Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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quinta-feira, 27 de abril de 2017
Futebol e porrada: duas fotos, duas histórias
por Niko Bolontrin
Para as gerações que já estão contornando a última curva, a foto acima remete à "Batalha de Nuñez". E, para quem está chegando agora, foi com esse nome que entrou para a história o jogo Brasil 3 X 1 Uruguai, em 1959, pelo Campeonato Sul-Americano.
Se a Libertadores é ainda hoje considerada carne de pescoço, imagine a guerrilha nos gramados da América do Sul no tempo em que as chuteiras tinham travas de aço.
Ontem, o Palmeiras venceu de virada o Peñarol, por 3 a 2, no estádio Campeón del Siglo, em Montevidéu. Quando a partida terminou, o jogo de bola virou jogo de braço e uma briga generalizada espalhou-se pelo campo e até nas arquibancadas.
A foto-símbolo da encrenca mostra Felipe Melo, do Palmeiras, mandando um soco no uruguaio Myer.
Tenho um amigo que admira o futebol do Barcelona e do Real Madri mas costuma dizer que gostaria de ver os dois times espanhóis disputando uma Libertadores em estádios onde, às vezes, o bafo da torcida esquenta a nuca dos goleiros.
Em 1959, na "Batalha de Nuñez (aquela partida Brasil e Uruguai foi disputada no Monumental de Nuñez, o lendário estádio do River Plate, em Buenos Aires), a foto que entrou para a galeria dos tempos mostra Didi dando uma voadora em um uruguaio.
Naquela época, a rivalidade entre as duas seleções era aguda, ainda como consequência do Maracanazo, de 1950. Só que o Brasil, então já campeão do mundo, estava cheio de moral e encarou a Celeste com um time enjoado, as feras do Feola, onde havia uns caras complicados para encarar: Coronel, Almir, Orlando Peçanha, Pelé, Didi, Paulo Valentim, Belini, entre outros.
O Uruguai, por sua vez, tinha uma defesa de deixar corpo no chão, um tropa de elite onde pontificavam Néstor Gonçalves, Walter Davoine e William Martínez.
O jogo foi tenso desde o começo e bastou um dividida entre Almir e o goleiro Leiva para detonar o conflito, que durou 20 minutos e deixou vários feridos em ambos os times. Orlando perdeu dois dentes, o uruguaio William Martinez foi chutado na cabeça violentamente por Pelé e Coronel, Belini deslocou um ombro, Castilho saiu com um corte no supercílio, Paulinho Valentim apagou com um soco o jogador Gonçalves... O detalhe é que o jogo continuou, com nove de cada lado e alguns enfaixados em campo.
Naqueles dias, gentileza não calçava chuteira, atleta de Cristo não sobreviveria em campo, cachorro latia na linha de fundo, criança chorava na geral e o pau comia nas quatro linhas..
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