Iwo Jima: a cena histórica e produzida da bandeira no Monte Surubachi. Foto de Joe Rosenthal. Domínio Público. |
por José Esmeraldo Gonçalves
Para quem leu "Fotomemória: a foto que simbolizou a queda de Berlim, há 75 anos", publicado ontem, este post é uma continuação.
A conquista de Iwo Jima, após luta acirrada dos fuzileiros navais americanos contra tropas japonesas, também rendeu foto icônica. Em 23 de fevereiro de 1945, dominada a resistência dos defensores da ilha do Pacífico, o fotógrafo Joe Rosenthal, trabalhando para a Associated Press, escalou o Suribachi, onde japoneses haviam instalado uma bateria de canhões, e apontou sua pesada Speed Graph para o grupo de soldados que plantava uma bandeira no topo do monte.
A "chapa", extraordinariamente plástica, entrou para a história como símbolo não apenas da vitória em Iwo Jima, mas de toda a guerra no Pacífico, Com a cobertura daquele momento inédito, Rosenthal faturou a fama devida, a honra de ser o autor de uma das imagens mais multiplicadas de todos os tempos e, de quebra, ganhou o prestigiado Prêmio Pulitzer.
Momento inédito? Não foi bem assim...
Antes do esforçado fotógrafo chegar ao Suribachi, outro grupo de fuzileiros, ainda com as armas fumegando após ocupar o pico, havia hasteado no local uma versão menor da "stars and stripes".
Do alto do monte via-se toda a ilha. Um oficial achou então que uma bandeira pequena não seria enxergada dos pontos mais distantes. Para o moral da tropa cansada e sofrida, que perdeu no ataque mais de 5 mil companheiros, a visão da bandeira era um alento, o sinal da missão cumprida.
Dito pelo oficial e feito por seus comandados. A primeira bandeira foi retirada. A foto de Joe Rosenthal é, portanto, a segundona de Iwo Jima.
Hora e meia antes de Rosenthal, o sargento Louis Lowery, da revista Leatherneck, havia registrado a cena de colocação da primeira bandeira, o gesto triunfal de um grupo de fuzileiros, parte dos 40 homens que conquistaram a fortificação japonesa. Lowery flagrou a cena real, desarrumada, pouco épica. Já Rosenthal provavelmente teve o feeling, vislumbrou a oportunidade histórica. Mais do que posada, sua foto é coreografada.