casa não pode gastar mais que cinco, senão ela vai quebrar o marido. Por que o governo gasta mais do que arrecada sempre?"
Temer - Acho que os governos agora precisam passar a ter marido, viu, porque daí não vão quebrar'.
Esse foi certamente um dos diálogos mais ricos do jornalismo mundial. A mídia mundial repercutiu e os leitores lá fora que já não estão entendendo nada devem ter ficado intrigados ao saber que um tal "Little Mouse" tinha entrevistado o presidente do Brasil e arrancado dele uma importante diretriz econômica.
A Bolsa de Nova York tremeu. A de Londres, já abalada com o Brexit, fechou mais cedo. A de Tóquio apertou o olhos de tanta tensão. A de São Paulo não tem importância e já estava curtindo o feriadão.
Nas redes sociais houve protestos contra a visão crônica que Temer tem da mulher "recatada", "do lar" e, agora, dependente de um marido para fazer contas e conter a gastança doméstica. Mas outros internautas preferiram levar o alto pensamento presidencial a sério e a indicar possíveis "maridos" para substituírem o Ministro da Fazenda Henrique Meireles. Alexandre Frota, Bolsonaro, Lobão, Dória, Felipe Melo, Kim Kataguiri, o marido da Ana Hickman (que reclamou que teve prejuízo com a greve geral, aparentemente, ele imagina que greve é um 'eveinto' que deve gerar lucro) foram alguns dos nomes cogitados para ser o "primeiro marido" da Era Temer.
A outra hipótese é o Brasil entrar em um reality show desses que oferecem solteiros cobiçados.