Só que agora é lei. Uma espécie de Lei de Segurança Tucana inspirada na Lei de Segurança da ditadura militar.Mérito do PSDB por adotar a fórmula do governo perfeito. Nem o PMDB, que é profissa no ramo, teve essa sacada genial. Está fechando mil escolas? Bota no sigilo. Aumentou o índice de criminalidade? Um sigilo aí caía bem. Denúncia de superfaturamento? Aonde? Nada a declarar, isso aí está sob sigilo de 50 anos. Faltou água? Como assim? Tem sigilo aí saindo pelo ladrão. Verbas de publicidade foram distribuídas aos "parças"?
Deixa pra lá, a lei boca-de-siri resolve. Propina na Eletropaulo? Desliga. Alstom? Nunca ouvi falar. Cartões corporativos? Extraviou. Sucateamento do ensino estadual? Não sei de nada, é hora do recreio. Multiplicação de pedágios? Passa batido.
Na verdade, o sigilo está no DNA dos tucanos. Quem não se lembra de Rubens Ricúpero, o pássaro emplumado que foi o ministro da Fazenda escolhido pelo PSDB para substituir FHC quando este deixou o governo Itamar Franco para se candidatar a presidente, em 1994. Ricúpero protagonizou o escândalo da parabólica" ao pronunciar uma frase antológica sem perceber que som e imagem, embora fora do ar no estúdio, eram transmitidos naquele momento para todos os telespectadores que captavam a TV Globo via satélite através de antenas parabólicas.
Didático e assumidamente cínico, no sentido filosófico consagrado por Antístenes de Atenas, ele ensinou ao jornalista Carlos Monforte, que o entrevistava para o Jornal Nacional: "Eu não tenho escrúpulos; o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde". Foi o momento sublime da gênese tucana da política de sigilo que agora se consagra em lei.
Uma última informação: o governo paulista acaba de informar que Alkmin perdeu o rumo de casa. Foi mal, um aspone tinha botado o endereço dele sob sigilo.