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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Jesus Jeans ressuscitou: anúncio que provocou polêmica de proporções bíblicas ainda vende a calça que se tornou cult nos anos 1970

por Omelete
Há 40 anos, o anúncio ao lado fazia sucesso nas ruas das capitais europeias. A marca italiana Jesus Jeans, lançada em 1971, já havia agitado a publicidade com um poster polêmico e a frase "Non avrai altro jeans all'infuori di me" (em versão livre, algo como "não há outro jeans além de mim"). O slogan gerou protestos e editoriais em jornais conservadores. Abalou o Vaticano. Mereceu, também, um artigo de Pier Paolo Pasolini no Corriere della Sera, que analisou e, claro, aprovou o teor iconoclasta da mensagem. A repercussão foi excelente para a marca, que decidiu investir na linha irreverente. Lançado antes em apenas em algumas revistas, o anúncio ao lado foi transformado em cartaz.
Em 1975, avenidas e ruas como Via Veneto, em Roma, Champs-Élysées, em Paris, ou Quinta Avenida, em Nova York (onde uma ordem judicial logo revogada chegou a proibir temporariamente a exibição), mostravam a provocação em forma de poster.
A foto foi feita por Oliviero Toscani (aliás, autor também das famosas e premiadas campanhas da Benneton).  A modelo era Donna Jordan, titular de um curvilíneo e bíblico lado B. O fotógrafo "captou" até o gingado da modelo. "Quem me ama, me segue". Quem não a seguiria?
O cartaz na Europa, anos 70:
impossível não olhar.
Reprodução Facebook
A fábrica sobreviveu até o fim dos anos 1980, quando fechou. A marca Jesus Jeans, contudo, sobreviveu à derrocada e trocou de mãos com alto valor de mercado. Era considerada um ativo valioso. Houve uma tímida tentativa de relançamento nos anos 2000, mas a volta, pra valer, só aconteceu em 2011. A grife pertence atualmente à Basic Italia, tem seguidores no Twitter e fãs no Facebook e continua usando a  mítica foto de Donna Jordan e seu microshort. A Jesus Jeans está nas lojas físicas da Basic, na Europa, mas tem seu forte nas vendas mundiais pela internet. Era cult nos anos 70 e não perdeu a aura no século 21. Mas um anúncio desses, hoje, dificilmente sairia da prancheta de um diretor de arte. Vivemos tempos de Charlie Hebdo. E se uma peça dessa botasse a cara ou a bunda na rua teria todas as chances de ser barrada por um desses conselhos moralistas que amordaçam as mensagens publicitárias. A comunicação, hoje, parece muito mais criativa nos virais das redes sociais, que resistem ao patrulhamento (peças "proibidas" ganham o poder de se multiplicar na internet), do que no engessamento dos meios impressos e nas TVs abertas.



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