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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Lembra do computador HAL, do filme "2001 - Uma odisseia no espaço"? Descendentes dele são acusados de ter derrubado o mercado financeiro global na última segunda-feira

Como o computador HAL 9000, do filme "2001-Uma odisseia no espaço", que assumiu o controle da nave
Discovery, programas de inteligência artificial começam a mandar em Wall Street.  

por Flávio Sépia

Confira no noticiário: a palavra da semana é... "volatilidade". Foi usada à exaustão nas últimas semanas em matérias sobre bitcoins. A bitcoin é, você sabe, uma das manifestações "anarquistas" da internet. Criou, virtualmente, através de algoritmos, um sistema financeiro paralelo e global.

As instituições financeiras tradicionais, bancos e bolsas de valores, reagem, sentem-se ameaçadas, e acusam as moedas virtuais de montarem um esquema de "pirâmide". Não são confiáveis, e não passam de uma bolha - dizem. De fato, a bitcoin e outras criptomoedas tiveram suas cotações disparadas e, agora, entraram em queda brutal. Muita gente perdeu dinheiro. São "voláteis", são ameaças ao sistema financeiro mundial, repercute a mídia, que pede intervenção das autoridades.

Com a violenta queda da Bolsa de Valores de Nova York, na segunda-feira, a "volatilidade" ganhou mais força ainda nos cadernos de economia, além de ter dado prejuízo a muitos investidores. Só que atingiu o mercado tradicional. E há também algoritmos nessa sombra. No ano passado, o Wall Street Journal alertou que os "robôs de investimento", que fazem transações autônomas em milésimos de segundo, começam a prevalecer na Bolsa de Valores de Nova York. São algoritmos que determinam a compra e venda papéis em uma velocidade que deixa operadores humanos a anos-luz de distância. Mesmo pré-progamados, eles agem tão rápido que operadores não conseguem reverter suas decisões, a não ser depois de efetivadas e, às vezes, com consequências catastróficas.

A inteligência artificial que faz transações financeiras tem sido comparada ao computador HAL, do filme 2001- Uma odisseia no espaço. Já se "empoderou" como registra outra expressão em moda.

"A venda atual do mercado global foi impulsionada por computadores e não pelos receios dos comerciantes em relação aos indicadores de mercado", disse à NBC, ontem, um estrategista da consultoria Lombard Odier.

A mídia americana acusa esses robôs de investimento de terem provocado a recente queda da bolsa em mais de 800 pontos em cerca de cinco minutos.

Se a bitcoin é movido a algoritmos, e, agora, os mercados financeiros tradicionais tem os "robôs investidores", haja "volatilidade" em um mesmo dia.

Na criptomoeda ou nas bolsas, economistas indicam que quem corre risco de se "volatilizar" é o investidor comum.

No mercado financeiro brasileiro, pelo que se sabe, há uma empresa que usa robô apenas como consultor, ainda não como operador direto.

A Bolsa de Valores de São Paulo sofreu as consequências da atuação dos robôs investidores de Wall Street e nem anotou a placa do caminhão que a atropelou.

A partir de agora, quando você ouvir ou ler colunistas engravatados ou de terninhos interpretando tendências do mercado financeiro e agências de risco fazendo previsões, pergunte se o distinto ou a distinta conversou com os robôs.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Donald Trump é o queridinho do mercado financeiro...

por Flávio Sépia

O mercado financeiro viveu ontem dia de festa nos Estados Unidos. Segundo os analistas, valorizações e recordes na Bolsa indicam que o governo Trump tem aprovação total e irrestrita dos especuladores, além dos setores conservadores do país.

Muro na fronteira com o México e pau nos imigrantes, desprezo pela questão ambiental, oleodutos liberados em reservas naturais, ofensiva contra direitos humanos, protecionismo, agressividade comercial, ameças a fábricas que exportam para os Estados Unidos e não investem no país, volta da tortura e das prisões secretas como práticas da CIA, relaxamento de dispositivos que possam ser interpretados como defesa do feminismo e da diversidade, tudo isso soou como música aos ouvidos do mercado.

Mercado, aliás, que também aqui é tratado pelos colunistas do setor como como um deus absoluto a reinar acima dos interesses dos cidadãos. O mercado tem sempre razão, pregam. Talvez, se dependesse deles, os governantes e representantes do povo, esses intermediários às vezes incômodos, fossem eliminados e o poder entregue diretamente aos traficantes de dinheiro sem entraves burocráticos.

Um dealer para presidente.

Foi exatamente o que aconteceu nos Estados Unidos com Trump agora cercado de executivos do mercado financeiro em posições-chave. E não há nada de folclórico nem histriônico no novo presidente, como é o rótulo que o apresenta. Trump sabe bem o que faz e os grupos que os levaram lá não estão brincando e não o elegeram por acaso.

Um equação diabólica explica tudo isso. Com o avanço do neoliberalismo e a desregulamentação, os mercados provocaram a crise global de 2008. Em muitos países, a receita para combatê-la foi o arrocho fiscal, o desemprego, os cortes em políticas de previdência, saúde, educação etc. A insatisfação das populações criou o caldo de cultura perfeito para a ascensão da direita e, ironicamente, da prevalência do mercado sobre os governos. É o que acontece na Europa, com a direita em alta. Nos Estados Unidos, com a via Trump. No Brasil, com o golpe. Na Argentina, com a chegada de um empresário ao poder, não por acaso parceiro de Trump em negócios. O cenário se repete em muitos países.

A mídia dominante brasileira foi na onda da maioria da mídia americana e rejeitou Trump. Ainda o critica, o que começa a não fazer muito sentido já que o americano exibe métodos e ideias bem assimiláveis pelas elites tupiniquins. Em breve, vai restar apenas uma certa oposição ao protecionismo.

Anotem aí: a questão não é se a velha mídia brasileira vai passar a apoiar Trump; a dúvida é quando isso vai começar a acontecer. Tem colunista aí que não vê a hora..

Falta só o patrão mandar um emoji pelo Whatsapp: