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domingo, 9 de novembro de 2014

Um livro revela: como os nazistas levaram os norte-americanos à Lua e porque, anos depois, Reagan impediu que os homens de Hitler fossem investigados


REPORTAGEM PUBLICADA NO HUFFPOST



É comum, até hoje, no cinema e na literatura, além de ter sido um tema muito explorado pela propaganda durante a Segunda Guerra, classificar a América do Sul como um território de refúgio de nazistas. O que, em parte, é verdade, como demonstram muitas reportagens feitas no Brasil, Argentina, Paraguai e Chile, principalmente. Recentemente, um desses documentários na TV a cabo abordou o assunto sob um título exagerado: "América Latina, o continente nazista". Não chegou a tanto e, pelo menos no Brasil e na Argentina, alguns foram capturados. O fato é que, se muitos vieram mesmo para o Sul, muitos mais, seriam milhares, se abrigaram no Norte, nos Estados Unidos, e exercendo importantes funções públicas e privadas. O Huff Post publica interessante matéria sobre o assunto. "Nazistas", segundo o portal de notícias, "serviram como pedras angulares do avanço científico dos Estados Unidos, pós-Segunda Guerra Mundial, trabalharam para a NASA, ajudaram a desenvolver foguetes enquanto calmamente enterravam seu passado sob elogios da comunidade científica local". Especialistas, acadêmicos e pensadores foram empregados pelo governo dos EUA, apesar dos seus currículos de atrocidades. Em livro lançado há poucas semanas, o jornalista Eric Lichtblau revela que Washington trabalhou ativamente para proteger os nazistas de qualquer investigação. "The Nazis Next Door: How America Became a Safe Haven for Hitler’s Men,”, algo como "Os Vizinhos Nazistas: como a América tornou-se um refúgio seguro para os homens de Hitler", mostra como um programa do governo, chamado "Operação Paperclip", importou profissionais nazistas de várias áreas. Werner von Braun, o lendário cientista que comandou o programa espacial americano, tinha na sua ficha anotações sobre sua atuação no importante cargo de supervisor de uma fábrica movida a trabalho escravo. Von Braun era apenas o profissional mais notório da tropa que se abrigou em cidades norte-americanas. Outro nome destacado foi Hubertus Strughold, prestigiado e premiado nos Estados Unidos apesar de ter orquestrado experiências científicas em cobaias humanas no campo de concentração de Dachau. Parte dessa operação de abrigo a nazistas já era conhecida. Outras potências, como a União Soviética, também capturaram, no pós-guerra, alguns cérebros nazistas. Afinal, a tecnologia dos foguetes V-2 e dos primeiros caças a jato eram apenas alguns dos avanços alemães que interessavam aos vencedores. Uma das novidades do livro é que, além de aprofundar a investigação a níveis chocantes, Lichtbau levanta detalhes de um complô inédito e relativamente recente: por pressão da Casa Branca, no governo republicano de Ronald Reagan, o Departamento de Estado congelou e destruiu provas do passado dos nazistas responsáveis por crimes de guerra, impedindo que fossem punidos pela Justiça ou caíssem nas mãos de caçadores de criminosos de guerra. "Assim", diz o Huffpost, "os EUA se tornaram um refúgio para alguns dos mais notórios comparsas de Hitler. Um dos casos emblemáticos é o de Arthur Rudolph, o alemão que ainda é aclamado como o pai do foguete Saturno V, que levou os Estados Unidos para a Lua. Depois de trabalhar no país durante décadas, ele voltou para a Alemanha, onde morreu em 1989, em paz, apesar de ter confessado seus crimes. 
Um detalhe que não está no Huffpost mas este blog ajuda a relembrar: em 1972, durante a ditadura, Werner von Braun esteve no Brasil, onde manteve encontro com os militares, incluindo o ministro da Aeronáutica. O inventor das V-2 foi a São José dos Campos, sede de algumas empresas de pesquisa militar. Na época, um objetivo da ditadura era desenvolver uma forte indústria armamentista. 
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