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sábado, 15 de abril de 2017

Quem quer dinheiro! Jornalismo didático mostra o que é propina suja e propina limpa...




Digamos que não há novidade nos nomes da Lista Janot/Fachin. Mesmo assim, oficializada, ela assustou o pessoal dos foros privilegiado e desprivilegiado. Abalou algumas redações, também. Haja argumento. Um deles é tão complexo que pode mudar a nomenclatura mundial para a corrupção. É o que prova que existe a propina suja e a propina limpa.

As linhas e entrelinhas dos jornais de hoje defendem, por exemplo, uma questão que vai enrolar a Justiça nos próximos meses, anos ou décadas.

Em meio ao terremoto da lista que alcançou o amigo que mora ao lado, a mídia argumenta agora que Caixa 2 não é bem assim ummmm criiiime, sacou?, depende do que o político fez com a grana e parte do princípio de que as empresas operam dois caixas: o dinheiro faturado vai pra um e a grama superfaturada vai pra outro.

Entenda:

* Se a autoridade recebeu dinheiro de empreiteiras e não declarou mas usou na campanha, mesmo que não consiga provar isso, beleza, pode passar, tá limpo, se errou foi apenas um "crime cultural" já que caixa 2 é tradição no patropi e a Lista, explicam, mistura visivelmente um pessoal gente boa, do peito, com pilantras da pior espécie.

* Se recebeu a propina mas usou apenas para uma viagem a Paris, um pulo nas Bahamas, um iate em Angra, um apê, um cavalo de raça, um helicóptero e não deu retorno ao corruptor em forma de obras, aprovação de superfaturamento e outros privilégios, OK, tem um crime de enriquecimento pessoal aí, mas é menor, quem sabe merece uma pena de um serviço social, assistir aulas de boas maneiras ou doar umas cestas básicas para os diferenciados. Entram nessa categoria até aqueles que jantaram com corruptores mas o papo foi apenas o BBBrasil daquele ano, o cai-cai de Neymar, o número exato do popó da Popozuda e os nudes que mandaram para a secretária.

* Se o citado na Lista recebeu a propina e entregou a "mercadoria", ou seja, se deu ao empresário corruptor todo o retorno possível, esse aí deve sofrer condução coercitiva para o inferno.

Teríamos, então e no mínimo, três categorias de corruptos. É o que vários articulistas defendem hoje: "peraí, fulano gente boa, embora tenha embolsado um pixuleco, coitado, errou, não é igual ao sicrano f.d.p".

Certo, é uma tese política. O problema é que o STF vai ter um trabalhão para identificar minuciosamente cada cédula de Real, Dólar e Euro. Vai ser preciso provar que um determinado grupo dos abastecidos por empresários recebeu notas sujas e outra turma ganhou cédulas limpinhas. Isso vai ser importantíssimo na hora de definir as sentenças. Fulano, do bem, aceitou a propina mas, pôxa, a empresa jurou que aquele dinheiro era legal e não tinha origem em licitações de carta marcada ou de superfaturamento de obras. Sicrano maldito claramente recebeu dinheiro sujo, autêntico produto de negociações corruptas, enriqueceu e comprou outros deputados logo ali na feira da medida provisória.

Na prática, ganha força a tese de que Operação Mãos Limpas deve se dividir entre Mãos Lavadas (o pessoal que se sujou por engano mas passou uma aguinha), Mãos de Poeira (a que dá uma espanada e tudo bem) e Mãos de Porcarias (o que não tem jeito, é praticamente matéria fecal).

Não se sabe ainda se os empresários tiveram o cuidado de marcar todas as cédulas. Talvez logo, logo, apareça um vídeo, um áudio, uma "fonte não identificada" que tenha testemunhado a divisão do bolo em uma sala secreta e gravado os diálogos dos operadores.

- "Separa essa aqui, é do superfaturamento do estádio, vai pro Cheiroso".

- "Cuidado com essa, é limpa, tá reservada pra São Paulo, vai pro Bicudo".

-  "Essa é suja, vai pra Cobra".

- "Esse bolo de notas é honesto, vem de uma herança que o patrão recebeu, vai pro Bodinho.

- Peguei ontem esse pacote, é sujão, manda pro Caçamba".

- Já pegou as notas limpas que vão pro Cinderela? Não vai misturar?"

Se esse vídeo não aparecer, peritos terão que verificar faixas holográficas, relevos e fios de segurança para definir a autenticidade da propina suja ou limpa em cada cédula. Facilita se os empresários corruptores revelarem como marcaram as notas para saber a quem estavam dando dinheiro beleza ou dinheiro sujeira.

Melhor o eleitor se preocupar em fazer justiça em outra cédula: a eleitoral.