por Eli Halfoun
São tantos os golpes (isso
sem falar na corrupção) dos quais tomamos conhecimento ou nos tornamos vítimas
que nos transformamos em um país de desconfiados. É preciso desconfiar sim, ou
seja, não dá mais para ser ingênuo (ou burro) e confiar em todos. Desconfie da
própria sombra porque até ela pode, se bobear, te passar a perna. É essa
desconfiança que ainda faz com que muita gente não acredite de verdade na
honestidade da arrecadação (uma arrecadação que, aliás, mostra o quanto os
brasileiros são generosos e preocupados com o próximo). É verdade que já fomos
vítimas de muitos desvios e falcatruas em ações beneficentes, mas é verdade
também que há quem não acredite no “Criança Esperança” simplesmente porque é da
TV Globo e ainda existem muitos telespectadores que acham que tudo na Globo é mentira
e abominam a emissora, mesmo que lhe dêem a liderança disparada e absoluta de
audiência.
O “Criança Esperança” está
no ar faz 38 anos e convenhamos ninguém mantém um movimento social respeitado
por tanto tempo se não estiver direcionando o dinheiro e a atenção ao destino
certo e adequado. Não tenho dúvidas de que o “Criança Esperança” é muito mais
do que uma perfeita ação social realizada nesse país de tantas enganações e
mentiras. A financeiramente poderosa Rede Globo não precisa desviar o dinheiro
de ninguém e convenhamos que se não fosse assim teia conquistado respeito e
credibilidade sem colocar seu nome e trajetória em jogo por um dinheiro fácil e
desonesto. Precisamos sim continuar desconfiando de movimentos sociais que prometem,
mas não cumprem. O “Criança Esperança” está definitivamente fora dessa. É mais
do que esperança apenas para o futuro de milhares de crianças. É a esperança de
que possamos parar de desconfiar de tudo e de todos. O Brasil precisa deixar de
ser um país só de esperança. É preciso e com urgência construir uma nova realidade.
Como o “Criança Esperança” tem feito. (Eli Halfoun)