A revista que impulsionou a revolução sexual nos Estados Unidos entrega os pontos. A Playboy americana não sairá das bancas mas será radicalmente reformada. Mulheres nuas, nunca mais. Em função da concorrência com a internet, algumas publicações masculinas tentaram tornar-se mais explícitas em busca do leitor perdido. Nada aconteceu e a maioria fechou. A Playboy, para sobreviver, vai tentar um caminho oposto: continuará publicando fotos sensuais mas sem nudez. No tímido começo da revista, a capa número 1, Marilyn Monroe apareceu vestida, embora nas paginas interiores dispensasse figurinos. Mas agora as coelhinhas ficarão pudicas de vez e a revista vai investir em conteúdo e buscar um público mais jovem. Segundo o New York Times, Hugh Hefner, o fundador, concordou com o reposicionamento editorial, até por não ver outra opção no horizonte. Obviamente, a decisão terá impacto direto nas edições internacionais da Playboy. Em nenhum momento, a Playboy Enterprises, que licencia as edições internacionais, revela se deixará a decisão a cargo de cada mercado. A versão brasileira já vem há cerca de três anos dando claros sinais de esgotamento. Com a crise da Abril, o nível despencou e o mercado já anunciou que a revista poderá ser "descontinuada" como diz o pedantismo corporativo.
O fato é que as revistas eróticas perderam o sentido. Vive-se um tempo em que até redes sociais cumprem esse papel com a atual moda de enviar "nudes". Com o detalhe de que as personagens das fotos "nudes" que circulam em whatapps e assemelhados não são mulheres inatingíveis mas a namorada, a vizinha, a colega da firma, a ficante. Difícil vencer tal apelo.
A última edição da Playboy italiana traz uma chamada sugestiva e premonitória: "Scrivere à sexy". Talvez, Hefner e seus executivos achem que a escrita é a fronteira que restou à imaginação. A mídia impressa anda tão perdida que essa vaga fórmula de "investir em conteúdo" pode dar uma sobrevida à revista ou pode ser o botão que ligará, de vez, o crematório. Quer saber? Nem os executivos que bancam o tal "reposicionamento" sabem no que isso vai dar.
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terça-feira, 13 de outubro de 2015
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