Hebe Camargo e Neil Armstrong no hall da Manchete, na rua do Russell, 1969. Reprodução |
por José Esmeraldo Gonçalves
Na data de hoje, 16 de julho de 1969, há 50 anos, foi lançada do Cabo Canaveral a Apollo 11, que levou à Lua os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins. O pouso ocorreu no dia 20 de julho. Os dois primeiros passaram pouco mais de duas horas na superfície lunar. Aldrin permaneceu a bordo do módulo de comando orbitando em torno da Lua.
A chegada do homem à Lua foi primeiro grande acontecimento transmitido pela TV a se beneficiar das redes de micro-ondas recém-instaladas em muitos países, inclusive no Brasil, o que multiplicou a audiência global.
A mídia se mobilizou. Aqui, a Bloch lançou rapidamente várias edições especiais de Manchete e Fatos & Fotos levando aos leitores imagens coloridas, com absoluta nitidez, e acrescentando mais informação ao fato visto inicialmente pela TV e em radiofotos publicadas em jornais, com resolução precária.
Um edição da Fatos & Fotos se destacou especialmente. Era uma revista multimídia, termo que não existia na época, integrando texto, fotos e ilustrações a um CD com o áudio dos diálogos entre os astronautas e o centro de comando da missão em terra.
O pouso dos primeiros astronautas na Lua assombrou o mundo, mas não demorou a se banalizar, como quase tudo que é alvo de intensa exploração da mídia. Até 1972, doze astronautas caminharam na Lua. Conta-se que já na segunda missão tripulada, a da Apollo 12, em novembro de 1969, os alto-falantes do Maracanã, ainda na época da "Adeg informa", anunciaram o pouso aos torcedores durante um lance de jogo crucial e o locutor foi vaiado, tal o desinteresse.
Outra curiosidade: o presidente americano, Richard Nixon, em uma jogada de marketing, distribuiu rochas lunares a todos os países. O Brasil recebeu uma dessas, mas como a Taça Jules Rimet, o pedregulho nacional sumiu.
Desde novembro de 1972, nenhum homem pisou mais na Lua.
China e Índia estão com programas espaciais adiantados e planejam missões lunares tripuladas na próxima década. Os Estados Unidos pretendem voltar até 2024 através de parcerias da NASA com empresas privadas.
Um recadinho para os nerds: o computador da Apollo 11 era praticamente uma reles calculadora. Os sistemas da nave tinham 64 KB de memória RAM e uma CPU de 0,043 MHz, sua capacidade de cálculo estava na casa dos milhares. Um iPhone 5, por exemplo, usa processador de 1,3 GHz, uma memória RAM de 1 GB e faz milhões de cálculos por segundo. E o computador IBM central da NASA, embora um pouco mais potente, na faixa dos megas, era centenas de vezes mais rudimentar do que um Playstation 4 que trabalha com 500 gigabytes.
Neil Armstrong confessou que mais difícil do que ir à Lua foi cumprir a agenda de celebridade que lhe foi imposta e o levou a uma turnê mundial.
O astronauta pioneiro acabou, quem diria, na Manchete. Em viagem ao Brasil, ele almoçou no prédio do Russell, visitou a redação no 8º andar e deu saída entrevistas. Já no hall, foi acoplado a Hebe Camargo e respondeu a algumas perguntas da diva da TV brasileira. "O senhor é uma gracinha", revelaria ela em suas impressões sobre Armstrong.