Mostrando postagens com marcador escândalo no futebol. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador escândalo no futebol. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Deu na Folha de São Paulo: Globo Livros compra direitos de obra sobre escândalo no futebol, mas 'esquece' de lançar o livro





Reprodução
Folha de São Paulo
A Folha de São Paulo publica hoje uma matéria sobre o livro “Red Card: How the U.S. Blew the Whistle on the World’s Biggest Sports Scandal” – “Cartão Vermelho: Como os EUA revelaram o maior escândalo esportivo mundial”).

Segundo o autor, o jornalista Kim Bensinger, a Globo Livros adquiriu, os direitos para publicação no Brasil mas não lançou o livro. A reportagem da Folha informa que a Rede Globo, que há décadas é dona dos direitos de TV nos torneios da Fifa, é citada quatro vezes. A Folha registra que procurou a Globo Livros para comentar a matéria, mas a editora não se manifestou.

Livros sobre grandes escândalos do futebol não parecem dar muita sorte no Brasil. Em 1998, a Editora Record lançou "Como Eles Roubaram o Jogo", de David Yallop. Boa parte do que foi objeto da investigação aberta nos Estados Unidos já estava em campo. O brasileiro João Havelange, ex- presidente da Fifa, era apontado como um centro-avante responsável por polêmicas jogadas, bem antes das recentes investigações das autoridades suíças e do FBI.

Yallop mostrou como os interesses financeiros da Fifa se confundiram, várias vezes, com placares suspeitos ou, no mínimo, duvidosos em campo.

Coincidência ou não, com Havelange e outros citados ainda poderosos na época, o livro de David Yallop passou quase despercebido na mídia brasileira e não sensibilizou debates nas mesas-redondas esportivas. Mas estava quase tudo lá: ISL, Traffic, contratos suspeitos com patrocinadores, como pressões políticas e corporativas contaminaram torneios e um forte relato das circunstâncias da inacreditável escalação de Ronaldo Fenômeno para o jogo contra a França na final da Copa de 1998, com o jogador brasileiro tendo saído do hospital apenas 75 minutos antes de jogo.

São discutíveis algumas opiniões de Yallop, mas não há qualquer dúvida que ele foi o primeiro a abrir os subterrâneos de Fifa e suas ramificações no futebol brasileiro e mundial.

A quem interessar:

* "Red Card: How the U.S Blew the World's Biggest Sports Scandal" está à venda na Amazon, edição em inglês. Segundo a Folha, circula em Portugal uma versão em português..

* "Como Eles Roubaram o Jogo", edição em português, pode ser encontrado na internet em sites especializados como o Estante Virtual.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Fifa: é difícil saber o que é mais sujo, se a corrupção dos cartolas ou o jogo político dos Estados Unidos com vistas à Copa de 2018...

O atual escândalo da Fifa só é novidade para
quem não leu o livro de David A. Yallop. A edição brasileira
 foi lançada em 1998 e praticamente ignorada pela mídia.
Explica-se: um dos alvos do livro, João Havelange,
era então figura íntima dos empresários que controlam
a comunicação no Brasil.
Em 1998, foi lançado no Brasil o livro "Como eles roubaram o jogo", de David A. Yallop, com os "segredos dos subterrâneos da Fifa". Muito do que você lê nos jornais de hoje está detalhado lá. O livro denuncia a polêmica atuação de João Havelange no comando da entidade e o modus operandi de dirigentes, empresas de marketing e patrocinadores. O livro de Yallop quase não repercutiu no Brasil. A mídia não deu muita atenção ao calhamaço de denúncias. Poderoso e íntimo dos 'capi' da imprensa, Havelange, que Yallop chama de "Rei Sol', foi poupado, à época, por jornais e revistas. Qualquer jornalista que atuou no esporte durante os anos dourados do "Rei Sol" sabe que jornais, revistas e TVs não publicavam matérias críticas ao poderoso ex-presidente da CBD, da CBF, da Fifa e membro do Comitê Olímpico Internacional. Ao contrário Havelange desfilava em tapete vermelho nas redações e só cairia em desgraça uma década depois a partir de acusações de envolvimento na escolha de países-sede de Olimpíadas alvo de investigações e processos na Europa. "Como eles roubaram o jogo" revela não apenas propinas e subornos ou pagamentos em dinheiro para cabalar votos de confederações como manipulação extra-campo (jogadores suspensos e rapidamente absolvidos à véspera de jogos importantes, escalação duvidosa de árbitros, coisas do tipo). Até a famosa ISL, empresa suíça de marketing esportivo que foi saudada pela mídia brasileira com exemplo de profissionalização do futebol ao assinar contrato com o Flamengo há cerca de 15 anos, tem suas digitais nos fatos levantados pelo livro-reportagem de Yallop. A ISL, que intermediava patrocínios, prometeu investir 80 milhões de dólares no clube brasileiro. A parceria virou escândalo com denúncias de lavagem de dinheiro em paraíso fiscal. A empresa suíça foi acossada nos anos seguintes, pediu falência e deixou dívidas para o Flamengo pagar. Um detalhe importante: quando o Flamengo assinou contrato, a ISL já era personagem do escândalo denunciado no livro "Como eles roubaram o jogo". As matérias da época, apesar do livro lançado dois anos antes, não fizeram essa ligação. A mídia via a chegada da ISL como uma espécie de "abertura dos portos" do futebol. Tudo isso era conhecido, incluindo-se as suspeitas recorrentes sobre as vendas de milionários direitos exclusivos de transmissão de campeonatos. As denúncias atuais, que levaram à prisão, entre outros, do "revolucionário" de 1964, o servidor da ditadura José Maria Marin, merecem várias leituras. É bom não comprar gato por lebre. Que a corrupção existe, ninguém duvida. Por aqui, já houve a famosa CPI da Nike, implodida pelos deputados da chamada "bancada da bola" eleitos pelo financiamento privado de empresas e interesses ligados ao futebol brasileiros, de entidades a clubes e patrocinadores. Esse mesmo financiamento privado que a Câmara dos Deputados acaba de perpetuar e que equivale a um "investimento", a empresa banca eleições e depois vai cobrar resultados do seu "legislador-funcionário". No ano passado, a Polícia Federal desvendou um esquema multinacional de venda de ingressos para a Copa, uma espécie de rico mercado paralelo. Houve prisões seguidas dos habituais habeas corpus e o escândalo deu em nada. Há duas semanas, o Estadão revelou um estranho contrato que a CBF fez com uma empresa de marketing que manda e desmanda na programação de amistosos da Seleção. Agora, surge essa surpreendente operação do FBI. O mérito da ação é trazer à tona mais uma vez o jogo de propinas e subornos. A dúvida é quanto aos reais propósitos da operação deflagrada às vésperas das eleições na Fifa, com os Estados Unidos apoiando o  príncipe jordaniano Ali, representante de um país aliado. Para os estadunidenses, seria vital assumir o controle da Fifa às vésperas da Copa do Mundo de 2018, cuja sede é a Rússia. Com o revitalização da "guerra fria", Estados Unidos e a sempre submissa União Europeia, em choque com Moscou, trabalham para viabilizar um boicote ao mundial. Está mais do que claro o objetivo político da investida do FBI na Suíça. O alvo é a Copa de 2018. É o caso típico de um "cavalo de Tróia", que é a "boa causa" (o combate à corrupção), que leva nas entranhas o inconfessável objetivo de passar a manipular o futebol através de um entidade que tem mais países filiados do que a ONU. Um aspecto que está em debates entre especialistas do Direito Internacional é o fato de a polícia americana, obviamente com a colaboração das autoridades suíças - o que não é difícil de conseguir, já que a Suíça está longe de ser uma potência e não tem condições de resistir a pressões, nem as mais leves, dos Estados Unidos - estender um braço até Zurique a partir de investigações desconhecidas pela justiça suíça, que mansamente acatou as ordens de prisões.Trata-se, mesmo que se apoie o resultado em função da transparência que se exige no futebol, de um perigoso precedente. Não é por apoiar a investigação  - e espera-se que através da Polícia Federal, produza efeitos também no Brasil -, que se deve esquecer certos aspectos da ação contra a Fifa. Não há mocinhos nesse jogo.